A Afetividade, Aprendizado, Moral, Autonomia.
Por: lumanu123 • 5/11/2018 • Monografia • 12.633 Palavras (51 Páginas) • 604 Visualizações
Resumo
A Afetividade é importante na Educação Infantil, e contribui para o desenvolvimento cognitivo e moral. A pesquisa destaca que a criança e afetividade são inseparáveis. A afetividade é a fonte de energia que serve para a aproximação e aprendizado da criança. A afetividade não se resume em manifestações de carinho físico e sim em uma preparação para o desenvolvimento cognitivo, pois é um fator indispensável na relação com as pessoas que estão em contato com o desenvolvimento da criança. Afetividade é para o desenvolvimento de um sujeito crítico, autônomo, reflexivo e responsável. A criança em qualquer lugar em que ela esteja se desenvolve como ser humano por meio de suas experiências com aquele lugar ou momento, e a afetividade deve permear em todos estes momentos.
Palavras-chaves: Afetividade, Aprendizado, Moral, Autonomia.
ABSTRACT
Affectivity is important in Early Childhood Education, and contributes to cognitive and moral development. The research highlights that the child and affectivity are inseparable. Affectivity is the source of energy that serves to approach and learn the child. Affectivity is not limited to manifestations of physical affection but to a preparation for cognitive development, since it is an indispensable factor in the relationship with people who are in contact with the development of the child. Affectivity is for the development of a critical, autonomous, reflective and responsible subject. The child wherever he is develops as a human being through his experiences with that place or moment, and affectivity must permeate at all these times.
Keywords: Affectivity, Learning, Moral, Autonomy.
SUMÁRIO
Introdução............................................................................................................8
Capítulo I – HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO INFANTIL NO
MUNDO E NO BRASIL..............................................................................................10
Capítulo II – TEORIAS TRADICIONAIS E CONSTRUTIVISTAS .........................22
Capítulo III – AFETIVIDADE E SUA IMPORTANCIA NA
EDUCAÇÃO INFANTIL..............................................................................................29
considerações finais.......................................................................................38
referências..........................................................................................................40
Introdução
O tema afetividade é relevante para a educação e para a sociedade. Afetividade é tão importante quanto a inteligência para o desenvolvimento humano. Afetividade está vinculada às sensibilidades internas, desenvolvida para o mundo social e para a construção da pessoa, e a inteligência está vinculada para o mundo físico e para a construção do objeto. Portanto, afetividade e inteligência são inseparáveis com o objetivo do desenvolvimento do indivíduo. A educação afetiva é a construção de uma escola a partir do respeito, compreensão, moral e autonomia de ideias. Uma vez que se pretende capacitar sujeitos críticos, honestos e responsáveis, o desenvolvimento afetivo é fundamental para qualquer indivíduo. Com isso, a afetividade contribui para o desenvolvimento da aprendizagem de forma crítica e autônoma, pois a afetividade não se resume só em manifestações de carinho físico, mas principalmente em uma preparação de natureza cognitiva. A presente pesquisa tem como objetivo investigar como ocorre o desenvolvimento da criança da educação infantil através da afetividade; identificar se a afetividade colabora para a relação professor-aluno e para o processo ensino- aprendizagem; analisar se a afetividade contribui para a formação cognitiva e moral do sujeito autônomo.
A pesquisa trata a importância da afetividade na educação e na sociedade em geral. Então para descrever o contexto histórico da afetividade na vida da criança é necessário se aprofundar e tomar como orientações alguns de nossos autores referenciais com suas ideias e estudos.
O problema que motivou essa pesquisa visa identificar como a afetividade pode ser explorada no sentido de servir como aspecto colaborador para o desenvolvimento cognitivo e moral da criança na educação infantil, e de como pode ser útil no processo educativo. A fundamentação teórica deste estudo busca evidenciar conceitos e estudos, tais como: a aprendizagem e o desenvolvimento da criança na sua primeira infância, a criança pequena como personalidade em formação e a comunicação emocional entre adulto e criança, e também pesquisar a importância do lúdico na vida da criança para seu aprendizado.
A última parte aborda as considerações finais, que consiste em mostrar se os objetivos geral e específicos foram alcançados, apresentando também uma resposta à problematização da pesquisa em questão. O tema afetividade é um desafio para o educador que geralmente tem sua formação profissional orientações voltadas, muitas vezes, para conceitos cognitivos, desconsiderando dessa forma, os conceitos afetivos necessários para a valorização do desenvolvimento da criança.
- Esta pesquisa trouxe um maior conhecimento através do estudo bibliográfico existente em torno da afetividade, buscando na teoria subsídios para os gestores refletirem sobre a sua importância frente a esta temática e o grande desafio que está se enfrentado.
- Os estudos foram desenvolvidos com base na pesquisa bibliográfica, pois esta é construída a partir do material já elaborado, constituído, principalmente de livros e artigos científicos.
- A pesquisa caracterizou-se por um estudo exploratório, sendo que a pesquisa exploratória é um trabalho que envolve o levantamento bibliográfico, dessa forma este tipo de estudo visa proporcionar um maior conhecimento para o pesquisador acerca do assunto, visando proporcionar uma visão geral de um determinado fato.
- Assim a pesquisa bibliográfica baseou-se nos seguintes autores: ALMEIDA (2003), ARANHA (2003), PIAGET (1996), e VYGOTSKY (1998), e o artigo “A abordagem Pikler-Loczy e a perspectiv histórico-cultural: a criança pequenininha como sujeito nas relações”.
- As palavras chave que serão utilizadas para fazer a busca são: Afetividade; Crianças; aprendizado; ludicidade; Escola.
Capítulo I – HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO INFANTIL NO MUNDO E NO BRASIL
- Historicamente, de acordo com Wallon, a infância realmente foi determinada pelas viabilidades dos adultos, modificando-se bastante ao longo da história. Até o século XII, as condições gerais de higiene e saúde eram muito precárias, o que tornava o índice de mortalidade infantil muito alto. Nesta época não se dava importância às crianças e com isso o índice de mortalidade só aumentava, pois não existia nenhuma preocupação com a higiene das crianças. A percepção de infância e seus conceitos nem sempre existiram, em prol da criança, foram sendo construídos de acordo com as modificações e com a organização da sociedade e das estruturas econômicas em vigor.
- A concepção de infância de acordo com Wallon da forma como é vista hoje é relativamente nova, podemos localizar no século XVIII o início da ideia de infância compreendida como uma fase amplamente singular que deve ser respeitada em suas particularidades, a valorização e o sentimento atribuídos à infância nem sempre existiu da forma como hoje são concebidas e difundidas, tendo sido modificadas a partir de mudanças econômicas e políticas da estrutura social. Percebe-se essas transformações em pinturas, diários de família, testamentos, igrejas e túmulos, o que demonstram que a família e escola nem sempre existiram da mesma forma.
- As modificações ocorreram a partir de mudanças econômicas e políticas da estrutura social. Com o passar do tempo, como demonstra a história, encontramos diferentes concepções de infância. A criança era vista como um adulto em miniatura, e seu cuidado e educação eram realizados somente pela família, em especial pela mãe. Havia algumas instituições alternativas que serviam para cuidado das crianças em situações prejudicadas ou quando rejeitadas. A concepção de infância, até este momento, baseado no abandono, pobreza, favor e caridade, neste sentido era ofertado um atendimento precário às crianças; havia ainda grande número de mortalidade infantil, devido ao grande risco de morte pós-natal e às péssimas condições de saúde e higiene da população em geral. Em virtude dessas decorrências e dessas condições uma criança que morria era logo substituída por outra em sucessivos nascimentos, pois na época ainda não havia, como hoje existe, o sentimento de cuidado, ou paparicação, pois as famílias, naquela época, entendiam que a criança que morresse não faria falta e qualquer outra poderia ocupar o seu lugar.
- O período da infância de acordo com Wallon era minimizado a seu período mais frágil, enquanto a criança ainda não conseguia bastar-se; ficava no seio da família, porém, mal adquiria algum desembaraço físico, era logo introduzida no meio dos adultos, compartilhando de todos os seus trabalhos e jogos. De uma criança inocente e pequena, está se transformava rapidamente em um jovem, deixando passar as etapas da infância.
- A transferência de valores e dos conhecimentos, e de modo mais amplo, a socialização da criança, não era, portanto de nenhuma forma assegurada nem direcionada pela família. Esta criança se distanciava rapidamente de seus pais, e podemos dizer que durante muitos séculos a educação e a aprendizagem foram garantidas graça a convivência da criança ou do jovem com outros adultos. Neste sentido a criança era inserida em meio aos adultos para aprender as coisas que devia saber ajudando os adultos a fazê-las.
- A família não podia, portanto, nessa época, alimentar um sentimento existencial profundo entre pais e filhos. Isso não significa que os pais não amassem seus filhos: eles se ocupavam de suas crianças menos por elas mesmas, pelo apego que lhes tinham, do que pela contribuição que essas crianças podiam trazer à obra comum, ao estabelecimento da família. A família era uma realidade moral e social, mais do que sentimental.
- Naquela época, a criança era levada à aprendizagem através da prática. Os trabalhos domésticos não eram considerados humilhantes, era constituído como uma maneira comum de inserir a educação tanto para os mais abastados, como para pobres. Porém pelo fato da criança sair muito cedo do seio da família, fazia com que ela escapasse do controle dos pais, mesmo que um dia voltasse a ela, tempos mais tarde, depois de adulta, o vínculo primordial havia se quebrado.
- A infância foi colocada à margem pela sociedade e do seio familiar, exposta à vontade e as ordens dos adultos, ficando até mesmo numa situação de invisibilidade social. A observação em prol da infância deu-se de maneira lenta, em um processo de construção social. As crianças foram vistas por muito tempo como seres imperfeitos e incapazes, e se encontravam em meios aos adultos sem qualquer capricho e atenção diferenciada. Esse olhar só mudou a partir do século XII. No que cabe ao respeito à infância, pode-se perceber que esta não tinha valor algum para a sociedade da época, pois sua própria família mantinha as crianças em segundo plano, não ofereciam a menor atenção, carinho, valor e respeito.
- O mundo medieval ignorava a infância. O que faltava era qualquer sentimento de I’enfance, ‘qualquer consciência da particularidade infantil, essa particularidade que distingue essencialmente a criança do adulto, mesmo jovem. A civilização medieval não percebia um período transitório entre infância e a idade adulta.
- Até o início da época moderna ainda não existia um olhar direto para a infância, esse período era considerado como um período de transição, sem maiores considerações, ou seja, a criança tinha uma infância curta, e sua passagem era pouco valorizada. Foi a partir do século XVII que a criança começou a ser valorizada e passou a ter o seu próprio espaço nas imagens por ele analisadas. A partir deste momento surgiram determinados sentimentos com relação à infância e os devidos cuidados com a dignidade e moral da criança também, este fato foi relacionado com a chegada da burguesia começando com as famílias dos nobres da sociedade, para os mais pobres.
- As diferenças econômicas impunham desde cedo diferentes formas de tratamento às crianças. No Brasil, desde sua colonização essa diferenciação no trato às crianças fica evidente nas relações das crianças com o trabalho. Estendia-se somente às crianças ‘bem-nascidas’ o privilégio do distanciamento do trabalho. Entre as crianças cativas o trabalho era uma prática comum.
- De acordo com Wallon, as dificuldades iniciavam-se nas embarcações que traziam estes imigrantes, onde as crianças, uma vez embarcadas, estavam expostas às penosas condições da viagem, pois eram submetidas a trabalhos pesados e muitas vezes destinadas a sobreviver em péssimas condições, sendo que muitas vezes não resistiam às punições e abusos recebidos, a diferença que existia entre os filhos de escravos e as crianças brancas. A criança escrava crescia executando determinadas funções e atividades que lhe eram destinadas e aos doze anos eram colocados como adulto, referindo-se ao trabalho e a sexualidade e em todos os sentidos da vida adulta. Porém as crianças brancas, principalmente as mais abastadas, eram entregues às amas de leite logo após o nascimento, sendo que após os seis anos de idade, no caso dos meninos, iniciavam os estudos no aprendizado do latim e de boas maneiras nos colégios religiosos, que fazia parte de uma preparação para entrar no mundo dos adultos, sem nenhuma preocupação com o sentimento da criança, que tinham até então uma infância bem curta.
- Dessa forma, pode-se então perceber que a construção da concepção de infância,e onde se deu início á afetividade e o cuidado com a criança , que estava sendo firmada no século XVII, se mostrava diferencialmente conforme a realidade econômica da criança. Com o passar da Modernidade, por razão das mudanças estruturais na sociedade, a situação da criança pobre e desvalida foi ficando mais clara, principalmente a partir do século XVIII com o crescimento e fortalecimento da sociedade industrial.
- O reconhecimento da infância surgiu a partir do século XVII, quando então a criança foi percebida como alguém que precisava de tratamento especial, desta forma as crianças deixaram de ser misturadas aos adultos.
- Nesse contexto aparecem no Brasil as primeiras iniciativas de atendimento à criança abandonada, instalando-se as Rodas dos Expostos nas Santas Casas de Misericórdia. A roda era de um espaço no qual os bebês podiam ser deixados e seriam entregues à caridade sem a identificação materna. Com a expansão das grandes cidades, da industrialização e da pobreza no Brasil, surge a urgência no sentido de cuidar da criança. As crianças passavam a ser um problema social do Estado. Assim foi se firmando a convicção da necessidade de políticas e legislações específicas para a infância.
- A dura realidade da grande maioria das crianças brasileiras e as implicações sociais dessa situação, associada às pressões estabelecidas pelos mecanismos internacionais, impulsionaram as ações de atendimentos ás crianças e adolescentes por parte do poder público. Neste sentido, as medidas de atendimento às crianças vão tornando-se emergenciais e passam a ser concretizadas no início do século XX.
- Faltava de maneira geral, interesse da administração pública pelas condições da criança brasileira, principalmente a pobre, e foi com o intuito de diminuir a apatia que dominava as esferas governamentais quanto ao ‘problema da criança’ que alguns grupos começaram a atuar no início do século XX, podemos compreender que toda criança tem infância, porém não se trata de uma infância idealizada, e sim concreta, histórica e social.
- Neste sentido de acordo com Wallon, considerar a criança hoje como sujeito de direitos é o marco principal de toda mudança legal conquistada ao longo do tempo, porém antes dessa mudança podemos perceber que muitas coisas aconteceram, muitas lutas e desafios foram travados no decorrer da história para que se chegasse a concepção atual.
De acordo com o artigo “A abordagem Pikler-Loczy e a perspectiv histórico-cultural: a criança pequenininha como sujeito nas relações”, aborda - se a idéia de que A compreensão de que a personalidade se forma na vida concreta que cada sujeito vive em sua relação com a cultura mediada pela sociedade – pelo outro – é nova e não foi ainda devidamente apropriada na formação docente. Na escola, de um modo geral, ainda se pensa e se trata a personalidade como própria de cada indivíduo, de unida pelas condições genéticas herdadas por cada um.
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