Educação infantil
Por: morbiolo • 24/5/2015 • Pesquisas Acadêmicas • 921 Palavras (4 Páginas) • 405 Visualizações
Variação linguística
Ferdinand de Saussure é considerado pai da lingüística, por ter sistematizado os estudos lingüísticos. Ele diz que “a linguagem tem um lado individual (fala) e um lado social (língua).” A fala é uma instituição social que pertence a todos os falantes de uma comunidade linguística, já a língua é dotada de ordem e sistematização.
Temos a língua portuguesa como uma entidade social que todos nós brasileiros, adquirimos como falantes nativos e que a nós pertence. Contudo, num país de dimensões continentais, com uma rica diversidade cultural, mas com enormes diferenças sociais, os falares se realizam de formas também plurais. A língua que falamos é a mesma, o português brasileiro, porém a fala de cada um de nós e diversificada. Individualizada, heterogênea.
A escola tenta impor sua norma linguística como se ela fosse. De fato, a língua comum a todos os brasileiros, independentemente de sua idade, de sua origem geográfica, de sua situação socioeconômica, de seu grau de escolarização, etc. Saussure admite a necessidade de linguística da fala que trate desta heterogeneidade, ele admitia a necessidade de uma área de estudos que se preocupasse com a individualidade e, ao mesmo tempo, com a multiplicidade da fala, só em 1960, com William Labov, surgiu a sociolinguística.
A sociolingüística vem contribuir para a compreensão da língua, por meio de sua relação com a sociedade, de como a língua varia e muda, de acordo com os contextos e os relacionamentos sociais. A língua, como instituição social, impões-se ao indivíduo, como um elemento de coesão e organização social, enquanto a fala faz com que a língua varie, evolua e se modifique.
A variação linguística pode ocorrer em todos os níveis da língua, podendo estar vinculados a três tipos de fatores: geográficos, sociais e socioculturais e de contexto. As variedades linguísticas próprias de cada região do Brasil são muitas, pois o país possui um repertório verbal (conjunto de variedades linguísticas) riquíssimo. Por exemplo, a pronúncia do S no final das palavras por um carioca e um paranaense, é totalmente diferente. A pronúncia da primeira sílaba de coração por um morador dos estados do Nordeste é diferente dos moradores de outras regiões do Brasil. Temos regiões do Brasil em que as pessoas falam cantando.
Outra variação linguística existente se dá entre diferentes faixas etárias de falantes. O falar do jovem é caracterizado pelo uso de gírias específicas da idade, do grupo em que se insere e da época. A época interfere nas gírias, pois elas se modificam com o tempo.
Outro fator de variação é a linguagem da mulher em relação ao homem. Uma pesquisa aponta que a fala da mulher reflete fraqueza e insegurança, em relação ao homem, como a mulher é considerada o sexo frágil, isso se torna um circulo vicioso para elas, causando preconceito para com elas.
Conforme o contexto da situação, as pessoas alteram a forma de falar, por exemplo, com familiares e amigos, usam uma linguagem mais informal e menos monitorada, porém quando estão em ambientes mais formais, monitoram a fala para se adequarem ao contexto. Um exemplo desses monitoração são os jargões profissionais, que são como gírias utilizadas por diferentes grupos de profissionais, cada qual com seus termos.
Um fenômeno que está acontecendo em larga escala na língua portuguesa é a ausência da marca de plural (exemplo: aS menina bonita), indicando um processo de mudança da língua. Porém este “erro” causa preconceito, pois consideramos que a pessoa que fala desta maneira, está falando “errado”. Só que esta concepção de certo ou errado é relativa, pois o que é certo hoje, pode ser errado amanhã. Quando pessoas de prestígio utilizarem esta forma de falar, talvez ela passe a ser considerada correta.
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