O Processo De Individuação E A Educação Infantil
Por: Priscila Barasnevicius • 8/3/2023 • Monografia • 10.112 Palavras (41 Páginas) • 57 Visualizações
O PROCESSO DE INDIVIDUAÇÃO E A EDUCAÇÃO INFANTIL
RESUMO
A presente artigo propõe um estudo sobre a importância da individuação no processo de ensino, com enfoque em crianças da educação infantil, buscando um ponto de intersecção entre a educação e os conceitos psicanalíticos, afim de estimular uma visão sobre aluno como ser individual.
Palavras-chave: psicanálise, individuação, educação
ABSTRACT
This article proposes a study about the importance of individuation in the teaching process, focusing on children in early childhood education, seeking a point of intersection between education and psychoanalytic concepts, in order to stimulate a vision about the student as an individual.
Keywords: psychoanalysis, individuation, education
- INTRODUÇÃO
O presente artigo propõe um aprofundamento sobre a importância da individuação no processo de ensino, com enfoque em crianças da educação infantil, visa examinar o vínculo existente entre individuação e escolarização, com uma reflexão da necessidade de uma melhor formação de professores, pretende para isso despertar os educadores para repensar seus próprios conceitos e sua postura diante do ato de educar, para a otimização e melhor aproveitamento existencial e pedagógico dos alunos.
Aponta como condição fundamental a intenção de uma prática pedagógica que intenta ser consciente e transformadora. Para tanto oferece alguns subsídios teóricos numa perspectiva psicanalítica, pedagógica e sociológica, sobre o ser do homem e suas ações no mundo especificamente quanto às práticas educacionais.
Para o enriquecimento deste trabalho recorre-se a um diálogo multidisciplinar, citados anteriormente, procurando promover uma trajetória sobre o conceito de educação e de individuação. Dentro desta perspectiva convidamos as compreensões de alguns teóricos e grandes mestres. Como o fundador da psicologia analítica, o suíço Carl G. Jung que pesquisou profundamente o processo de individuação, Sigmund Freud, Paulo Freire entre outros. Vive-se uma época de dissociação, e torna-se claro a necessidade de um debate sobre o assunto, pois é nesse contexto que a psicanálise pode oferecer sua contribuição na educação quanto à promoção do autoconhecimento e adaptação ao mundo. E permitir que todo o processo de desenvolvimento humano seja entendido sob as perspectivas cultural, interpessoal e nas instâncias da consciência e do inconsciente. Esta experiência visa integrar o significado dos conceitos apresentados, unificando-os numa prática que não se esgota na teoria, mas se complementa e faz do ato de educar um projeto permanente de construção individual e social.
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- DESENVOLVIMENTO
- A PSICANÁLISE E A EDUCAÇÃO
Para iniciarmos a temática faz-se necessário o entendimento entre o método psicanalítico e sua aplicação na pedagogia.
Pode-se dizer que a psicanálise nasceu com o século XX, com a publicação de "A interpretação de sonhos", em 1900, livro de Sigmund Freud, que emergiu perante o mundo e o estudo da mente humana como algo novo.
Freud o criador da psicanálise mostrou-se no início muito esperançoso de que as descobertas da psicanálise influenciariam a educação das crianças, de tal maneira que as gerações futuras estariam protegidas de conflitos neuróticos e que assim os adultos seriam saudáveis e felizes. Em Novas conferências sobre a Psicanálise ele referiu-se “a mais importante de todas as atividades da analise, estou pensando nas aplicações à educação, à criação da nova geração” (Freud, 1927- 1973).
Freud diz que, pessoalmente, não contribuiu em nada, deixando para Melanie Klein e Anna Freud, sua filha, o cuidado de uma aplicação do modelo metapsicológico ao campo da educação. Contudo, a infância está presente em toda reflexão freudiana.
Raras são as notas analíticas que não fazem referência a ela. Da teoria das fases ao conceito de “sedução precoce”, da ideia de sexualidade infantil ao complexo de Édipo, o conjunto da obra repousa sobre uma teoria da infância e de seu desenvolvimento. A infância aparece como um período determinante para a formação da pessoa.
Assim, a influência de Freud sobre a reflexão educativa do século XX é decisiva, e são raros os autores contemporâneos que tenham abordado a pedagogia sem fazer referência direta ou indireta a Freud. Alguns se apoiam explicitamente em sua doutrina para justificar uma concepção, outros se limitam a tomar emprestados certos conceitos.
De fato, Freud jamais redigiu um trabalho tendo como objeto essa problemática, o que não o impediu, contudo, ao longo de sua obra, de pesquisar, examinar, criticar, se necessário, o papel dos professores, dos pais, ou seja, a autoridade adulta sobre a criança. Não há obra de Freud, em um momento ou outro de seu desenvolvimento, em que não seja cotejada a questão educativa. Desde Três ensaios sobre a teoria da sexualidade (1905) até Mal-estar na civilização (1930), as referências à educação são constantes.
Segundo Freud (1912), a história individual infantil é marcante e seus traços permanecem indeléveis, no homem adulto.
Freud ressalta em sua obra, o papel castrador da educação, porem defende o papel socializador da escola nas fases iniciais da criança:
A educação começa impedindo a livre expressão de certas tendências pulsionais espontâneas. Assim, a função repressiva da educação não é por si mesma, uma função anexa, parasitária, passível de supressão; a interdição constitui a essência da ação socializante. (Freud, 2010, p. 17)
Se educar é substituir o prazer pela realidade, o instinto pela sociedade, o desejo pela regra, a socialização é uma substituição pura e simples. À obediência interna ao prazer, derivado da descarga imediata de energia, se substitui à regra exterior, natural (dureza da realidade) ou cultural (leis, princípios morais, costumes que preexistem socialmente à vinda de uma criança ao mundo). A educação seria, então, a prática (técnicas, procedimentos, métodos, conteúdos pedagógicos) pela qual os adultos imporiam às crianças, mais ou menos rigorosamente, a renúncia ao imediatismo do prazer instintual, substituindo-o pela obediência à realidade. Essa substituição implicaria sofrimento corretivo que seria necessário cuidar para que não degenerasse em um estado mórbido. Porem segundo Paulo Freire, essa prática educacional deveria ser aliada com a valorização de conteúdos individuais e respeitando a natureza crítica do individuo:
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