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Diversidade Cultural Brasileira, Papel do Índio e do Afrodescendente

Por:   •  12/12/2023  •  Dissertação  •  964 Palavras (4 Páginas)  •  66 Visualizações

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Diversidade Cultural Brasileira, Papel do Índio e do Afrodescendente.

A sociedade e cultura brasileira bebem da nossa alta miscigenação durante a formação geopolítica da nossa nação. É evidente que fazemos parte de um povo multifacetado e diversificado, culturalmente e socialmente. Se aprofundar em nossas raízes é uma tarefa das mais árduas, pois toda nossa cultura, historicamente, foi moldada através de várias percepções, de vários povos em vários momentos diferentes e que resultam na nossa diversidade contemporânea.

De fato, se formos destrinchar de maneira superficial toda nossa historicidade, perceberemos uma comunhão de povos que vão desde os originários, os indígenas, perpassando pelos portugueses colonizadores, os africanos escravizados, até aos imigrantes europeus e asiáticos. O nosso país não é apenas rico e grandioso por seu tamanho, mas também por quem o compõe. É bastante comum nos depararmos com afirmações de várias comunidades, nacionais, mas sendo as maiores que carregam traços étnicos e identitários vindo de fora de outros países ou regiões.

Como não lembrar da letra da música ‘’Reconvexo’’ do Caetano Veloso quando o mesmo fala em ‘’Roma Negra’’? Trata-se de um dos apelidos da cidade de Salvador, que ao mesmo tempo que é um dos lugares que mais concentra afrodescendentes no mundo, fora do próprio continente Africano, é também uma cidade que possui centenas de igrejas católicas históricas oriundas de outra cultura, a portuguesa. E que, juntos, colaboram para o imenso sincretismo daquele lugar tão brasileiro. Aliás, a referida música é uma ode, do começo ao fim, à miscigenação de Salvador e do Brasil, e que foi escrita como crítica a um jornalista americano que não pôde perceber nossas raízes, nossa cultura.

De norte a sul temos vários exemplos da nossa rica cultura. Afrodescendentes, indígenas, europeus, asiáticos, latinos etc. Comunidades imensas de vários brasis. A nossa própria língua, o aspecto máximo da cultura de um povo, talvez, hoje, seja mais ‘’brasileira’’ do que português. Quantas cidades, bairros, comidas, animais, nomes próprios etc, a língua dos povos indígenas estão presentes e sequer nos damos conta?

Esse é o nosso Brasil. Portanto, gostaria de citar o livro ‘’Raízes do Brasil’’ de Sérgio Buarque de Holanda na presente análise. Obra importante que buscou investigar as origens e cultura dos povos que formam o Brasil, juntamente com aspectos sociais, políticos e econômicos até então. E como não poderia ser diferente, na referida obra, existe espaço, mesmo que limítrofe, numa visão modernista com olhares específicos ao nosso passado colonial, para as figuras indígenas e afrodescendentes na concepção e construção do Brasil.

Situando no tempo e espaço, sua primeira edição foi lançada em meados da década de 30. Época em que o Brasil continuava estritamente agrário e, de maneira geral, pobre. Na dinâmica social, havia uma ruptura contra oligarquias de outrora e que dominavam o contexto geral e político até então e quase 60% dos brasileiros eram analfabetos. No entanto havia uma ebulição organizacional de uma classe média e trabalhadora.

Um pouco antes, a crise mundial na economia também havia afetado o Brasil, e o café, principal produto de exportação, foi muito afetado. Com tudo isso, dentro da República, novos alinhamentos políticos se formaram, era o fim da política café com leite e o revezamento de Minas Gerais e São Paulo em um poder centralizado. Com isso, houve abertura para um golpe de Estado que, posteriormente, ficou conhecido como Revolução de 30 e liderada por Getúlio Vargas, que viria a ser presidente após uma eleição indireta, permanecendo mais tempo no poder após outro golpe que ficou conhecido como Estado Novo.  Tal período foi marcado pelo ideal nacional-populista. Apesar de direitos sociais e trabalhistas terem sido expandidos, a oposição era oprimida pelo Estado.

Essas intensam transformações ecoaram além do aspecto social e político, e foram recepcionadas também no campo intelectual que buscavam um novo sentimento voltado ao modernismo e democracia para uma nova identidade nacional. Que até pouco tempo antes, era marcada por um colonialismo e escravidão, mas que também, sem dúvidas, faz parte de nossa história quanto país.

Em Raízes do Brasil existe uma desconstrução do patriarcado rural, não à toa, há um capítulo apenas para o mesmo. Que versa sobre um sistema fechado e de convivência de brancos e negros, senhores e escravos, oportunidade em que o fazendeiro teria uma espécie de poder quase ilimitado. Segundo Sérgio Buarque de Holanda, tal disposição vivida, principalmente, no período colonial, socialmente falando, foi a mais influenciadora no desenvolvimento e identidade do país, perpassando, inclusive, ao ente público quando analisamos figuras como o clientelismo. Fazendo um paralelo, é justo afirmar, por exemplo, que a escravidão no Brasil, até hoje causa reflexos sociais na acomodação democrática do país.

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