A CRIANÇA E A CULTURA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Por: Beatriz Gramacho • 5/8/2019 • Projeto de pesquisa • 853 Palavras (4 Páginas) • 252 Visualizações
A CRIANÇA E A CULTURA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Ana Beatriz Araújo Gramacho
RESUMO:
O presente trabalho, propõe-se a discutir a relevância das culturas infantis nas escolas de educação infantil. A partir de artigos e pesquisas, procura-se apresentar as criações das crianças e a ressignificação da cultura, como parte do cotidiano escolar. Baseando-se nas concepções de Corsaro sobre cultura infantil, tem como principais objetivos entender as contribuições das criações infantis para a os processos educacionais e compreender o papel das crianças como constituintes e modificadoras da cultura. A partir das reflexões acerca do tema, é possível observar, como os pontos trazidos neste trabalho, evidenciam a necessidade de que a criança seja ativa no ambiente escolar e seja capaz de propor, recriar, modificar e ressignificar a cultura no espaço educacional. Traz exemplos de ações criativas no interior das escolas, nos momentos de educação, lazer e cuidados pessoais, obtidos a partir de uma pesquisa feita para um artigo.
PALAVRAS-CHAVE:
Cultura infantil; cotidiano escolar; ressignificação da cultura; crianças socialmente ativas.
INTRODUÇÃO:
A infância, há algum tempo atrás, não era reconhecida como uma fase fundamental para a formação do ser humano. Para algumas pessoas, ainda atualmente, a criança não tem um papel social. Porém, é necessário entender, que as crianças são agentes ativos na sociedade, com necessidades específicas e criações que contribuem diretamente para a construção do espaço escolar. Como principal usuária do espaço escolar e sujeito do processo educacional, não se pode ignorar as contribuições feitas pelas crianças para o estruturamento do cotidiano escolar. Entende-se que a escola é um espaço o qual a criança tem maior socialização com demais crianças, dessa forma, há uma produção significante de culturas a todo momento. A produção das culturas acontece naturalmente, tendo em vista que a criança não tem conhecimento de que está produzindo algo, mas suas ações criativas durante o cotidiano, implicam nessa produção. Corsaro explica, que o que acontece nesse processo é uma reprodução interpretativa, ou seja, a criança internaliza a cultura que é reproduzida pelos adultos e por meio de interações com outras crianças, produz atividades, rotinas e valores (cultura de pares). Vale ressaltar, que esse processo não é simplesmente uma internalização por parte das crianças, mas uma forma de inserção na cultura adulta. Ao concluir o processo de inserção na cultura adulta, a criança atribui um novo significado às atividades culturais, tendo em vista que, a visão de mundo infantil é divergente da visão de mundo dos adultos. À esse último processo, se dá o nome de ressignificação cultural.
METODOLOGIA:
A partir da leitura do artigo “As crianças no interior da creche: a educação e o cuidado nos momentos de sono, higiene e alimentação” de Ângela Maria Scalabrin Coutinho, foi possível encontrar alguns exemplos de ações criativas das crianças, nos momentos diversos no espaço escolar. A pesquisa foi desenvolvida entre os anos 2000 e 2001 com um grupo de crianças com idades entre 1 e 3 anos, dentro de uma creche pública no município de Florianópolis. Através dos dados desta pesquisa, foi possível visualizar de que forma as crianças produzem cultura dentro do espaço escolar, durante a rotina. Além desses exemplos, é importante salientar um item que foi observado por Ângela: os espaços escolares não possibilitam as “manifestações e expressões culturais” das crianças. O espaço é organizado segundo uma visão de um adulto e muitas vezes acaba impossibilitando as expressões infantis. Outro ponto importante, é a incapacidade dos adultos mediares de entender e compreender essas expressões infantis, principalmente das crianças menores, as quais se expressam através de gestos, olhares, toques, choros. Durante a pesquisa, foi observado também, que quem conduz as brincadeiras é o adulto e através de uma visão “adultocêntrica”, busca sempre adaptar as crianças ao que está sendo imposto, impossibilitando a criação de brincadeira com visões mais infantis.
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