Observação de um Adolescente
Por: NataliaBettoni • 13/5/2016 • Relatório de pesquisa • 1.164 Palavras (5 Páginas) • 1.979 Visualizações
Dados de identificação:
Sexo: Feminino Idade: 13 anos
A adolescente observada tem em média cinquenta e seis quilos, e um metro e sessenta centímetros de altura. Pele e cabelo morenos, olhos castanho escuro, com cílios bem grandes, sobrancelha no tom do cabelo e boca bem avermelhada.
No primeiro dia de observação estava vestindo uma camisa branca e uma bermuda jeans.
Já no segundo dia de observação encontrava-se vestindo o uniforme do colégio ao qual estuda, e, horas depois, se encontrava vestindo seu pijama.
Local da Observação:
No primeiro dia de observação, a adolescente observada ficou na sala de TV, um lugar bem iluminado e aconchegante; as paredes são em tom claro, combinando com o tom do sofá e dos pufes.
Já no segundo dia de observação a adolescente ficou em dois ambientes. O primeiro é a varanda, um ambiente aberto e amplo, onde há cadeiras, um banco de madeira e uma mesa de centro. O segundo ambiente é o quarto da adolescente e de seu pai, um lugar bem iluminado e arejado, não muito grande, as paredes são em tons de azul; no quarto à cama, armários e uma mesa.
Relato da observação:
Domingo, 18 de outubro de 2015 (13horas às 15horas)
Ao chegarmos a casa fomos recebidas pelo pai que descansava na varanda, logo a adolescente observada nos cumprimentou com um aceno rápido, em seguida retornou a sala, onde ligou a TV, deitou em um dos sofás e ficou mexendo no celular.
A adolescente largava o celular apenas para assistir algo que estava passando na TV, quando a interessava, no restante do tempo ficava com o celular na mão, ria supostamente de alguma conversa que deveria estar tendo e faz pouco caso quando seu pai fala com ela.
Enquanto está deitada no sofá, fica o tempo todo com o dedo na boca, roendo as unhas. Levanta algumas vezes para tomar água e comer alguma coisa e já volta pra sala.
Seu pai pede pra que o ajude nos afazeres de casa, ela o responde de maneira rude e não vai ajudar. A única coisa que fez, bem depois de seu pai ter pedido, foi arrumar a cama onde os dois dormem.
Depois de ter arrumado a cama, retornou ao sofá, continuou deitada, com o celular na mão e acabou pegando no sono por algum tempo.
Quando acordou saiu para caminhar com sua amiga, mesmo contra ordens de seu pai.
Sexta – Feira, 23 de outubro de 2015 (19h30min. às 21horas)
Ao chegarmos fomos recebidas pela adolescente, seu pai e sua irmã que se encontravam na varanda da casa tomando chimarrão, apenas o pai levantou para nos cumprimentar, a adolescente e a irmã apenas nos deram um aceno dos seus lugares.
Enquanto permaneceram na varanda os três conversavam sobre o dia e sobre assuntos da família, a adolescente era a que menos interagia, respondendo apenas o que lhe perguntavam e com pouco caso.
Depois de cerca de meia hora que estávamos lá, ela levantou e foi se organizar para tomar banho. Pegou seu pijama para vestir e deixou a roupa que usava, seu uniforme, jogado no chão do quarto.
Quando terminou seu banho passou na cozinha para pegar comida, retornou na varanda onde seu pai e sua irmã continuavam conversando, permaneceu lá até que terminou de comer.
Após se alimentar foi até seu quarto onde permaneceu deitada, mexendo no celular e ouvindo música com seu fone de ouvido. O pai, depois de certo tempo entrou para pedir se a adolescente queria jantar, ela apenas balançou a cabeça em negação.
Ela ficou no quarto com o celular e ouvindo música e depois acabou pegando no sono com o fone no ouvido.
Relação Teoria/Prática:
TEORIA | PRÁTICA |
Segundo Aberastury, o adolescente opta por uma “identidade negativa”, já que para ele, “é preferível ser alguém perverso, indesejável, a não ser nada” (Aberastury e Knobel, 1989, p. 32). | A adolescente observada contradiz seu pai e sua irmã; convive pouco com ambos, apesar de morarem juntos; trata-os de maneira rude e é bastante calada. |
Para Aberastury, “o grupo (amigos) constitui, a transição necessária no mundo externo para alcançar a individualidade adulta” (Aberastury e Knobel, 1989, p. 37). | A adolescente tem uma relação muito boa com suas amigas. No primeiro dia de observação, mesmo contra as ordens do pai, saiu para caminhar com uma dessas amigas. |
Aberastury dia que os “momentos de solidão costumam ser necessários para que fora possa ficar o tempo passado, o futuro e o presente, convertidos assim em objetos manejáveis” (Aberastury e Knobel, 1989, p. 43). Segundo ela, essa capacidade de ficar só é um sinal de maturidade que só é atingido após essas experiências de solidão, que se mostram adolescentes na adolescência. | A adolescente passa a maior parte do tempo sozinha nos ambientes da casa, e se mostra mais confortável nesses momentos. |
Outra característica marcante do período da adolescência é a contradição. Segundo Aberastury (1989), somente mais tarde, com a maturidade, o indivíduo poderá aceitar ser independente dentro de um limite necessário de dependência. Enquanto isso não acontece, prevalece a contradição, a ambivalência, a dor e as fricções com o meio familiar e social. | A adolescente contradiz seu pai em vários momentos. Quando ele pede ajuda nos afazeres e a convida para ir até a cozinha jantar ela é rude e o contradiz. |
Um dos lutos da adolescência é o luto pelos pais da infância. Assim como o adolescente, a família também enfrenta o luto. Aberastury e Knobel comentam que “não só o adolescente padece esse longo processo, mas também os pais têm dificuldades de aceitar o crescimento como consequência do sentimento de rejeição que experimentam frente à genitalidade e à livre manifestação da personalidade que surge dela”. | A adolescente ainda dorme com seu pai. Apesar das divergências na relação de ambos, o pai parece ter dificuldade de se desprender disso. |
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