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Resenha crítica – Psicoterapia Cognitiva

Por:   •  9/7/2018  •  Resenha  •  1.304 Palavras (6 Páginas)  •  418 Visualizações

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Resenha crítica – Psicoterapia Cognitiva

        A terapia cognitiva foi desenvolvida por Aaron Beck e mundialmente difundida. Esta abordagem se dá pelo modelo cognitivo que pode ser aplicado a diversas situações, sendo mais freqüente a depressão, ansiedade e transtornos de personalidade.

        Pode-se identificar influências de outras abordagens já existentes para a construção do modelo de Beck, tais como a fenomenologia, a comportamental e alguns escritos sobre a cognição.

        O texto traz que existem alguns estudos que sugerem que os efeitos da psicoterapia cognitiva são equivalentes aos efeitos de algumas medicações para depressão maior. Cabe aqui uma ressalva, de que é preciso estar atento para não cair em armadilhas científicas. Todo profissional deve ter o compromisso de avaliar quando a psicoterapia por si só não é tão eficiente e precisa de complementação com tratamento medicamentoso. É preciso avaliar cada caso e cada realidade, sem se ater somente a dados estatísticos e/ou sugestivos de alguns estudos. Deste modo, não se trata de questionar a eficácia da terapia cognitiva, mas preservar um compromisso ético com o bem estar do indivíduo atendido.

        De fato, a terapia cognitiva é muito eficiente para casos de ansiedade, transtornos de personalidade, problemas alimentares e de uso de substâncias psicoativas, graças ao amplo acervo de modos de aplicação de suas técnicas.

        A base do modelo cognitivo se dá por: pensamentos automáticos, que são espontâneos e surgem sem que percebamos no dia a dia; crenças intermediárias, que são um segundo nível de pensamento e geralmente ocorrem sob forma de suposições ou regras aplicadas nos comportamentos do indivíduo; e as crenças centrais, que são o nível mais profundo da estrutura cognitiva e são aquelas ideias mais rígidas e concretas que o indivíduo tem sobre sua vida, geralmente são as “certezas absolutas” que se tem sobre si mesmo. As crenças centrais também são caracterizadas por ter forte ligação com vivências e experiências da infância que vão se confirmando ao longo da vida.

        Um outro ponto trazido neste modelo cognitivo são as distorções cognitivas. Elas estão muito ligadas aquele nível mais superficial de pensamentos. Contribuem para o indivíduo chegar a conclusões mesmo sem evidências, supergeneralizar fatos, catastrofizar e assumir posturas evitativas ao supor o que o outro pensa sobre ele.

        O interessante desta abordagem é que busca solucionar problemas do ponto mais acessível até o menos acessível, com técnicas cognitivas que permitem a psicoeducação, ou seja, ensinando ao próprio indivíduo como acessar estes pensamentos e crenças. Neste ponto, produz uma autonomia ao indivíduo, de posteriormente, fora da terapia, dar continuidade ao que aprendeu e traçar resoluções para as suas situações conflitantes. O foco é no agora, no que há de mais urgente e acessível, mas sem descartar o passado, sem desconsiderar a história infantil relevante ou os fatores antecessores a um comportamento disfuncional.

        De modo mais geral, a terapia cognitiva busca produzir mudanças no pensamento e no sistema de crenças do indivíduo, afim de promover mudanças emocionais e comportamentais duradouras (fazer com que ele seja seu próprio terapeuta).

        - Terapia cognitiva e Depressão: Segundo este modelo, quando o sujeito se encontra deprimido apresenta um padrão de pensamento negativo sobre si, sobre o mundo e sobre o futuro (pensamento automático negativo e distorções cognitivas). Também se percebe inadequado e sem valor (crenças centrais). Na depressão o esquema disfuncional é ativado, deixando de lado as crenças que poderiam ser funcionais. Os indivíduos distorcem sua experiência de vida em conformidade com a sua crença central disfuncional. É muito comum comportamentos de fuga e evitação e sentimentos de pessimismo e desesperança.

        -Terapia Cognitiva e Transtornos de Ansiedade: Quando se trata dos transtornos de ansiedade, o sujeito tem seus pensamentos relacionados a vulnerabilidade e ao perigo. Constantemente avaliam situações como perigosas, ainda que não sejam, e sempre se julgam incapazes de sobreviver ao perigo. Existe um círculo vicioso onde as reações de ansiedade são alimentadas pelo possível perigo e esse alto nível de ansiedade pode realmente colocar a pessoa em perigo e situações vulneráveis. Um comportamento freqüente é a evitação frente a pensamentos de catastrofização (distorção cognitiva). O modelo cognitivo possui diversos pressupostos técnicos e metodológicos para transtornos de ansiedade generalizada e transtornos obsessivos compulsivos. São comuns os pensamentos intrusivos, não desejados e que prendem a atenção.

        - Terapia cognitiva e Transtornos de Personalidade: O indivíduo com transtorno de personalidade mantém, de forma frequente, ativados os esquemas e crenças disfuncionais, deixando de lado os esquemas adaptativos. É algo muito mais constante do que nas patologias citadas anteriormente. Os esquemas ou as crenças centrais características dos transtornos de personalidade variam de acordo com o tipo de transtorno.

        Alguns dos princípios da terapia cognitiva são: estabelecer uma aliança terapêutica segura; manter um estilo de colaboração entre terapeuta e paciente, onde as decisões são tomadas juntas e o paciente é encorajado a trabalhar com o terapeuta em seu processo de tratamento; ter sempre um caráter educativo, ou psicoeducativo com atividades extrasessão e técnicas variadas de aprendizagem; estabelecimento de metas específicas para a terapia, e avaliação recorrente sobre o alcance dessas metas; sessões estruturadas, com ordens do que fazer e uma agenda prévia que é negociada com o paciente no início da sessão e modificada de acordo com a necessidade do paciente no dia; um tempo limitado para a terapia, mas vale salientar que isto não significa regrar o tempo e limitar as sessões, e sim, uma forma norteadora para o paciente e para o terapeuta. Alguns casos demandam mais sessões, e isto é absolutamente passível de mudanças. Por fim, trabalhar a questão das recaídas, como parte do processo terapêutico, e a prevenção delas.

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