A Ansiedade na Psicologia
Por: Mlie • 22/10/2019 • Abstract • 1.201 Palavras (5 Páginas) • 269 Visualizações
Ansiedade
São seis da manhã, um novo dia se inicia. Eu me despeço do toque macio de minhas cobertas floridas e me levanto calmamente, já que o sono ainda exerce algum efeito sobre mim e a preguiça insiste em ficar. Após alguns bocejos, apanho meu uniforme branco com azul e caminho em direção ao banheiro vagarosamente. Tomo uma ducha rápida e ocupo-me durante alguns minutos em averiguar minhas redes sociais antes mesmo de sair do banheiro. Abro o Whatsaap e respondo a algumas mensagens com entusiasmo e gentileza, logo em seguida, abro o Instagram e verifico quantas pessoas visualizaram o status publicado por mim no dia anterior. Fico satisfeita.
Vou em direção à cozinha, onde sinto o aroma inconfundível do café fresco me convidando a experimentá-lo. Depois de saborear o café da manhã, pego rapidamente minha mochila e a coloco em minhas costas posicionando-a confortavelmente, ao passo que ando em direção à porta, pois tenho consciência de que se eu demorar alguns minutos a mais, me atrasarei.
Durante o trajeto até a escola, admiro a paisagem ao meu redor e cumprimento as pessoas com quem me deparo de maneira sorridente e gentil. Chego à escola e a primeira coisa que faço é olhar em meu relógio para checar o horário e logo penso: ‘Ufa, não me atrasei’. Entro na sala e cumprimento meus colegas, indo em direção ao lugar onde sento diariamente. O professor entra e a aula começa. Eu estou tranquila, nada ofegante, tudo em minha vida vai bem, tenho inteligência e controle emocional para lidar com quaisquer situações.
Naquele dia de aula eu apresentei um trabalho de maneira calma e consegui um excelente “feedback”, realizei duas provas difíceis onde não obtive tanto êxito, mas disse a mim mesma ‘tá tudo bem, você é mais que isso’. Também conversei com algumas colegas sobre diferentes assuntos e em certo ponto da conversa, respondi calmamente a alguns comentários feitos por uma delas a respeito de minha aparência, tentando lhe explicar que me amo acima de qualquer coisa e que não preciso mudar absolutamente nada. Mexi em meu celular e me mantive “online”. Olhei-me no espelho do banheiro da escola e me elogiei porque eu realmente estava linda. Vi pessoas discutindo, vi pessoas à flor da pele, mas não me afetei com isso a ponto de me desesperar ou me preocupar demais.
A aula termina, eu me despeço das pessoas ao meu redor e retorno à minha casa, tranquilamente. Aprecio a vida, a natureza, as pessoas, enquanto ouço algumas músicas. Chego em casa, tomo uma ducha tranquila, me visto e preparo omelete para comer. Depois do prazer de comer aquela deliciosa omelete, eu vou fazer minhas tarefas e estudar por mais ou menos uma hora, para posteriormente dormir. Minha vida está em ordem. Tudo vai bem. Meus planos estão dando certo. Eu até consigo deixar o omelete no ponto e retirá-lo da frigideira sem que se despedace.
Se você leu tudo isso e se identificou com o relato exposto, realmente é preciso parabenizá-lo, pois você desconhece uma das doenças mais temidas do século: a ansiedade.
Eu me chamo Emilie Miranda de Souza, tenho 17 anos e sofro com o transtorno de ansiedade. Enquanto digito essas palavras meu coração está acelerado, estou ofegante, minhas mãos estão suando e em minha mente eu não consigo deixar de pensar em como você irá julgar tudo o que eu estou escrevendo, temo que não lhe agrade, o que me deixa aflita.
Provavelmente você já deve ter ouvido a respeito do assunto, mas talvez não tenha ouvido com a clareza necessária. Depois de algum tempo convivendo com a ansiedade diariamente, eu me dei conta de que é preciso relatar às pessoas como ela me afeta e quão prejudicial ela é, pois, percebo que muitas pessoas não dão a devida atenção a esse transtorno.
Para uma pessoa com ansiedade, praticamente inexistem noites bem dormidas. Nós passamos noites em claro, choramos, ficamos ofegantes, pensando em como será o outro dia, alimentando o medo de fracassar, de perder o controle de tudo, de não obter a aceitação, entre mil outras preocupações que para a maioria das pessoas são insignificantes.
Você vira de um lado para o outro, sente-se sufocando com o próprio ar, abre os olhos e só vê escuridão, então você os fecha e se depara com a mesma situação. Simplesmente não avista uma saída daquele beco escuro no qual você se encontra. E sabe por quê? Porque tudo está dentro de sua mente, o seu cérebro parece ser incapaz de se desligar e quando ele aparentemente se desliga, você é surpreendido com sonhos e pesadelos agoniantes que lhe atormentam.
Na manhã seguinte, é preciso aprender a lidar com o cansaço, pois acordamos exaustos, cansados, ofegantes, com um turbilhão de pensamentos negativos insistentes em nossa mente. Ao invés de pegarmos o celular tranquilamente, o apanhamos com pressa esperando visualizar a mensagem tão esperada, sem saber o que fazer se ela não estiver lá.
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