Transcrição vídeo Paulo Freire sobre Educação de jovens e adultos
Por: Priscila Duarte • 26/6/2018 • Trabalho acadêmico • 6.288 Palavras (26 Páginas) • 243 Visualizações
Homem 1: “Porque foi muito difícil pra mim. O funcionário lá mandou eu assinar, eu assinei. Ele falou que tava muito feio, primeiro numa folha né, pra poder assinar aquele certificado do alistamento aí ele falou não esse nome seu não tá correto, não sei o que começou com um negócio, dá o dedo aí, eu deixei para lá e nunca mais fui buscar. Olha, aquilo para mim foi um...”
Paulo Freire: Eu vim até aqui no Leme, conversei com a população à margem do rio, de trabalhadores e consegui duas mulheres e três homens adultos de possivelmente quarenta anos e que aceitaram fazer parte de experiência, e eu dizia claramente que era uma busca que eu fazia. Não falava em pesquisa, pois essa é uma linguagem muito acadêmica, mas que eu estava procurando alguma coisa no campo da educação, no campo da alfabetização de adultos que pudesse dar uma contribuição à luta nossa de brasileiros contra o analfabetismo e portanto contra a discriminação, contra o processo de negação de nós mesmos como uma nação amorosa do mundo.
Música instrumental...
Homem 2: “O cara sem saber ler e escrever é mesmo que ser um cego perdido no mundo.”
Mulher 1: “...passa perto dum anúncio, “óia” assim mas não sabe o que que tá escrito.”
Mulher 2 (Madalena): “...tu quer escrever uma carta tem que ficar pedindo para a amiga, eu não quero depender da amiga...”
Homem 3: “...eu quero depender de mim “memo” né...”
Homem 4: “o emprego tá difícil e se é com pouca leitura fica mais difícil né...
Homem 5: “ já perdi emprego de ganhar bem, por causa do estudo.”
Mulher 3:“é muita discriminação com as pessoas que não sabem ler... muito, muito, muito.”
Música: “Fôra ele um grande educador, o Brasil o recorda com saudade, transmitia de tudo que sabia e aprendia com a própria humanidade, ensinava aprender em trinta horas quem tivesse com força de vontade. Paulo Freire falou com voz serena: minha gente eu sonho em fazer uma fórmula onde todos tenham o direito de ler e escrever.”
Moacir Gadotti (IPF): Todos temos que saber ler e escrever todos temos que ler o mundo e é um ato coletivo, solidário, não solitari, então nós temos que associar a alfabetização a educação com a libertação humana, com o sonho da libertação de todos os seres humanos.
É essa, é esse o caráter político da obra, do método e do sonho de Paulo Freire. Reencantar as pessoas para que elas acreditem na possibilidade de construir um mundo diferente daquele que receberam.
Música instrumental...
Mulher 3: Então eu acho que depois que eu entrei aqui pra esse curso eu mudei minha vida.
Mulher 1: A minha neta viu pela televisão a Senac aí ela veio aqui comigo e eu arrumei e passei pra cá.
Mulher 4: Eu peço pra todo mundo se tiver uma chance dessa pra não perder
Homem 2: Nós viemos aqui no Senac e aí deu o nome né, aí deixei o telefone da casa do meu patrão, ela falou se fosse sorteado à tarde aí ligava pra lá pra mim, indicando se eu tinha saído sorteado. Antes de ela ligar pra lá eu vim aqui saber e ela falou que eu tinha sido sorteado pra estudar à tarde, eu fiquei muito contente.
Mulher 1: Eu nunca tive oportunidade de estudar eu não sabia nada.
Mulher 3: A primeira letra que eu fiz foi aqui neste caderno.
Homem 5: Eu to muito contente e pretende não perder dia nenhum só se for por causa de doença que eu não puder nem andar.
Mulher 4: Eu vou conseguir nem que for assinar meu nome, ler ônibus acho que eu vou conseguir.
Mulher 2 (Madalena): Então eu não quero ser dependente eu quero é aprender quero ir até o fim.
Homem 3: Custo sair daqui uma pessoa sábia, uma pessoa que saiba andar porque a forma que eu estava, estava mesma coisa como uma pessoa cega né...
Mulher 1: To doidinha pra sair daqui, voar viu mas voar longe lá pra o lado do Rio de Janeiro pra esses lados aí, eu quero sair, eu quero sair sozinha, não quero que ninguém vá comigo não.
Mulher 3: Se Deus quiser eu quero sair com o “diproma” na mão, eu já falei lá em casa nem que eu saia um dia com o diploma na mão aqui e morra no outro dia, mas eu morro com o “diproma”, não quero saber.
Música instrumental...
Rosilene Oliveira Costa (Educadora): O nosso marco referencial é o Brasil que queremos né pra chegar até ele antes desse processo a gente falou um pouco sobre a família, falamos um pouco sobre eles, sobre o mundo numa visão macro, até chegar o nosso país.
Paulo Roberto Padilha (IPF): o marco referencial vai então ser este chão onde todos pisam, onde todos se aceitam para a partir dele terem segurança sobre o que querem transformar na sociedade em que vivem, sobre o que querem aprender dando portanto sentido a esta aprendizagem.
Música instrumental...
Mulher 1: Essas pessoas bem felizes eu queria que o mundo ficasse tudo assim.
Aplausos.
Sônia Mara da Silva (Educadora): : Muito bom.
Fala alunos: Um país com a família reunida, com muito dinheiro, saúde...
Rosilene Oliveira Costa (Educadora): um de cada vez, vamos lá! Um país:
Fala alunos: menos corrupção, gostaria que tivéssemos um país fraterno onde as pessoas respeitassem umas as outras e que todos tivessem as chances iguais.
Paulo Roberto Padilha (IPF): Quem participa deste processo, da definição do mapa referencial?! Participam todos os alunos envolvidos, os professores, a direção da instituição que está oferecendo este curso, enfim todas as pessoas direta ou indiretamente envolvidas no processo de ensino aprendizagem. E pra que que ele serve?!
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