AFETIVIDADE E EDUCAÇÃO UMA RELAÇÃO INTRÍNSECA
Por: mariagoreteba • 18/4/2016 • Artigo • 5.048 Palavras (21 Páginas) • 295 Visualizações
AFETIVIDADE E EDUCAÇÃO: UMA RELAÇÃO INTRÍNSECA
Viviane Gorete da Silva
Psicopedagogia Institucional
Jacobina Bahia Brasil
2013
Email: trakinasgoi@gmail.com
RESUMO
A presente pesquisa bibliográfica pretende revelar a importância da afetividade para a educação e, consequentemente, do aspecto afetivo no processo ensino-aprendizagem, fazendo do educador um mediador neste processo e levando a escola a assumir um papel diferenciado frente ao educando. A realização deste trabalho visa a mostrar que são necessárias mudanças, tanto no relacionamento afetivo entre educador e educando, quanto nas metodologias, voltadas para a construção do conhecimento, como um todo, principalmente pelo afetivo, buscando um clima de harmonia emocional sem medo, nem ansiedades.
Palavras-chave: Educação, construção do conhecimento, afetividade.
1 INTRODUÇÃO[a][b]
Não há dúvida de que a relação afetiva entre educador e educando, no cotidiano da sala de aula, interfere sobremaneira no processo de aprendizagem deste, sobretudo quando o educando se encontra no Ensino Fundamental.
Há, por parte de pesquisadores, uma preocupação acerca de quão intensa pode vir a ser essa influência da afetividade na escola, bem como sobre quais podem vir a ser as conseqüências da não existência de um vínculo afetivo entre professor e aluno.
O fato de ser a escola um ambiente no qual o sujeito aprendente passa boa parte de seu dia e onde ele começa a construir e definir aspectos referentes à sua identidade faz com que se procure conhecer os aspectos relativos a esse fator tão determinante na construção do sujeito que é a relação afetiva, a interação com o outro.
Muitas são as teses sobre psicogênese, que, como se sabe, é a parte da Psicologia que se ocupa em estudar a origem e o desenvolvimento dos processos mentais, das funções psíquicas, das causas psíquicas que podem causar uma alteração no comportamento. Dentre essas teses, destaca-se a de Wallon[c], o qual admite ser o homem uma criatura determinada fisiologicamente e socialmente sujeito e, por isso, influenciado tanto interna como externamente no decorrer de sua vida.
Na busca de se discutir essa questão, levou-se em conta a afetividade e a inteligência do ser humano, acentuando a importância dos “componentes afetivos” como comprometedores de desenvolvimento da inteligência e, consequentemente, um dos responsáveis diretos pelo fracasso ou sucesso da aprendizagem.
Segundo a teoria Walloniana, a aprendizagem é algo que atinge a criança como um todo, e não apenas a cognição como a escola na maioria das vezes valoriza.
Além da tese de Wallon, outras abordagens também se configuraram como relevantes nessa pesquisa. Assim, discutir-se-ão pensamentos de autores como Gabriel Chalita, Maria Augusta Sanches Rossini e Augusto Cury, perfazendo assim uma mesa redonda sobre a afetividade na aprendizagem.
A situação educacional do nosso país não é das melhores, conforme se constata. Dentre os demasiados problemas, podemos destacar o alto índice de reprovação, determinando assim o fracasso na aprendizagem, um problema que é, há muito, discutido pelos profissionais da área, embora poucos consigam resolvê-lo.
Este fracasso, porém, ocorre, também, devido a outros fatores que não só a reprovação: a evasão escolar; a desmotivação dos professores no que diz respeito ao salário e às condições de trabalho; a desqualificação de profissionais; a falta de motivação dos alunos, que não conseguem ver a educação como forma de melhorar de vida, entre outros. Diante dessa percepção e das diversas tentativas de explicações sobre a psicogênese e suas teses, além das discussões diversas que ocorrem nas escolas, durante as quais se percebe que é preciso mudar os métodos no ensino-aprendizagem, viu-se a necessidade de se discutir de fato a influência que o meio exerce sobre o sujeito.
Uma observação que se processa nos meios educacionais é o de que a carência afetiva é um problema grave nos relacionamentos humanos, provocando sérios problemas comportamentais e doenças emocionais. Desse modo, na educação, esta carência pode também resultar em problemas graves.
Diante de tal situação, são muitos os questionamentos que emergem, tais como: Como anda a situação educacional no ensino fundamental, em nosso país? Quais as causas do alto índice de reprovação neste segmento? De que maneira a prática docente fundamentada na indiferença, no desinteresse, sem reconhecer a subjetividade do educando pode influenciar no processo de ensino-aprendizagem nas escolas? Teria a falta ou o excesso de afeto alguma influência direta na aprendizagem?
E ainda: Será que os exemplos de rebeldia dos alunos, surgem por influência das técnicas e ensino que se apoiam na ausência de afeto e envolvimento o aluno? Ou será que o que leva os professores a esta falta de afetividade é a sobrecarga de tarefa aliada á desvalorização dos professores, os baixos salários e a falta de recursos pedagógicos? Como demonstrar o quanto a afetividade está presente em todo o ambiente escolar e o quanto isso afeta no processo de escolarização?
Onde estariam as respostas para estas questões? Ouvimos dos profissionais da área que os alunos são os culpados; desinteressados e desestruturados no processo ensino aprendizagem. Do mesmo modo, ouvimos dos discentes que os profissionais não explicam, são brutos, e que só cobram deles, sem nada fazer.
Neste trabalho, o estudo bibliográfico buscará subsidiar e favorecer todo o percurso da pesquisa, tendo como objetivo investigar a importância da afetividade na aprendizagem, identificando como a interatividade entre docente e discente pode contribuir na sala de aula de forma acolhedora e prazerosa.
Após leitura das bibliografias, fez-se uma reflexão sobre a relação, educador e educando, trazendo à lume um olhar de afeto e amor entre eles, estudando, além disso, as contribuições da Psicopedagogia no que diz respeito às dificuldades de aprendizagem.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA[d]
2.1 A psicogênese da pessoa completa e a afetividade[e]
Considera-se que o sujeito é um ser que se desenvolve em decorrência da vivência com o meio, com o outro. A escola é um dos lugares onde ocorre este desenvolvimento. Sabe-se ainda que neste ambiente devemos observar a criança como um todo, analisando seu comportamento no que concerne à convivência com seus pares.
Nessa perspectiva, surge a psicogênese, que é a teoria que aborda as causas de ordem psíquicas que afetam o comportamento humano. Segundo Wallon (1992), o homem é determinado tanto fisiológica quanto socialmente e, portanto, influenciado tanto interna como externamente no decorrer de sua vida. Wallon observou o ser humano como um conjunto e não com um único aspecto, o seu estudo desenvolveu-se abarcando todos os campos funcionais em que se distribui a atividade infantil, a afetividade, a motricidade e a inteligência. No entanto, o que podemos observar hoje é que a escola está apenas preocupada com a cognição, esquecendo-se do homem como um todo, fator que dificulta por demais a adequação de objetivos e práticas pedagógicas às necessidades do alunado.
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