O Lúdico na Educação Infantil
Por: Diego Sousa • 28/4/2018 • Monografia • 17.807 Palavras (72 Páginas) • 197 Visualizações
INTRODUÇÃO
O trabalho a seguir tem como principais metas reconhecer e refletir sobre a importância do lúdico no que se refere ao desenvolvimento infantil através da utilização de jogos e brinquedos no processo educacional. Dessa forma justifica-se a escolha da temática, pois além de ser prioritário no desenvolvimento infantil, o brincar ainda é um recurso relevante que auxilia a criança em alcançar uma aprendizagem significativa.
O referido estudo organiza-se em tópicos que facilita a compreensão do processo lúdico desde o seu conceito, histórico, leis entre outros pontos relevantes para a pesquisa pedagógica, sendo que o mesmo pode ser utilizado como fonte de estudos, pois aponta meios de como o educador deve trabalhar o lúdico no âmbito escolar.
As brincadeiras e jogos possuem diversas características e classificações distintas, conforme alguns teóricos como Vygotsky e Piaget destacam em seus estudos. Tais meios oferecem às crianças o desenvolvimento em diversos aspectos de suas vidas.
O papel do educador nesse processo é de utilizar o lúdico para fins educacionais, ou seja, o professor deve incorporá-lo à sua metodologia pedagógica, pois ao planejar a sua sequência didática o mesmo deve articular os objetivos a serem alcançados. Dessa forma o educador deve ser o mediador, sendo que o mesmo deve ficar sempre atento se a sua forma de abordagem está surtindo efeito nos alunos, caso a metodologia não atender às necessidades educacionais ele deverá modificar a mesma de forma que venha promover uma aprendizagem significativa ao alunado.
O trabalho conta com os estudos de Vygotsky (1989), Piaget (1976), Santos (2000), Brougére (2002), Freire (1999), Maluf (2009), Kishimoto (2011), entre outros que direcionaram os seus estudos e pesquisas a favor da ludicidade.
1 O LÚDICO E A SUA EVOLUÇÃO HISTÓRICA
Com o passar do tempo o conceito de criança e infância sofreu inúmeras modificações, sendo que em certos períodos da história da humanidade os mesmos eram considerados como algo completamente frágil, e em outros momentos como um ser humano incompleto.
No período medieval não havia a concepção e tão pouco o sentimento da infância, que é uma característica inerente à criança. Na Idade Média a infância lutava para sobreviver perante a mortalidade infantil (que alcançava na época altos índices), tornando-se como parte integrante da vida dos adultos, sendo ativos tanto na vida coletiva, quanto no trabalho.
Os primeiros indícios do sentimento da infância surgiram em meados do século XVI a XVII, porém era vista como uma espécie de proteção em excesso. A partir do século XX a educação da época iniciou a separação da vida infantil da vida dos adultos.
No histórico da infância sempre houve a utilização e a realização de brinquedos e brincadeiras como: pipas, bolinhas de gude, amarelinha, jogar pedrinhas na água e etc. Ou seja, elementos que permeiam a sociedade desde os antepassados até os dias atuais.
Ao se aprofundar a cerca dessa temática, pode-se perceber que o surgimento dos brinquedos e jogos, foi através de influências de diversas culturas, como por exemplo, a portuguesa, que trouxe para o Brasil as adivinhas, parlendas e versos e outros meios de diversão.
Muitas culturas da antiguidade realizavam a confecção de brinquedos, a partir de elementos da natureza.
No período dos engenhos a realização das brincadeiras resumia-se na divisão entre gêneros, de forma que os filhos dos senhores do engenho e os filhos das mucamas eram companheiros do ato de brincar. Da mesma forma que ocorre atualmente o faz de conta na época dos engenhos também retratava o sistema rude da época.
Vale ressaltar que o jogo é originário da cultura, pois não há a existência do jogo se não houver a influência da cultura, ou seja, por mais simples que seja esse ato, sempre será realizado a partir de uma relação social, tanto direta (pessoa-pessoa) quanto indireta (pessoa-objeto), dessa forma, através do lúdico sempre haverá a comunicação entre os seres humanos.
A concepção de Huizinga (1980) sobre o jogo é uma ideia equivocada, pois o mesmo afirma que o ato surge antes da cultura. O que na realidade ocorre é que o homem e tudo que o cerca é social, pois a estruturação do ser humano só ocorre a partir da ação do grupo social, portanto o ser humano apenas pode ser considerado como tal quando se relaciona com os demais seres humanos pertencentes ao grupo maior.
O jogo é fato mais antigo que a cultura, pois esta, mesmo em suas definições menos rigorosas, pressupõe sempre a sociedade humana; mas, os animais não esperavam que os homens os iniciassem na atividade lúdica. É-nos possível afirmar com segurança que a civilização humana não acrescentou característica essencial alguma a ideia geral de jogo. (HUIZINGA, 1980, p.3)
Percebe-se que o autor não considera o papel fundamental da sociedade na construção humana, dessa forma, não reconhece também as particularidades desse processo, diferenciando-o das demais ações inerentes aos homens. Ou seja, no jogo sempre há o diálogo entre os seus participantes, além de estabelecer um vínculo constante com a história e desenvolvimento do próprio ser humano, pois se trata de um processo construtivo, cultural e social.
- A LEGISLAÇÃO BRASILEIRA E O ATO DE BRINCAR
O lúdico faz parte da vivência diária da criança, pois para a mesma, o brincar é socializar, descobrir, realizar, aprender, ganhar, enfim inúmeros sentimentos e ações que rodeiam esse “simples” ato infantil.
Na atualidade, há uma pressão muito grande por parte da sociedade para que as crianças aprendam cada vez mais cedo os conteúdos escolares, por meio disso o lúdico não encontra no âmbito escolar o tão merecido espaço.
O ato de brincar ganhou o seu espaço na legislação e foi mencionado no Estatuto da Criança e do Adolescente brasileiro, de 1990. Em seu artigo 16 do segundo capítulo do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), há a proposta de garantir o direito à liberdade para brincar, praticar esportes, enfim se divertir.
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