O Trabalho de Personalidade
Por: Biatriz Resende • 24/9/2022 • Trabalho acadêmico • 2.557 Palavras (11 Páginas) • 133 Visualizações
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE PATO BRANCO – UNIDEP
CURSO DE PSICOLOGIA
ALINE MULLER
BIATRIZ RESENDE MUNIZ
IGOR TOMAZI LOVO
JOSIANE OLIVEIRA PALAORO
EXPECTATIVAS FRENTE AO PRIMEIRO PACIENTE: O LADO EMOCIONAL DE ACADÊMICOS DE PSICOLOGIA
PATO BRANCO – PR
2021
1. INTRODUÇÃO
Compreende-se que existe uma determinada dificuldade nos primeiros contatos da relação terapeuta-paciente, visto que esta detém de atribuições íntimas e específicas, as quais na maioria das vezes, são difíceis de serem expostas e “colocadas pra fora”, para muitos indivíduos o fato da própria timidez, outros embora sejam pessoas extrovertidas podem apresentar dificuldade em manifestar-se, conversar sobre assuntos que o acometem psicologicamente (MOURA, 1999).
Sabe-se que em algumas épocas passadas, o tratamento psicológico e terapêutico era envolvido por diversos preconceitos, os quais foram minimizados com o passar do tempo, podendo-se perceber que o campo da psicologia, vem surgindo cada vez com mais destaque e reconhecimento social, mostrando-se imprescindível nos dias de hoje, nos quais vivenciados um período de pandemia mundial (MOURA, 1999).
Para tanto, há que se destacar que além de muitos pacientes sentirem-se receosos em buscar esse método de ajuda, existem também profissionais, na grande maioria os recém formados, que se deparam com dúvidas, medos e anseios em atuar de forma satisfatória, visando atingir seus objetivos, contudo, ficam na dúvida se estão agindo de maneira adequada e contribuído de forma real com as expectativas de seus pacientes (LINS ET AL, 2015).
No presente trabalho aborda-se acerca da relação terapeuta-paciente, a qual deve ser permeada de confiança de naturalidade, afim de conduzir o paciente a discorrer de forma espontânea sobre seus anseios, dúvidas e limitações, enfim sobre o fato que os encaminhou a buscar a ajuda terapêutica. Afinal, buscar por um procedimento terapêutico, é ainda uma situação desafiadora para muitos.
Para isso, neste trabalho, elaborou-se cartas como se estas estivessem sendo encaminhados a seu primeiro paciente, a fim de verificar como pode-se considerar o perfil profissional de futuros psicólogos terapeutas.
2. DISCUSSÃO
Se lidar com os nossos próprios problemas já é difícil, imagine lidar com o dos outros, acho que é por isso que sentimos tanto medo do primeiro atendimento, o que falar? Como devo me vestir? Onde eu devo intervir? E se ele chorar? Aprendemos no decorrer dos anos a teoria, mas na prática a história é diferente. Não tem um protocolo a ser seguido, cada caso é um caso, cada um com suas singularidades. Voltamos a nos sentir crianças, com medo, só querendo o apoio dos professores nesse momento para nos auxiliar e dar um norte.
Todos passamos por inseguranças, dúvidas e medos, principalmente ao experienciar algo novo e sair da zona de conforto, porém passar por essas inseguranças, e experiências faz parte do nosso desenvolvimento. Com o primeiro atendimento não é diferente, temos muitas dúvidas e receios. Mas afinal por que sentimos tanto medo? Entramos na faculdade sonhando com esse dia e como ele vai ser, e conforme chegamos perto da data o desespero aparece, acreditamos não estar preparados o suficiente.
[pic 1]
Como sabemos, o primeiro contato com um paciente na prática acaba gerando uma sensação de angústia para muitos dos estudantes, o medo de errar, de falar algo que não devia, o sentimento de despreparo está muito presente, vê-se isso nos seguintes trechos das cartas:
“Com certeza vou ter inseguranças e receios, e provavelmente não saiba o que fazer em alguns momentos”
Não sei muito bem o que estou fazendo ainda, mas definitivamente vou me esforçar [...] Com certeza vou ter inseguranças e receios, e provavelmente não saiba o que falar em alguns momentos[...]
[...] Eu nem ao menos sei como aplicar na prática tudo o que aprendi, mas eu estou aqui, pronta pra escutar o que você tem a dizer, e se mesmo assim ainda estiver inseguro de si, acalme-se, pois no fundo eu também devo estar. [...]
[...] compartilho de vários medos, afinal sou humana também, um deles é do meu melhor não ser suficiente[...]
Estudos mostram que a experiência emocional do acadêmico pode interferir na sua atuação frente ao paciente, podendo causar reações defensivas ou até mesmo deixá-lo sem reação, sem saber o que fazer. Isso pode acarretar um prejuízo tanto para o estudante quanto para o paciente, já que ambos podem se sentir frustrados. É normal que haja uma certa ansiedade perante o primeiro paciente, já que esperamos tanto por esse momento, porém temos que aprender a controlá-la para que isso não nos afete (RIBEIRO, et al, 2008).
A primeira experiência com um paciente, vivida por estudantes de psicologia tende a ser muito ansiógena, e apresenta características como o medo de rejeição pelo paciente, a quebra de expectativas em relação ao paciente ideal, a cobrança pessoal, assim como desconforto com as próprias limitações, porém também são relatados sentimentos de satisfação pessoal. (MURTA e ROCHA, 2014).
Sentir medo é normal, afinal esperamos tanto por esse momento, e estamos prestes a descobrir os segredos mais profundos de alguém, de ser a última esperança para muitas pessoas, somos a chave para abrir inúmeros caminhos, ser psicólogo não é uma tarefa fácil, por isso sentimos tanto medo. O poema de Walmir Monteiro retrata muito bem isso onde ele diz:
Somos psicólogos e trememos diante da constatação
de que temos instrumentos capazes de
favorecer o bem ou o mal, a construção ou a destruição.
Mas ao lado disso desfrutamos de uma inefável bênção
que é poder dar a alguém o toque, a chave que pode abrir portas
para a realização de seus mais caros e íntimos sonhos.
Quero, como psicólogo aprender a ouvir sem julgar,
ver sem me escandalizar, e sempre acreditar no bem.
Mesmo na contra-esperança, esperar.
E quando falar, ter consciência do peso da minha palavra,
do conselho, da minha sinalização.
As cartas são muito semelhantes entre si quando observado o quesito de insegurança e medo dos futuros psicólogos frente a seu primeiro paciente. Porém, é possível notar também uma diferença de como cada um se coloca na carta, uns de forma mais profissional, não expondo tanto suas fragilidades e dificuldades, já em outras cartas, é notório como o sujeito expressa mais nitidamente seu lado sentimental, expondo seus problemas e dificuldades como forma de dizer: “oi, eu sou sua terapeuta, mas eu sou humana também e tenho problemas fora desse consultório assim como você”.
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