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A Presença masculina na educação infantil

Por:   •  1/4/2018  •  Monografia  •  4.426 Palavras (18 Páginas)  •  224 Visualizações

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INTRODUÇÃO

Não só no Brasil, mas também em países de primeiro mundo, os homens são uma minoria insignificante atuando na Educação Infantil.

De acordo com os dados do censo da educação no Brasil, divulgado pelo Ministério da Educação em 2009, informa que o número de homens atuando diretamente com crianças em creches e pré-escolas gira em torno de seis por cento. Todavia, esse número se reduz para dois por cento quando se trata da docência das crianças de zero a três anos. Expresso em números, significa dizer que, nesse período, havia 336.186 docentes atuando na educação de crianças de zero a seis anos de idade e, desse universo, apenas 11.415 se declaram pertencer ao sexo masculino. Se considerarmos os dados referentes ao primeiro segmento da educação infantil, o censo aponta a existência em todo o país, de 1.968 homens atuando no cuidado e educação das crianças de zero a três anos de idade (IBGE, 2012).

Segundo o Censo Escolar (2011), os professores homens somam 395.228 em todos os ciclos da Educação Básica em todo Brasil, o que corresponde a 19,32% em um universo de mais de 2,045 milhões de profissionais, enquanto as professoras são a esmagadora maioria de mais de 1,65 milhão. Por serem minoria, docentes do sexo masculino acabam sendo considerados socialmente "fora do lugar", como destacam pesquisadores desse fenômeno de gênero (IBGE, 2012).

A maior disparidade da presença masculina na escola é percebida na educação infantil. Somente 2,9% dos docentes que trabalham nessa etapa da educação são do sexo masculino. Ou seja, somam 11.897 de um total de 408.739 docentes (IBGE, 2012).

 Ainda são poucos os estudos sobre os impactos da presença de homens na educação infantil, no entanto, autores como Carvalho, (1999) e  Sayão, (2005) apontam que há estranhamentos quanto à presença de docentes do sexo masculino nessa etapa da educação, que culturalmente tem estreito laço o feminino e com o materno. Sayão, (2005) destaca que são evidentes os preconceitos e estigmas originários de ideias que veem a profissão como eminentemente feminina porque lida diretamente com os cuidados corporais de meninos e meninas; (...) já que os cuidados com o corpo foram atributos das mulheres, a proximidade entre um homem lidando com o corpo de meninos e/ou meninas de pouca idade ainda provoca conflitos, dúvidas e questionamentos.

Deve-se buscar compreender as relações de gênero e a maneira com que os professores do sexo masculino interagem com a educação infantil e como a comunidade escolar percebe a presença desses profissionais no interior das instituições.

2-  EDUCAÇÃO INFANTIL NO BRASIL

  1. A educação infantil é espaço idealizado de entendimentos no que se refere ao processo de ensino e aprendizagem no aperfeiçoamento integral (cognitivo, social, histórico, cultural, psicomotor e econômico) da criança, mediado por um profissional qualificado.

  1. As rotinas diárias que dão vida à ação pedagógica nas creches e pré-escolas, começam pela entrada das crianças, seguindo pela acolhida por parte dos profissionais das instituições, as trocas das roupas  e fraldas ( de acordo com o segmento) das crianças que vem de casa com o uniforme escolar e substituídas pelas roupas de casa. Antes de o café ser servido, as “tias” cantam com as crianças e em seguida uma atividade pedagógica é aplicada. Ao término dessa atividade, seguem para os pátios ou para atividades lúdicas contidas nos quadros de atividades. De acordo com os quadros de horários pré-estabelecidos para recreação livre, as pré-escolas e os maternais fazem sempre essa atividade em horários distintos, enquanto que os berçários, caso haja na instituição, permanecem com as “tias” porque são pequenas demais, e tem algumas que ainda não andam.
  1. No entanto, nem sempre esse atendimento foi assim. O tempo cronológico que estamos vivendo neste século XXI nas creches e pré-escolas da maioria das cidades brasileiras não acontecia em séculos passados. Foram constantes lutas de movimentos sociais, movimentos feministas e movimentos de profissionais da área da educação que reivindicaram por políticas públicas educacionais, até à formação de leis que garantissem a regulamentação desses direitos. Não estamos ainda no patamar de perfeição neste segmento educacional, porque ainda existem vestígios históricos que influenciam na formação de profissionais nesta área, um deles é a questão de gênero.

Daí a importância da história da Educação Infantil no Brasil para entender a trajetória que esse seguimento de ensino sofreu ao longo de sua formação.

Durante a trajetória da Educação Infantil muito se avançou com as leis publicadas e muito ainda deve ser discutido, repensado para avançar ainda mais, e ser retirado o sentido que ainda existe na Educação Infantil que é vista como uma educação voltada para assistencialismo, forma compensatória, e mais ainda a desvalorização do profissional tanto em nível salarial como intelectual. Cabe ressaltar que uma das prioridades da educação é a formação de cidadãos para uma sociedade justa e igualitária. Neste sentido, o Ministério da Educação e Desporto (MEC) em 1998 criou o ponto de partida que é o RCNEI (Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil) dando embasamento teórico aos professores que atuam nesta área.

  1. No entanto,  no momento em que as Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de Pedagogia definiram o papel do pedagogo como sendo aquele responsável pela Educação Infantil, causa uma inquietude em  toda uma produção de subjetividade predominantemente feminina, que restringia o cuidado das crianças na escola à figura da mulher, por acreditar-se que, no inconsciente coletivo, as mulheres estão dotadas de amor, atenção, maternagem, carinho e assexualidade. Essa inquietude se sustentou no fato de que os cursos de Pedagogia das várias instituições espalhadas pelo país não recebem apenas matrículas de mulheres, mas também de homens; e, diante às novas Diretrizes, esses homens passaram a também vivenciar, nas escolas de educação infantil, um espaço hegemonicamente feminino de educação/cuidado das crianças.

  1. Pensemos, então, hipoteticamente, que um pai que queira cuidar de seu filho em um shopping Center, por exemplo, encontrará dificuldades nessa tarefa porque se deparará com territórios de subjetivação definidos para homens e mulheres. A presença de fraldários dentro do banheiro feminino ratifica o território feminino como sendo o de cuidado “natural” das crianças e coloca, como na imagem, o pai numa zona de fronteira, em uma indefinição, habitando uma linha de singularidade.

Partindo, então, desse princípio, podemos perceber como a profissão docente, principalmente, na modalidade da Educação Infantil, está ligada à figura feminina, embora essa venha sendo construída e reconstruída ao longo dos anos. E é justamente questionando a naturalização da Educação Infantil como território prioritariamente feminino que o curso de Pedagogia tem contribuído na produção de uma nova zona de indefinição nas escolas e também no público masculino que se encontra matriculado no curso.

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