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Resenha Crítica do Documentário Línguas: Vozes em português

Por:   •  1/12/2018  •  Resenha  •  1.070 Palavras (5 Páginas)  •  270 Visualizações

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Universidade Federal do Rio de Janeiro

Escola de Comunicação

Disciplina: Língua Portuguesa I

Docente: Manuella Carnaval

Aluno: Adam Crisóstomo Magalhães Pereira

DRE: 118177383

Resenha do documentário “LÍNGUAS: VIDAS EM PORTUGUÊS”

LÍNGUA: Vidas em Português. Documentário. Direção de Victor Lopes. Roteiro: Ulysses Nadruz e Victor Lopes. Produção executiva: Renato Pereira e Suely Weller. Co-produção: TV Zero, Sambascope e Costa do Castelo. Elenco: José Saramago, Martinho da Vila, João Ubaldo Ribeiro, Mia Couto, Grupo Madredeus. DVD, 105 min. Brasil, 2004.

A língua portuguesa falada em diversos países do mundo todo desperta a atenção de pesquisadores de linguistas a respeito de suas mais variadas manifestações e quais processos de anexação e desapropriação que ela sofre conforme se espalha em diferentes culturas e contextos sociais. O documentário Línguas: Vidas em Português mostra de forma dinâmica e bem imersiva alguns exemplos de personalidades que vivem em países que falam a língua portuguesa. São apresentadas histórias que se passam em Portugal, Moçambique, Japão, China, Brasil, Angola, Guiné-Bissau e Índia, e como a língua portuguesa varia não só em questões estruturais mas também no que tange ás razões e circunstâncias em que ela é falada nesses lugares e na rotina dessas pessoas. A ideia do documentário de passar uma outra visão sobre como nós concebemos nossa língua é muito interessante principalmente por apresentar realidades que muitas das vezes não são conhecidas pelos falantes e usuários da língua portuguesa.

No decorrer do documentário somos convidados a percorrer por esses lugares, dentro das casas, das cidades, das aldeias, para nos mostrar como essa variação acontece mesmo diante de diferentes concepções de religião, estilo de vida, culturas, sexualidade, classes sociais etc.

Logo no início o escritor Mia Couto, em Moçambique, traz algumas considerações: ele diz que a língua portuguesa é umas das mais vivas e dinâmicas da Europa não por ser uma língua com especialidades próprias mas por razões históricas frutos da colonização no Brasil, onde Portugal “criaria um filho maior que o pai” expandindo assim a possibilidade da existência de diferentes variedades da mesma.

Em Portugal, destacam-se observações importantes do escritor português José Saramago (1922-2010), ganhador do Nobel de Literatura de 1998 e um dos mais importantes estudiosos da língua portuguesa, onde ele diz que a língua apresenta atualmente um estado de perda de possibilidades. Segundo ele, a linguagem, especialmente a língua portuguesa, evoluiu em um sentido que nos possibilitou expressar melhor nossos sentimentos de uma maneira mais complexa e detalhada. Entretanto, no contexto atual, a língua demonstra estar voltando atrás e se comprimindo, havendo cada vez menos palavras para serem usadas, ou, de certa forma, palavras essas que sejam reconhecidas e que tenham efetividade comunicativa.

Saramago diz ainda no documentário que a língua não é apenas um instrumento de comunicação, mas uma “mina inesgotável de beleza e de valor”. Com todos os séculos em que a língua portuguesa é falada, muita coisa se perdeu, mas tudo aquilo que está registrado é capaz de nos fascinar e tornar possível mergulhar num universo vasto de variedades e possibilidades dessa língua.

Nos exemplos de personalidades exibidos no documentário, alguns deles se passam em Macau, na China, onde o estudante Jardel Vieira faz comentários interessantes sobre as mudanças culturais que a língua sofre de acordo com o lugar que ela se manifesta: ele diz que os valores vão se perdendo, as identidades, as culturas, porque há uma mistura fruto da globalização, das culturas das pessoas, destacando a apropriação cultural norte americana no resto do mundo onde provavelmente muitos (na China) devem pensar como as pessoas pensam na América, porque, para ele “tudo está igual a América” nesse contexto de globalização que o mundo se encontra, e assim como as formas de manifestação cultural que ele menciona (dança, música e roupas) a língua também vem perdendo aspectos de sua origem. De certo modo, vale ressaltar que o processo de globalização é natural e que da mesma forma que se perdem esses valores, outros são anexados, criados e cultivados e que esse processo intercultural acontece desde os primórdios, nas colônias, nas sociedades antigas e o que nós observamos hoje é apenas uma das formas que esse processo continua acontecendo.

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