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O PAPEL DO PROFESSOR FRENTE ÀS NECESSIDADES DO ALUNO AUTISTA

Por:   •  1/3/2020  •  Artigo  •  3.934 Palavras (16 Páginas)  •  266 Visualizações

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O PAPEL DO PROFESSOR FRENTE ÀS NECESSIDADES DO ALUNO AUTISTA

SILVANA DE ABREU CORRÊA

RESUMO

Visando refletir sobre as possibilidades de inclusão de alunos com Transtorno do Espectro Autista na educação infantil, neste artigo destacamos a importância de novas metodologias de ensino e aprendizagem que abordem práticas inclusas. Os estudos bibliográficos apontam algumas considerações teóricas de estudiosos no assunto como Ferrari (2007), Cunha (2011), Williams (2008), Wright (2008), Teixeira (2013). A pesquisa realizada busca conhecer as ênfases de cada abordagem para o diagnóstico e a intervenção, com vista a ajudar os professores a desenvolver nos alunos autistas suas potencialidades.

Palavras-chave: Autismo; Inclusão; Aprendizagem.

INTRODUÇÃO

A necessidade de refletir sobre as metodologias e estudos direcionados à inclusão de crianças com transtornos globais do desenvolvimento nas escolas de ensino regular levaram à perspectiva de novas práticas pedagógicas dentro de um projeto educacional inclusivo.

De acordo com o artigo 58 da Lei 9394/96 – LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional) entende-se por Educação Especial, “a modalidade de educação escolar oferecida preferencialmente na rede regular de ensino para educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotados”.

A questão que norteará nossos estudos se faz no embasamento teórico de autores como Ferrari (2007), Williams (2008), Wright (2008), Cunha (2011) e Teixeira (2013), que destacam estudos sobre a educação na perspectiva da inclusão. Posto que, conhecer as causas e saber diagnosticar qual a necessidade educacional que cada criança possui, oportuniza soluções a partir de novas alternativas de propostas educacionais, como a inclusão. Evidenciando que, o direito à inclusão nas escolas regulares de ensino é indispensável para o desenvolvimento social, cógnito e afetivo da criança especial.

A inclusão, portanto, segundo Mantoan (2015, p.11), “implica em mudança desse atual paradigma educacional para que se encaixe no mapa da educação escolar que estamos retraçando”.

Em síntese, nosso trabalho visa refletir sobre as possibilidades de inclusão de alunos com Transtorno do Espectro Autista na educação infantil, bem como, analisar os fundamentos teóricos, científicos e metodológicos que proporcionam às novas práticas de ensino e inclusão da criança autista.

Para tanto, iniciaremos nosso trabalho com a definição teórica (com bases em estudos dos autores nela referenciados) do Transtorno do Espectro Autista, na segunda parte, abordamos o processo de inclusão na escola regular da criança com espectro autismo que deveria ser de forma consciente, responsável e integrada entre família e escola. E por fim, na terceira parte, falamos da importância do papel do professor como mediador no desenvolvimento global da criança autista.

1. Transtorno do Espectro Autista: Definição

Tentando sintetizar uma definição mais adequada para o termo “autismo”, temos que, segundo Cunha (2011), este se origina do grego autós, que significa “de si mesmo”. De acordo com ele, o psiquiatra suíço E. Bleuler, em 1911, usou o termo autismo pela primeira vez para descrever a fuga da realidade e retraimento para o mundo interior, observado em pacientes adultos acometidos de esquizofrenia. Segundo seus estudos, pesquisadores de formação psicanalista interessados pelo autismo, ao mesmo tempo em que tentavam evidenciar os fatores psicológicos presentes na síndrome, contribuíam para os estudos que mais tarde iriam elucidar o espectro.

Em suma, Cunha (2011) diz que o comprometimento autista, embora considerado como insatisfatoriamente conhecido, originara-se de alterações biológicas (hereditárias ou não), epidemiológicas e, possivelmente, com a toxidade dos metais pesados que influenciariam nos processos biológicos. Este último, também inferido nos estudos de Shaw que enfatiza que:

Como bioquímico, creio que qualquer doença que tenha um efeito devastador no indivíduo está ligada a uma alteração bioquímica individual. A presunção é que, se uma pessoa tem uma doença grave como o autismo, convulsões ou paralisia cerebral, deve haver alguma alteração em um ou mais processos químicos do corpo. (SHAW, 2002apud CUNHA, 2011, p.31)

Ferrari (2007) se posiciona de forma divergente de Cunha, no sentido de enfatizar o autismo e afirma que, como toda patologia mental, este pode trazer deficiência quanto ao desenvolvimento da inteligência de uma criança e um adulto. O autor considera também o autismo como sendo um distúrbio psicótico, ou seja, relacionado à loucura.

A ênfase dos estudos de Ferrari (2007) está na alteração do processo de desenvolvimento denominado por ele de “transtorno invasivo do desenvolvimento”, que irá estorvar, na criança pequena, a organização das grandes funções psicológicas, gerando uma série de deficiências ligadas a essa perturbação do desenvolvimento.

Os estudos de Ferrari (2007) têm suas bases no psiquiatra norte-americano L. Kanner , que traçou as características clínicas da síndrome como uma afecção autônoma e específica, ligada aos primeiros anos da infância. Em resumo, Kanner classificou em seis classes os traços de evolução da afecção, que vamos apresentar a seguir:

1. Retraimento autístico- Trata-se de uma acentuada ausência de contato com a realidade externa. Ou seja, segundo Ferrari (2007), a criança ignora e exclui tudo o que vem do exterior, permanecendo em um estado de “extrema solidão autística”.

2. Necessidade de imutabilidade – Ferrari (2007) explica que é uma necessidade que a criança autista tem de manter estável e inalterado seu ambiente habitual. De tal forma que, qualquer mudança, ainda que mínima, pode acarretar em manifestações de angústias ou raiva.

3. Estereotipias – Ferrari (2007) diz que se constituem em gestos rítmicos e repetidos que a criança executa ao longo do dia, como movimentos de balanço de tronco e gestos estereotipados, constituídos de palmadas e esfregaduras, agitação dos dedos diante dos olhos, ou das mãos, como que batendo asas, ou até mesmo movimentos de giro ao redor do próprio corpo.

4. Distúrbios da linguagem – Ferrari (2007) ratifica que são constantes, mas revestem-se de aspectos variados em função da idade e do momento evolutivo da afecção.

5. Inteligência – Ferrari (2007) relata que Kanner salienta a diferença entre as

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