A Dermeval Saviani

Considerada um marco na educação brasileira, porém pouco praticada no cotidiano escolar, a Pedagogia Histórico-Crítica, teoria criada pelo pedagogo brasileiro Dermeval Saviani, tem como foco a transmissão de conteúdos científicos por parte da escola, porém sem ser conteudista.

De acordo com ele, a principal diferença entre a pedagogia histórico-crítica e a visão crítico-reprodutivista é que ela busca articular “um tipo de orientação pedagógica que seja crítica sem ser reprodutivista”.

Foi em 1968 que surgiu a visão crítico-reprodutivista, durante uma tentativa de revolução cultural liderada por jovens, ocorrida com mais força na França, e que se espalhou, posteriormente, por diversos países. Esse movimento tinha o objetivo de fazer uma revolução social por meio de uma revolução cultural. Para controlar a crise criada pelo movimento, foi necessário uso do autoritarismo tecnocrático.

No Brasil, aconteceu algo semelhante à França: foi utilizado o autoritarismo tecnográfico, para controlar o movimento, entretanto, também foi usado o componente militar.

As teorias crítico-reprodutivistas foram elaboradas após o fracasso do movimento de 1968. Essa teoria tinha o objetivo de mostrar que não era possível fazer uma revolução social pela revolução cultural.

Essa visão crítico-reprodutivista teve um papel importante no Brasil, porque ela influenciou na crítica ao regime autoritário e à pedagogia autoritária desse regime, a pedagogia tecnicista.

O problema dos conflitos de princípios na educação não se havia colocado no Brasil de forma explícita e sistemática. Porém, em 1969, com o texto “Esboço de formulação de uma ideologia educacional para o Brasil”, foi feito um primeiro esforço em se discutir o problema dos objetivos da educação brasileira e dos meios para atingi-los.

À medida que as análises de Dermeval Saviani se aprofundaram, foi-se percebendo que a Teoria da Escola Capitalista de Baudelot e Establet não poderia ser considerada expressão da visão dialética, já que os eles trabalham as contradições apenas no âmbito da sociedade, como se não existisse uma análise da educação como um processo contraditório. Para eles, a educação escolar é unicamente um instrumento da burguesia na luta contra o proletariado.

Detectada a insuficiência de algumas teorias, o esquema classificatório de Saviani foi ampliado, sendo introduzido um quinto grupo de tendências pedagógicas em filosofia da educação: humanista tradicional, humanista moderna, analítica, crítico-reprodutivista e dialética.