Resenha sobre "Aura" de Carlos Fuentes
Por: Laís Garcia • 9/7/2017 • Resenha • 1.241 Palavras (5 Páginas) • 800 Visualizações
CRÍTICA LITERÁRIA
RESENHA CRÍTICA DE “O FANTÁSTICO E O GÓTICO EM AURA, DE CARLOS FUENTES” ESCRITO POR MARIA DO SOCORRO CARVALHO
CARVALHO, Maria S. O fantástico e o gótico em Aura, de Carlos Fuentes. Revista Garrafa, setembro-dezembro 2012. Disponível em: <http://www.ciencialit.letras.ufrj.br/garrafa/garrafa28/mariadosocorro_fantastico.pdf> Acesso em: 10 mar de 2017.
Resenhado por Laís Silva Garcia
O fantástico e o gótico são gêneros bastante trabalhados por escritores hispano-americanos. Assim como Carlos Fuentes, outros autores são considerados ícones desta literatura: Jorge Luís Borges, Julio Cortázar, entre outros. Em seu artigo, Carvalho (2012) propõe analisar a obra Aura (1962) de Carlos Fuentes à luz de conceitos trabalhados em Introdução à literatura fantástica (1975) de Tzvetan Todorov e O horror sobrenatural na Literatura (1987), de Howard Phillips Lovecraft. Para isso, a autora faz um panorama da literatura fantástica, desde seus primórdios até sua forma mais moderna construída por autores latino-americanos.
O artigo é divido em duas partes: na primeira a autora desenvolve uma linha do tempo desde a origem do fantástico até o seu uso mais comum recriado por escritores hispano-americanos para então, no segundo momento, destacar os elementos deste gênero na novela de Carlos Fuentes.
Inicialmente, a autora comenta que a literatura fantástica originou-se da arte gótica, na Idade Média –século XIII-. Nesse período haviam apenas as narrativas orais, em que a imaginação se sobressaia à razão fazendo com que elas sempre tivessem cunho irreal. No século XVI, a arte gótica desenvolve-se para, no século XV, desempenhar papel nas artes plásticas e na arquitetura. O estilo gótico se torna um gênero literário no século XVIII, momento em que a arte incorpora-se à narrativa. Para
ilustrar esse fato, a autora cita os nomes atribuídos a essa narrativa na Inglaterra –romance de horror- e na França –romance de terror ou romance negro-, e também destaca obras que marcam esse acontecimento, como O castelo de Otranto, de Horace Walpole e Os mistérios de Udolfo, de Ann Radcliffe (1794).
Com a intenção de discorrer sobre o conceito de literatura fantástica, a autora abarca noções que discriminam a literatura sobrenatural, como a de Lovecraft, que considera a existência de apenas dois tipos de literatura sobrenatural: a gótica, que tem início após a obra de Walpole; e a de horror, que surge com a obra de Edgar Allan Poe. Até o século XIX, a concepção de fantástico era considerada como tudo que invadisse o imaginário, no entanto, a partir do século XX, alguns teóricos começam a discutir esse pensamento. Para exemplificar, Carvalho traz a proposta de Rodrigues (1988), o qual acredita que a origem do fantástico é pensada de duas formas: a) intelectuais que consideram a existência do gênero desde 1917; e b) teóricos que acreditam na existência do fantástico somente a partir do século XVIII E XIX, como Todorov (1975), o qual a autora embasa os estudos do seu artigo.
Permeada pelas propostas de Todorov, a autora fala sobre o estabelecimento do gênero fantástico e o surgimento de outros gêneros devido à essa consolidação, como o maravilhoso e o estranho, os quais são conceituados no decorrer do trabalho.
Carvalho ainda traz um conceito bastante útil para a posterior análise de Aura: a divisão dos temas do fantástico. Para Todorov, existem dois grupos de temas que abordam o relacionamento do homem e o mundo – o Eu e o Tu. No Eu estão os elementos sobrenaturais, as rupturas do tempo e do espaço, já no Tu encontra-se o desejo sexual, os sentimentos associados ou tema do amor. Além disso, Todorov relaciona a literatura fantástica com a psicanálise, afirmando que a mesma vem para substituir essa literatura, uma vez que as irrealidades trabalhadas no gênero fantástico, na psicanálise elas são explicadas através da mente.
No fim do século XIX, a literatura fantástica se transforma, aderindo outros conceitos à sua narrativa. A narrativa quebra o desenvolvimento linear e passa a ser contada do irreal/sobrenatural para o real/racional. Como exemplo, a autora menciona A Metamorfose, de Franz Kafka. No século XX, autores hispano-americanos dão início a uma nova corrente, que rompe o realismo tradicional e reconstrói o modo de ver o mundo através de diferentes formas de expressão: o realismo mágico. Cem anos de
solidão, de Gabriel García Marques é utilizado pela autora para representar esse novo estilo.
Para concluir a primeira parte do seu artigo, a autora afirma que, mesmo discorrendo sobre as noções, é difícil estabelecer apenas um conceito de literatura fantástica latino-americana, uma vez que cada autor desenvolve o seu próprio estilo na narrativa.
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