Resenha de pedagogia do risco
Por: Adriana Sliwinski • 16/7/2019 • Trabalho acadêmico • 3.389 Palavras (14 Páginas) • 646 Visualizações
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ - CAMPUS DE UNIÃO DA VITÓRIA
ADRIANA EVELINE SLIWINSKI
RESENHA DE LIVRO
Pedagogia do Risco
UNIÃO DA VITÓRIA, 25 DE MAIO DE 2019
ADRIANA EVELINE SLIWINSKI
RESENHA DE LIVRO
Pedagogia do Risco
Trabalho apresentado no 2º ano do Curso de Pedagogia da UNESPAR, como requisito parcial para avaliação da disciplina de Sociologia da Educação II sob orientação do Prof.ª Ivanildo Sachinski.
UNIÃO DA VITÓRIA 25 DE MAIO DE 2019
GALLO, Silvio. Pedagogia do Risco. Campinas, SP: Papirus, 1995. 192 pg. |
No livro Pedagogia do Risco, de 1995, Silvio Gallo nos apresenta uma reflexão sobre as principais teorias anarquistas acerca da educação, apontando suas falhas e inovações ao contextualizar o período, a vida, as motivações e inspirações que tiveram seus autores. A partir de tais discussões Gallo trabalha conceitos fundamentais da pedagogia anarquista como liberdade, educação integral, consciência, entre outros, trazendo tais expressões nos moldes das praticas e vivencias de pensadores chaves da história do movimento anarquista; Proudhon, Bakunin, Paul Robin e Sébastien Faure. Gallo (1995) procura, nesta obra, resgatar a memoria da educação anarquista, a qual, segundo ele, foi apagada da historia por componentes sociais conservadores e, principalmente, pelos aparelhos estatais, seu objetivo é fazer do livro uma introdução à educação libertaria anarquista, por meio de sua fundamentação politica e filosófica, para que haja uma melhor compreensão das vivencias relatadas e, consequentemente, da realidade atual. Silvio Donizetti de Oliveira Gallo possui graduação em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (1986), mestrado em Educação (1990), doutorado em Educação (1993) e livre docência em Filosofia da Educação (2009), todos pela Universidade Estadual de Campinas. Atualmente é Professor Titular (MS-6) da Universidade Estadual de Campinas. Desde 2007 é bolsista produtividade do CNPq. Membro de diversas associações científicas do campo da Filosofia da Educação no Brasil e no exterior, foi Presidente da SOFIE - Sociedade Brasileira de Filosofia da Educação entre 2014 e 2018. É co-editor da Revista Fermentario, publicada pela FFyH da Universidad de la República (Uruguai) e pela FE-Unicamp. Editor Chefe da Revista Pro-Posições, da Faculdade de Educação da Unicamp. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Filosofia da Educação, atuando principalmente nos seguintes temas: filosofia francesa contemporânea e educação, ensino de filosofia, filosofia e transversalidade, anarquismo e educação. Como cita o próprio autor, este estudo esta dividido em duas partes principais: uma focada na apresentação da teoria educacional anarquista e outra que trata das experiências e praticas pedagógicas nas escolas libertarias. A obra contem ainda dois capítulos introdutórios do tema, os quais significam e esmiúçam conceitos anarquistas e um capitulo final com o intuito de mostrar a pedagogia anarquista como uma pedagogia do risco. Na primeira parte do livro, chamada de parte teórica, o autor desenvolve dois capítulos, o primeiro dedicado à Pierre-Joseph Proudhon e outro a partir das ideias de Mikhail Bakunin. Na segunda parte denominada parte pratica, é feita a explanação e reflexão das experiências educacionais libertarias experiênciadas por Paul Robin através do Orfanato Prévost e por Sébastien Faure em sua comunidade-escola de La Ruche. No primeiro capítulo desta obra, intitulado A liberdade na perspectiva anarquista, Gallo (1995) explicita o conceito de liberdade através do ponto de vista do movimento anarquista, com o intuito, segundo ele, de que tenhamos uma melhor compreensão das teorias e reflexões acerca da chamada ‘pedagogia libertaria’ a serem apresentadas no decorrer do livro, onde após explicitar as opiniões dos principais pensadores sobre a liberdade, o autor conclui salientando que, para a filosofia politica libertária a liberdade é vista através de um conceito materialista, sendo entendida como um produto social, que só pode existir em uma sociedade reciproca onde a liberdade de cada um é construída juntamente com a construção do individuo e é afirmada por todos. O segundo capitulo, intitulado Pedagogia libertária: educação e revolução, trata da educação por meio da analise anarquista partindo de reflexões sobre a divisão e as desigualdades existentes entre as classes sociais, afirmando que a classe dominante sempre utiliza-se do sistema educacional para propagar suas ideologias e manter-se no poder, de forma que este sistema também é seu ponto fraco e por este motivo ela sempre procura expandir seu campo de atuação dentro da educação afim de ascender e garantir seu domínio. Já para o proletariado a educação também é importante, pois é através dela que a classe dominada pode se libertar e até realizar uma revolução social. Para o movimento anarquista os trabalhadores devem criar suas próprias escolas, sendo que este movimento já vem denunciando desde 1793 a escola como, nas palavras de Althusser, um aparelho ideológico do Estado reprodutor de desigualdades, ou seja, seu objetivo é educar os indivíduos para serem aquilo que a sociedade precisa e que o Estado deseja, já o objetivo da educação libertaria é educar o individuo para que ele seja o que é ou o que quiser ser, para que ele construa sua própria liberdade e ideologias, oferecendo condições para que isso aconteça. O terceiro capitulo da obra, é dedicado ao pensador Pierre-Joseph Proudhon, de maneira que tem por titulo Prodhon: igualdade e diversidade, no qual Gallo (1995) nos apresenta um pouco sobre a vida de Proudhon, afim de contextualizar o modo de pensar deste que é um dos principais teóricos anarquistas. Proudhon resgatou o termo anarquia da sua concepção negativa, para ele o maior mal é o sentimento de poder, o qual gera a dominação, por este motivo o autor defende uma sociedade pluralista e autogestionada que deve ter como base a liberdade, o que, consequentemente garantirá a justiça e a igualdade. Sobre a educação, Proudhon denuncia sua função na sociedade capitalista, pois para ele a educação é a base da formação humana, sendo que sua principal missão é a transmissão da cultura e história da humanidade. Gallo (1995) salienta que para Proudhon, a educação é essencial para a revolução, pois primeiro deve-se formar e mudar as mentalidades para a nova sociedade, desta forma a educação precisa centrar-se no trabalho e na emancipação social do individuo. Na educação proudhoniana pode-se perceber a democracia e o trabalho como conceitos centrais; o autor defende a democratização do ensino tanto pela autogestão como através da igualdade de oportunidades, e o trabalho, principalmente o trabalho manual, é visto a partir da proposta de educação politécnica, onde se deve partir dos conhecimentos gerais sobre o trabalho para os específicos, do pratico para o teórico, de forma que o aluno conheça e saiba realizar todo o processo de produção, deixando de ser alienado, e, posteriormente, para a especialização na área em que este aluno sentir-se mais apto e à vontade. A proposta de Proudhon é a de que cada indústria tivesse oficinas voltadas para o ensino, que compreenderia o ensino secundário, e abertas a todos, já que seria muito difícil criar tais oficinas nas escolas, deste modo a educação passaria a ser de iniciativa publico privada das indústrias. É pertinente dizer aqui que esta proposta de Proudhon pode nos parecer um tanto absurda no momento atual, porem era o necessário para a época, visto que a sociedade passava pelo advento da Revolução Industrial, através da qual se originou a divisão de classes e o proletariado se viu dominado pelos meios de produção, ou seja, para este autor descrito por Gallo (1995), o objetivo principal seria transpassar a alienação e tornar o homem consciente de si e de seu papel na sociedade, e o único meio para isso seria, e ainda é, a educação. Passando para o quarto capitulo este intitulado Bakunin: educação, ciência e consciência, Gallo (1995) nos traz novamente um pouco sobre a vida do autor em questão; Mikhail Alexandrovich Bakunin, após o autor nos mostra a trajetória acadêmica de Bakunin e as influencias revolucionarias com as quais teve contato no decorrer de sua vida, sua obra são, majoritariamente, fragmentos ou escritos de propaganda, como cita Gallo (1995), voltados para revistas, jornais e panfletos, de modo que podemos dizer que eram “escritos de efeito”, isto é, que chegavam rapidamente às mãos do povo e eram apreendidos pela massa proletária e repreendidos pela massa burguesa, motivo pelo qual a vida de Bakunin é permeada por rebeliões, prisões e fugas. No que diz respeito à educação, Bakunin acredita que esta é a própria revolução, pois através da mudança das mentalidades a revolução já esta acontecendo, e por meio do conhecimento libertário a própria sociedade irá decidir se deseja a revolução, como cita GALLO (1995, pag. 67) “[...] ninguém transforma nada se não consegue ver as coisas de outra maneira”. Porem Bakunin não prioriza apenas a educação formal, para ele também é fundamental que o conhecimento chegue às indústrias e aos trabalhadores por meio de rodas de conversas e posteriormente, de organizações, o que seriam algum tempo depois os sindicatos de hoje, para este autor trabalhado por Gallo (1995) a escola exerce um papel central e fundamental na disseminação das ideias revolucionarias, mas não deve ser o único. De acordo com Bakunin o saber é instrumento de dominação, por isso é de interesse do Estado manter a classe proletária na ignorância oferecendo um ensino alienante, perante a isso é preciso que todos dominem o conhecimento, para isso Bakunin parte do conceito de que o homem é um produto social, dizendo que o individuo precisa ter o conhecimento cientifico sobre a sua biologia mas, principalmente deve conhecer cientificamente a sociedade em que vive, para que, a partir disso, possa transforma-la, deste modo, o autor defende a transformação das escolas existentes, abolindo totalmente a mistificação do saber, de modo que o ensino aconteça por meio apenas da razão, da justiça e do trabalho, em busca da liberdade. A proposta pedagógica de Bakunin se resume em formar o individuo integralmente para a liberdade, ou seja, para o autor a partir de uma educação integral que compreenda os aspectos físicos, psicológicos, intelectuais e sociais do aluno, este, ao final do processo, alcançará a liberdade, sendo esta, uma construção própria de cada individuo. Bakunin diz também que a criança não é propriedade de ninguém, mas é de responsabilidade de toda a sociedade, de modo que esta deve oferecer todos os subsídios necessários para que ela atinja a liberdade. Gallo (1995) salienta que para Bakunin a autoridade só deve estar presente no inicio do processo pedagógico, visto que se torna indispensável, porem deve aos poucos dar lugar para a liberdade, priorizando a construção do conhecimento pelo próprio aluno. Bakunin faz ainda, considerações sobre a ciência, criticando-a por estar longe da realidade do povo, e apesar de não avançar muito nesta discussão, afirma que é papel da escola levar a ciência para o povo, aproximando-a da realidade do mesmo e tornando-a mais concreta. Outro ponto interessante, é que Bakunin também discute sobre uma educação para os adultos, pois segundo a transcrição de Gallo (1995), toda a sociedade deve estar empenhada para alcançar a liberdade, desta forma tal ensino deveria ocorrer em espaços alternativos, pautando-se na destruição da visão de sociedade inculcada na massa oprimida pelo capitalismo, em busca de sua conscientização e libertação, para que todos possam lutar por uma nova sociedade. O quinto capitulo leva por titulo Paul Robin: fundamentos da educação integral, enaltecendo, de certa forma Robin, por ter sido o primeiro pensador a por em pratica as teorias acerca de uma educação libertária que vinham sendo discutidas, através da administração do orfanato de Cempuis. Robin foi professor e pedagogo, o primeiro libertário, e percebe a educação como uma necessidade politica que deve ser uma formação para a vida social, porem sem deixar de perceber também o aluno como um ser individual, Robin, assim como Bakunin, defende a educação integral e pluralista, que contemple todos os conhecimentos de modo que os alunos possam desenvolver todas as suas habilidades, tornando-se indivíduos ‘inteiros’. Para Robin a educação integral deveria ser dividida em duas fases, de acordo com a idade e habilidades das crianças, a primeira voltada mais para o individual, para o ensino pratico e espontâneo, que estimule a curiosidade e desenvolva a percepção através dos sentidos e que encerra-se quando a criança desenvolve a habilidade de elaboração logica do saber, e a segunda, aproximadamente a partir dos 12 anos, passa a fazer com que o aluno enxergue-se no coletivo, como ser social, pautada mais no ensino teórico e racional, com um período de tempo destinado ao conhecimento das profissões, de modo que ao final o aluno possa escolher uma delas para a sua vida. Um conceito importante na teoria de Robin, segundo Gallo (1995), é o saber e o fazer, isto é, a criança deve primeiro absorver os conhecimentos para posteriormente produzi-los. Um ponto muito interessante nos escritos de Robin é que ele defende o trabalho com jogos e objetos que estimulem a percepção e a curiosidade das crianças na primeira fase do ensino, com ênfase para os jogos musicais, que com cita o autor deste livro, são um caminho natural para a aprendizagem, outro ponto importante diz respeito à criatividade dos educadores no trabalho com esta fase do ensino, o que nos leva a perceber a contribuição de Robin nesta área, sendo que hoje sabemos da importância desta habilidade dos profissionais da educação infantil. Porem Robin não se preocupa apenas com o desenvolvimento cognitivo da criança, pois segundo Gallo (1995), o autor visa também desenvolver os ‘órgãos ativos’ (mãos e pés), ou seja, mesmo Robin não tendo conhecimento desse termo na época, a coordenação motora ampla. Outra constatação importante feita por Robin é a de que a criança precisa antes de tudo saber ouvir e falar, para saber ler e escrever corretamente, sendo que este processo deve ser dinâmico, criativo e constante. Na segunda fase do ensino Robin procurava trabalhar com atividades artísticas variadas a fim de desenvolver todas as habilidades do estudante; sensitivas manuais e corporais, porem esta fase era baseada na racionalidade da ciência de maneira que o autor repudia a imaginação, por influencia positivista, pois a vê como um modo de escapar da realidade, o que atrasa o desenvolvimento social, frente a isso podemos perceber que apesar da aparente preocupação de Robin em formar integralmente o individuo, seu principal objetivo era a revolução social, e isto era, de certa forma, imposto aos seus alunos. Robin implantou as teorias descritas acima em Cempuis, assim como também a educação física, que para ele além de desenvolver o corpo era importante no que diz respeito à saúde e à higiene e objetivava a sanidade de mente e corpo de forma harmônica com a teoria, ainda é importante citar que os jogos realizados na educação física não tinham como intuito a competição mas sim a socialização e a solidariedade, visando apenas a diversão. O sexto capitulo da obra de Gallo (1995) intitula-se Sébastien Faure: a sociedade e “a colméia” onde relata sobre as teorias educacionais anarquistas e a experiência de Faure na escola nomeada La Ruche (a colmeia). Faure não avançou muito em relação a Robin, porem como sua escola não respondia ao Estado ele teve mais liberdade ao por em pratica a educação libertária, a qual pretendia dar origem a uma sociedade extremamente moralista que fosse a expressão da felicidade humana. Faure via sua escola como um laboratório de ensino, uma grande comunidade, onde não existem funcionários e sim colaboradores assalariados, educadores que deveriam ensinar novos valores, uma nova organização social pautada na convivência libertária. Este autor prioriza a formação profissional e moral a partir do ensino dos conhecimentos básicos, porem ele também preocupa-se sobre como o aluno aprende, de forma que teoriza acerca dos métodos nos quais, para ele, deve ser embasado o ensino, denominando-os “método dedutivo e indutivo” de forma que como o nome já sugere, o primeiro parte da dedução para chegar ao conhecimento e o segundo, das experiências do aluno. Faure acredita que cada criança é única e tem seu próprio tempo de aprendizado desta maneira não há julgamentos ou classificações em La Ruche, escola esta que também comtemplava o ensino técnico, onde os alunos além de serem iniciados em vários ofícios ainda colaboravam para com a manutenção da escola, após algum tempo os alunos escolhiam uma profissão definitiva, para o aprendizado da qual passavam a dedicar-se totalmente. Para Faure apesar de uma educação para a liberdade ser muito mais complexa ela é muito mais vantajosa, visto que forma cidadãos conscientes de si e da sociedade em que vive de forma justa, respeitosa e igualitária com seus semelhantes. No sétimo e ultimo capitulo desta obra, que leva o seguinte titulo Educação anarquista: por uma pedagogia do risco, Gallo (1995) nos propõe uma reflexão acerca de todas as teorias e concepções de educação libertária vistas nos capítulos anteriores, fazendo uma ligação com a realidade e defendendo a sua implantação na sociedade atual, pois entende a educação anarquista como uma ‘pedagogia social’ que busca trabalhar a autonomia a partir da individualidade para depois voltar-se para o coletivo social. Para Gallo (1995) a educação anarquista tem como principal característica o antiautoritarísmo, defendendo veementemente a solidariedade e a cooperação, as quais colaboram para que os indivíduos aprendam a respeitar a singularidade do outro e conviver em harmonia, de modo a atingir o objetivo principal da educação libertária, que seria o rompimento com os padrões capitalistas e da dissolução dos mecanismos de poder, por meio da coletiva construção da liberdade. Frente a isto podemos indagar: então na sociedade atual não existe liberdade? Gallo (1995) responde a esta pergunta explicitando a ideia de liberdade capitalista por meio do conceito de Freire e Brito (1984) de psicologia do poder que se resume na visão de que o homem atual não exerce total responsabilidade sobre seus atos, atentando, por consequência disso, contra a liberdade de seus semelhantes, ou seja, através do poder, da isenção de responsabilidade delegada através da hierarquia social, uns detém de mais liberdade em função de outros. Tais explanações deixam ainda mais claras as desigualdades existentes na nossa sociedade e que, ao invés de procurarmos contribuir com o sistema social para o seu aprimoramento, estamos, por necessidade, constantemente lutando contra ele, e pior ainda, por termos sido criados por uma sociedade egoísta assim nós somos, competitivos, nos valemos da liberdade alheia na primeira oportunidade a fim de avançar, de subir na hierarquia e deter mais poder. Por este motivo sabemos, que apesar da educação libertária descrita por Gallo (1995) ser admirável e instigadora, é muito difícil, pra não dizer impossível de que ela seja efetivada em sua totalidade, pois para mudarmos o sistema educacional toda a sociedade precisaria ser transformada, e com as mentalidades que temos isso não aconteceria sem guerras e sem muita destruição, porem esta obra não pode ser considerada uma utopia, visto que podemos nos embasar nela e na visão de Gallo (1995) para transformar a nossa pratica enquanto educadores, e procurar formar indivíduos mais críticos, cientes de suas responsabilidades e de sua liberdade, assim como conscientes da sociedade em que vivem e das liberdades de todos os seus componentes, indivíduos que respeitem as diferenças e as singularidades de seus semelhantes e que procurem, sobretudo, transmitir estes conceitos, se assim for, podemos ter esperança de uma sociedade melhor e talvez, que chegue perto da sociedade colmeia de Faure. Gallo (1995) ainda salienta que o sistema capitalista afirma garantir a liberdade porem na pratica ela é negada, isto se torna claro ao analisarmos os direitos que temos perante a Constituição, que são muitos, notoriamente, entretanto sabemos que o mais importante, no caso as oportunidades, são totalmente desiguais, ou seja, a liberdade de gozar-mos de tais direitos nos é negada em sua totalidade em função, novamente, da liberdade de outros, e isso acontece principalmente na educação, onde a classe dominante detém de uma maior instrução para continuar no poder, enquanto a classe trabalhadora precisa contentar-se com o ensino propositalmente ideológico e opressor ofertado pelo Estado. Porem não pretendo dizer aqui que a classe dominada não pode sair do estado de alienação, e sim que as dificuldades são muito maiores, sendo que é no encontro desta superação que este livro vem de encontro, de superarmos além da nossa concepção de ensino tradicional a concepção negativa que a maioria de nós tem do anarquismo e de suas teorias, este é praticamente um pedido que Gallo (1995) faz no final de sua obra, de que voltemos nosso olhar para as discussões dos pensadores da educação anarquista, os quais antecedem os teóricos nos quais nos embasamos hoje apresentando as mesmas ideias, segundo ele. Encerro aqui esta resenha afirmando que as discussões de Silvio Gallo (1995) são bastante pertinentes para a realidade atual e as teorias de educação libertária tem muito a contribuir na construção de um ensino mais justo, igualitário e libertador. |
Referencias: https://www.escavador.com/sobre/2046796/silvio-donizetti-de-oliveira-gallo. Acesso em 18 de maio 2019. |
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