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Pacientes Bordeline. A Parte Psicótica da Personalidade

Por:   •  13/2/2017  •  Trabalho acadêmico  •  1.741 Palavras (7 Páginas)  •  604 Visualizações

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Psicoses.

Pacientes Bordeline. A Parte

Psicótica da Personalidade

Conceito

Durante muito tempo, o termo borderline designava um estado de psiquismo do paciente que,clinicamente, estivesse na fronteira, no limite entre a neurose e a psicose. No início, o termo Borderline se encontrava na “fronteira da psicose”, mais especificamente na esquizofrenia. Com o tempo, esse transtorno se aproximou dos transtornos afetivos. o surgimento dos estudos sobre Borderline origina-se em 1801, tentando ser designado e conceituado, porém somente na década de 40/50 que se consegue aproximar do

entendimento atual, que ainda difere entre alguns pesquisadores.

O paciente borderline está cada vez mais presente nos consultórios

talvez porque seja possível diagnosticá-lo com maior precisão nos dias atuais. Há controvérsias quanto a definição do conceito Borderline . Entretanto, é preciso entender que Borderline é uma parada no desenvolvimento do sujeito, consistindo em estruturas de transição. Não é uma patologia simples (se assim pode ser chamado) no sentido de que é preciso compreender, além da sua sintomatologia, o seu real funcionamento, sabendo diferenciar de outros diagnósticos.

Para entender melhor devemos abreviar as seguintes características dos pacientes borderline:

Todos os aspectos inerentes à parte psicótica da personalidade, em algum grau e forma, estão presentes nesses pacientes fronteiriços.

Pacientes borderline conservam um juízo crítico e o senso da realidade, é bastante freqüente a presença de sintomas de “estranheza” (em relação ao meio ambiente exterior) e de “despersonalização” (estranheza em relação a si próprio).

Os pacientes borderline apresentam um transtorno do sentimento de identidade, o qual consiste no fato de que não existe uma integração dos diferentes aspectos de sua personalidade.

Esse tipo de paciente tem de transmitir uma imagem integrada, coerente e consistente de si próprio e, assim, deixa os outros confusos em relação a ele, transmitindo uma sensação de que ele é uma pessoa “esquisita” Uso excessivo da defesa de “clivagem” (dissociação). Também existe a presença permanente de uma ansiedade difusa e uma sensação de “vazio crônico”que acompanham uma “neurose polissintomática”. Muitas  vezes, adquirem

uma natureza de sexualidade perversa e sadomasoquista.

 Em casos mais avançados, podem aparecer manifestações pré-psicóticas, como é o caso de personalidade paranóide, esquizóide, hipomaníaca, neuroses impulsivas, transtornos alimentares graves, drogadicções, psicopatias.

MANEJO TÉCNICO DAS PSICOSES CLÍNICAS

Em relação às “psicoses propriamente ditas”, tal como são descritas na psiquiatria, é consensual a existência de uma evidente lacuna entre os profundos avanços de nossa complexa metapsicologia e os limitados alcances de nossa prática analítica.

A analise de psicóticos foi de interesse vital nos anos 50, como uma tentativa de mostrar que eles podiam ser tratados exclusivamente pela técnica psicanalítica clássica, aberturas para o estudo a para o tratamento de pacientes bastante regredidos (borderline, transtornos narcisistas, perversões, etc.) que ate então não tinham acesso à psicanálise.

Hoje a maioria dos psicanalistas preconiza o uso de métodos alternativos, em um arranjo combinatório de múltiplos recursos, como por exemplo, a simultaneidade de método analítico e o uso de psicofármacos.

2- Valorização da realidade externa: no paciente psicótico os analistas contemporâneos hierarquizam a importância dos objetos externos, reais, com ênfase nas primitivas fantasias inconscientes e nos objetivos parciais introjetados.

3- Relações familiares: dois aspectos especiais:

Discurso dos pais primitivos (modeladores o inconsciente do sujeito)

Designação de papeis fixos a serem cumpridos no contexto da dinâmica familiar.

A corrente sistêmica denomina “paciente identificado” aquele que assume o papel forçado pelo restante da família “sadia”. Da mesma forma, ninguém duvida que existe, sim, uma” transferência psicótica” do paciente em relação ao analista, com características singulares. É útil diferenciar essa forma de transferência daquele conceito de psicose de transferência. O analista deve partir do principio de que todo paciente psicótico, por mais desagregado que esteja, sempre em uma parte não psicótica, a qual ele deve aliar-se.

É essencial que se mantenha a preservação do setting básico instituído com uma forma de assegurar a indispensável manutenção dos limites, da valorização do principio da realidade e da diferenciação dos respectivos papeis.

Função do terapeuta não é de assumir o papel de mae, ou pai, faltante, mas, sim, a de suprir, por meio de uma adequada função martenagem, essa deficiência que, certamente, acompanha a esse paciente. Um dos recursos técnicos considerados mais importantes no tratamento analítico com personalidades psicóticos consiste em propiciar a esse paciente o desenvolvimento gradativo da capacidade para estabelecer um diálogo interno consigo mesmo .Cabe enfatizar que sem perder a essência psicanalítica, esta plenamente justificada a utilização por parte do analista de uma Técnica de apoio desde que fique bem claro que o emprego de apoio não é o mesmo que dar conselhos, consolo, ser bonzinho, não frustra ou não estabelecer limites.

 4- Colaboração multidisciplinar: os psicanalistas estão permeáveis às contribuições de epistemólogos, neurólogos, lingüistas e geneticistas, bem como das ciências cognitivas e da neurociência, alem da muito especialmente, moderna psicofarmacoterapia.

5- Tratamento múltiplo: é combinar com outros métodos alternativos ao método analítico, como diversas formas de psicoterapia, grupos de auto-ajuda, medicação psicotrópica, eventual hospitalização ou a utilização de um hospital-dia.

 6- A pessoa real do analista: a influencia da “pessoa real do analista”, a qual vai muito alem de sua competência profissional de interpretar corretamente na transferência. Um sistema de coordenadas em forma de “L” em que o vertical são as interpretações do analista, e a horizontal a atitude psicanalítica interna do analista. Quanto mais bem-estruturado for o psiquismo do paciente, mais cabe a eficiência da função interpretativa do analista, no entanto quanto maior for o estado de regressão do paciente notadamente nas psicoses, mais cresce a relevância da pessoa real do analista que – mercê de sua sensibilidade ao sofrimento, respeito e tolerância as falhas e limitações, sua capacidade de continência e de sobrevivência ante as pulsões amorosas, eróticas, agressivas e narcisistas, seus valores, acreditar e, de fato, gostar do seu paciente psicótico, executa uma importante função de preencher primitivas faltas e falhas parentais.

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