EDUCAÇÃO NO BRASIL, JUVENTUDES E O SISTEMAS DE COTAS PARA INGRESSO NA UNIVERSIDADE PÚBLICA - UM RECORTE LINGUÍSTICO E SOCIAL NA COMUNIDADE DE SÃO SEBASTIÃO-DF UMA ANÁLISE SEMÂNTICA/CRÍTICA DE DISCURSO
Por: Bia Angello • 31/5/2018 • Artigo • 4.285 Palavras (18 Páginas) • 328 Visualizações
[pic 1]
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE BRASÍLIA - CAMPUS SÃO SEBASTIÃO
EDUCAÇÃO NO BRASIL, JUVENTUDES E O SISTEMAS DE COTAS PARA INGRESSO NA UNIVERSIDADE PÚBLICA - UM RECORTE LINGUÍSTICO E SOCIAL NA COMUNIDADE DE SÃO SEBASTIÃO-DF
UMA ANÁLISE SEMÂNTICA/CRÍTICA DE DISCURSO
Ângela Costa Amaral[1]
Andreia Mendes dos Santos2
Beatriz Ângelo Padre da Silva3
Camila Nunes da Silva4
Janaína Lima Soares5
RESUMO
A inquietação acerca dos conhecimentos que a comunidade detém além de uma disparidade econômica e uma dominação possivelmente não enxergada por todos, norteiam essa pesquisa ao ponto de abrirmos um campo de investigação para que pudéssemos gerar dados que nos mostrassem a realidade que nos cerca.A luz dessas visões e de outras, temos como objetivo elucidar as questões socioeconômicas e culturais dos participantes, conforme as demandas que obtivemos em nossas investigações, analisar e explanar as questões linguísticas que estão mais recorrentes nas falas dos entrevistados, buscando uma analogia conforme os conhecimentos que detém ambas lados da divisão.
Palavras chave: Comunidade, Desigualdades Socioeconômicas, Educação, Dialética Oprimido/Opressor, Semântica.
- Introdução
O trabalho consiste em uma análise crítica sobre a detenção de conhecimentos nos âmbitos educacionais, sociais e econômicos da comunidade de São Sebastião-DF, além de analisar os aspectos linguísticos de alguns falantes da região que por ventura também disponibilizaram informações que enriquecem o contexto social e político analisado. É levado em consideração o cenário que a população está inserida, tendo assim uma dicotomia de realidades dentro de apenas uma cidade. Analisamos e enfatizamos as temáticas: juventudes, educação e cotas sociais e raciais. Através dos dados selecionados foi inquirido os discursos e as diversas camadas de conhecimento e cultura popular a despeito do assunto.
É de suma importância uma pesquisa de coleta de dados e análise e seleção das problemáticas, pois instiga o senso crítico e abre portas para que outros pesquisadores possam trabalhar a fundo essas temáticas gerando maiores informações por todos os espaços tanto acadêmico quanto social, além de potencializar forças de mudanças sociais.
O papel principal de uma pesquisa desse porte é mostrar o potencial de comunidades periféricas, e o quanto elas padecem com o regresso de informação e de instabilidade estrutural. Produzir dados de São Sebastião, cidade satélite do Distrito Federal, talvez abasteça as ideias de trabalhos que visam a mudança do contexto social existente..
2. Desigualdade Social: Relação entre Oprimido e Opressor
Quando se fala da relação existente entre opressores e oprimidos, logo associamos aos fatores sociais que somos expostos, em que a dualidade se encontra de maneira constante em todo o processo da formação humana. Desde criança somos subordinados a algum ser autocrático e a uma força de superioridade que controla de maneira inviabilizada a vida humana expressada sobre a óticas do poder de controle nos diversos âmbitos de sobrevivência do ser oprimido.
O conceito de opressor e oprimido possui uma definição, que é a mais pertinente, criada com o objetivo de explicar a luta de classes, entre os burguesia e o proletariado que se dá pela assimetria das forças de poder econômico social conforme defendido por Karl Marx e Friedrich Engels no Manifesto do Partido Comunista, já que Freire bebi da fonte marxista, a análise filosófica desse conceito, é de se imaginar que haja em seu livro uma relação abstrata entre o aspecto defendido no Manifesto a respeito dessa disparidade social, e isso mais que mera teoria é explicitada na análise realizada nessa pesquisa. Podemos perceber no Manifesto esse conceito em uma das passagens:
“Homem livre e escravo, patrício e plebeu, barão e servo, mestre de corporação e companheiro, numa palavra, opressores e oprimidos, em constante oposição, têm vivido numa guerra ininterrupta, ora franca, ora disfarçada; uma guerra que terminou sempre, ou por uma transformação revolucionária, da sociedade inteira, ou pela destruição das duas classes em luta.”(Karl Marx 2001, p.23)
São Sebastião, é mais uma das cidades satélite do Distrito Federal que teve seu surgimento através de grilagens, doações de terras e invasões de propriedades pública, pois havia uma necessidade de abrigar os trabalhadores que vieram dos outros estados brasileiros para a construção da nova capital, Brasília, então era preciso amenizar o adensamento populacional que estava exacerbado. Era necessário organização prévia, por consequência da falta de planejamento, temos hoje uma cidade economicamente dividida, onde podemos ainda hoje encontrar pessoas em situação de extrema miséria, enquanto outros têm mais valor econômico, existindo assim, bairros que tiveram a oportunidade de serem planejados e organizados, enquanto outros nasceram desordenadamente. Por conta disso, as entrevistas ocorreram em dois bairros mais estruturadas e dois bairros desestruturados, que são eles: Residencial do Bosque e Residencial Oeste (estruturados) Vila do Boa e Morro da Cruz (desestruturados e considerados irregulares). Algumas das pessoas entrevistadas, tiveram uma percepção de dominação de classe, e se colocando na posição subalterna como podemos perceber numa parte dessa entrevista:
Ângela: E o que a senhora almeja pros jovens que cercam a vida a senhora? Os filhos da senhora, seus netos…
Participante 1: Eu quero tudo de bom pá meus netos... eu quero que eles estude, que o governo dê mais possibilidade darrente fazer... dos filho darrente, pobre... fazer faculdade, fazer alguma coisa, que ele abra... um... assim... um acesso pra poder fazer, eles fazer a faculdade, fazer qualquer coisa [...]! Então, e é isso que eu quero, que ele veja mais pelarrente pobre, esquece mais dos ricos!
...