USANDO JOGOS E PROJETOS PARA TRABALHAR A PLURALIDADE CULTURAL

USANDO JOGOS E PROJETOS PARA TRABALHAR A PLURALIDADE CULTURAL

A temática “História e Cultura Afro - brasileira” virou obrigatoriedade no Brasil através da lei 10.639, sancionada em nove de janeiro de 2003, vivenciei e coloquei em prática esse tema em minhas aulas de matemática, quando introduzi os jogos Mancala, conhecido também por jogos de semeadura, é considerado o “pai” dos jogos africanos. O Mancala requer concentração, estratégias prévias, contagem e captura, podendo ser comparado ao jogo xadrez. Assim, o aluno tem contato não só com as competências que envolvem os jogos, mas também com a história de tribos africanas e o olhar de cada uma aos conhecimentos e práticas matemáticas.

Sendo licenciada em Matemática, o curso me proporcionou discursões valiosas em torno da diversidade cultural, quando estudei a Etnomatemática. Alavancando pensamentos sobre práticas diversas e culturais em que a matemática pode e deve ser trabalhada. Ocasionando o meu contato com os jogos africanos e desenvolvendo pensamentos úteis para a aplicabilidade da Pluralidade Cultural em sala.

Em geral, os jogos quando bem elaborados e aplicados de forma significativa, proporcionam ao aluno um envolvimento social de valor inestimável. Ou seja, quando trabalhamos o Mancala valorizando sua origem e desvelando outros conhecimentos sobre a região ao qual surgiu, estamos possibilitando a aproximação à cultura africana e revelando a nossa identidade nacional.

Restaurar a cultura africana não remete apenas às pessoas de descendência negra, mas a todos, já que essa cultura desenvolveu processos importantíssimos a humanidade e contribuiu, e muito, para a construção do nosso papel na sociedade brasileira.

Quando aplicamos os jogos Mancala, percebemos o quanto os nossos alunos estão enraizados em pensamentos preconceituosos, pois muitos ficam surpresos em saber que o Egito, por exemplo, se encontra em território africano. É através dessa surpresa, instigada pela observação e pesquisa que desenrolamos a história das tribos africanas e as suas contribuições para a humanidade. É uma oportunidade para absorção de novos saberes, debates sobre a vida e os comportamentos socioculturais de tais tribos e o entendimento de forma respeitosa com tais vivências.

Antes de colocar o jogo em prática, os alunos pesquisam e anotam fatos ou acontecimentos importantes da sociedade africana que influenciaram o raciocínio lógico matemático. Após a pesquisa, o debate realizado pelos alunos evidenciou alguns hábitos que nós possuímos e que já eram trabalhados a muito tempo pelos africanos e nos pertencendo até hoje.

Captar essa essência da diversidade cultural não é tarefa fácil, pois os alunos como indivíduos do meio em que vivem trazem consigo ideias, crenças e identidades próprias que podem gerar exclusão de outro indivíduo e até mesmo a discriminação étnica.

Cabe ao professor entender essas individualidades e deixar claro que certas crenças e culturas, não são para serem absorvidas, mas sim conhecidas, analisadas e respeitadas por todos.

Tanto escola como família devem ser o elo para cultivar o respeito e disseminar elementos e experiências que façam o aluno desenvolver pensamentos críticos relevantes à sociedade, construindo uma identidade não só individual, mas também coletiva.

Os projetos interdisciplinares