O Caderno de Exercícios 1º ano

Diário da Ansiedade – 16 de Outubro de 2021

Não foi hoje que minhas crises de ansiedade começaram. Faz semanas.

Começou com enxaqueca, que não me deixou trabalhar durante um dia.

Depois uma crise de choro, respiração ofegante, e cai no chão de casa.

Não tem um motivo específico para as minhas crises. Eu não consigo identificar.

Sei que tive que passar no psiquiatra e ele me passou uma medicação, alguns exames e recomendou que eu fizesse terapia com psicólogo.

A terapia eu comecei na semana retrasada. Foi a primeira sessão, e bem numa crise de ansiedade, porque eu havia me esquecido de tomar a medicação.

Eu sou professora, dou aulas de português em um colégio particular. (Mas na época das crises estava em dois colégios particulares, mas fui demitida do segundo sem justa causa e estou aguardando para receber meus direitos).

Esse primeiro colégio, no qual permaneço contribui em alguns aspectos para as minhas crises. São cobranças exageradas e falta defesa por parte da gestão em relação aos professores. Por ser um colégio particular eu entendo que meu salário depende dos pais que pagam e por isso qualquer reclamação deles é motivo para que hajam falas que ferem o ego de uma professora que se dedica ao máximo para suas aulas. (Eu me dedico muito as minhas aulas de português, tentando sempre inovar com trabalhos mais tranquilos, com conteúdo social, mas .. aparentemente terei de voltar a ser conteudista).

Minha família, desde que comecei a namorar, criou situações que me feriram e me ferem demais. Não aceitam que cresci, que sou adulta e que tomo decisões por mim mesma. Que posso ser grata a tudo que fizeram por mim, vivendo minha vida e crescendo continuamente.

Meu namorado é uma pessoa que tem me ajudado muito, me dá carinho e amor e sempre que tenho crises, que choro, tenta me fazer rir, ou simplesmente me abraça e me deixa chorar.

Durante a crise que me levou ao hospital, ele pagou a gasolina para irmos, esteve ao meu lado enquanto fui medicada, e quando chegamos em casa, me deu banho, me trocou e me deixou dormir, me aconchegando em seu abraço.

Eu me sinto feliz com ele, embora algumas atitudes e formas de falar dele ainda me incomodem. Eu não sou, de maneira nenhuma, perfeita. Sou ignorante e grossa muitas vezes e fico brava do nada. Gosto do silêncio e prezo por momentos de paz e monotonia.

As crises de ansiedade vêm e vão. E eu não estou me sentindo feliz com isso. Na verdade, tudo me entristece e poucas coisas me deixam alegre.

As vezes desconto na comida, na maconha ou na bebida. Sim, eu sei que você vai me julgar pelos últimos dois itens, mas só quem passa pela ansiedade é capaz de me entender. Só quem pensa em simplesmente acabar com a própria vida, vai compreender o quanto essas coisas nos tiram do foco do que nos atinge diariamente.

As pessoas nos apontam, nos expõe, nos pressionam, ... e parece que está tudo bem. Mas não está, é tudo bem não estar bem o tempo todo. Mas não está bem se sentir mal e triste o tempo todo também. Entende?

Bom, vou