RESENHA: Psicoterapia de Orientação Analítica (Cláudio L. Eizirik)
Por: amd_anzolim • 22/2/2024 • Resenha • 1.118 Palavras (5 Páginas) • 100 Visualizações
RESENHA: Psicoterapia de Orientação Analítica (Cláudio L. Eizirik) – CAP. 05 – “Conceitos Fundamentais na Abordagem do Ego e suas defesas”
O texto apresenta uma análise sobre a evolução dos conceitos de ego e defesa na obra de Freud, bem como a contribuição relevante de vários autores, inclusive Anna Freud, para esses conceitos. Ele inicia a apresentação do entendimento inicial de Freud a respeito do ego, descrevendo sua função como um intermediário entre os processos internos e a realidade externa, além de sua função preventiva na psique.
Uma das principais partes do texto é a descrição da transição de Freud para a teoria estrutural, na qual o ego surge como uma entidade central na psique, mediando conflitos entre o id, o superego e a realidade externa. Além disso, o texto examina a conexão entre o ego e as defesas psicológicas, realçando como o ego utiliza mecanismos de defesa para proteger a mente de conteúdos mais intoleráveis.
O texto apresenta, acima de tudo, uma visão abrangente acerca das concepções teóricas e práticas relacionadas à análise de defesas na psicanálise, destacando as contribuições de vários autores e abordagens.
Anna Freud contribui significativamente para a compreensão, mostrando como ela aperfeiçoou e elaborou os conceitos de defesa e ego, dando ênfase a relevância de tornar as defesas inconscientes conscientes durante a terapia. Ela também estabeleceu novas ideias, como por exemplo a transferência como uma forma de defesa e a relevância de reconstituir a sequência da manifestação do impulso de acordo com o contexto.
A análise dos conceitos sobre o ego posso contribuições de diversos outros teóricos como W. Reich, R. Sterba, H. Nunberg e Fenichel, cada um trazendo sua perspectiva para o entendimento do ego, das defesas e dos traços de caráter.
W. Reich, por exemplo, propõe que as táticas defensivas se fixam na personalidade, tornando os traços de caráter como uma barreira difícil de ser modificada, o que acaba resultando em resistências ao tratamento psicoterápico. Essa perspectiva frisa a complexidade dos conflitos psicológicos e a resistência à mudança. R. Sterba e H. Nunberg destacam a relevância da função sintética do ego na resolução de conflitos internos e na formação de uma aliança do ego entre paciente e analista, respectivamente, reforçando a importância do ego na dinâmica psíquica.
O texto destaca, também, a contribuição de Fenichel para a integração da psicologia do ego na corrente principal da psicanálise. Sua abordagem sistemática e seu foco na análise das defesas como um processo que vai do superficial ao profundo são apontados como elementos fundamentais ainda presentes na prática clínica contemporânea. Fenichel também aborda o problema da sugestão na psicanálise, reconhecendo que ela é inevitável na situação clínica, mas também mostra a relevância de tirar o trabalho analítico dessa influência que enfraquece o ego.
Paul Gray focaliza a análise das defesas como uma maneira de penetrar no centro dos conflitos psicológicos. Gray critica a tendência dos analistas em focar nos instintos e seus derivados em prejuízo dos mecanismos de defesa que impedem sua expressão. Ele airma que essa abordagem limita a compreensão do funcionamento mental do paciente e impede o progresso da prática clínica.
A principal contribuição de Gray é o aumento da capacidade de auto-observação do paciente, principalmente em relação à formação das defesas a partir dos conflitos intrapsíquicos. Ele sugere que os terapeutas se dediquem ao momento presente da terapia, observando atentamente as mudanças mentais do paciente durante a sessão.
Além disso, Gray ressalta a importância da avaliação do superego e das ações de defesa que inibem a ação agressiva. Ele sugere que os terapeutas evitem explorar as transferências do superego, porque isso pode prejudicar as defesas do paciente. Em vez disso, ele defende que o analista tome uma postura neutra para evitar a ativação das projeções do superego no paciente.
Gray destaca a relevância de comprometer o ego do paciente com o tratamento, auxiliando-o a desenvolver suas próprias capacidades autônomas. Ele desenvolve uma técnica com o objetivo de aprimorar a percepção do paciente em relação aos conteúdos inconscientes, tornando sua rotina de vida menos neurótica.
Porém, é fundamental levantar algumas questões relevantes em relação às ideias de Gray. Por exemplo, sua atenção à análise das defesas pode ser limitada, já que ignora a relevância dos impulsos e desejos que motivam essas defesas. Ainda, sua abordagem parece entregar ao paciente uma grande capacidade de autoconhecimento e independência, o que acaba ignorando as dinâmicas inconscientes que podem impactar o tratamento.
Uma outra consideração é a perspectiva de Gray em relação à contratransferência, que parece muito simples quando atribui atrasos na técnica psicoterápica à contrarresistência. A contratransferência é um fenômeno muito complexo que pode ter um papel significativo na terapia, e sua compreensão precisa uma abordagem mais aprofundada.
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