PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

Instituto de Ciências Sociais

Beatriz Resende Demarques

AVALIAÇÃO UNIDADES 1 E 2

Belo Horizonte

2021

Parte 1

1. Comente os trechos do texto de Alba Zaluar com base nas discussões sobre o etnocentrismo

O texto em estudo menciona o assassinato de pessoas em situação de rua. O assassinato é movido pelo ódio a esse grupo de pessoas, um ódio que não deriva de inveja, frustração ou ressentimento, justificado apenas pela posição social da vítima. Tal atitude pode ser reconhecida em diversos casos semelhantes, onde a partir de um sentimento de superioridade, um indivíduo ou grupo social condena, persegue e agride todo e qualquer grupo que não esteja dentro de seus padrões, como exemplo: Ataques racistas, machistas, lgbtfóbicos e xenofóbicos.

Etnocentrismo é a visão demonstrada por alguém que considera o seu grupo étnico ou cultura o centro de tudo, portanto, num plano mais importante que as outras culturas e sociedades. No caso do ataque aos moradores de rua, a vítima e o agressor dividem o mesmo espaço de convívio, porém há uma distância psicológica entre suas realidades, transformando-as em grupos étnicos completamente diferentes. Na matéria de Alba Zaluar é identificada o maior dos exemplos de etnocentrismo que podem existir, o extermínio do próximo e qualquer um que o prejudique ou manche sua identidade, os assassinos pensam estar acima do grupo atacado, enxergam os moradores de rua como o problema, a sujeira de seu ambiente e justificam o assassinato como meio de limpeza da sua própria bolha existencial.

2. Como é realizado a pesquisa de campo em Antropologia? Que aspectos das práticas e representações sociais são descritos na etnografia?

Segundo Roberto Cardoso de Oliveira (2000, pag.18) a pesquisa de campo em Antropologia, se constrói a partir três condutas: O olhar, ouvir e escrever.

O olhar é a primeira forma de contato com o objeto estudado, logo, é nesse momento que o antropólogo deve então discipliná-lo usando-o não apenas como forma de observar o meio com ingenuidade ou curiosidade diante de algo exótico, mas com um olhar capaz de perceber cada detalhe, função e participação na cultura a qual está sendo observada. (Roberto Cardoso de Oliveira, 2000). Como forma de exemplificar este olhar disciplinado, o autor exemplifica-o como uma suposta visita à uma comunidade indígena. Nesta comunidade, o antropólogo observaria as malocas, sua disposição e características, a quantidade de fogos e redes, a fim de saber quantos indivíduos vivem lá, se são do mesmo grupo familiar ou agregados e quanto a forma de construção e trabalho para construção da moradia, tendo então já, um compilado de informações que trazem uma primeira conclusão e certo alcance às informações culturais.

O ouvir assim como o olhar, é uma faculdade que possui uma significação específica quando se trata de uma pesquisa antropológica e o complementa. Após a observação, há elementos que estão inseridos dentro de linguagens, símbolos e nomenclaturas que apenas o ouvir pode explicar. (Roberto Cardoso de Oliveira 2000)

Há de se lembrar da limitação linguística entre etnólogo e nativo e da distância psicológica entre esses indivíduos. A melhor maneira de conduzir a entrevista seria, portanto, colocando o entrevistado numa posição não de informante, mas de interlocutor. Criando assim um diálogo entre iguais e formando um encontro etnológico. Promovendo a observação participante e então uma boa convivência e aceitação do pesquisador na sociedade estudada. O ato de ouvir pode revelar crenças, trazer informações sobre a comunicação entre nativos e uma infinidade significados que assim como o olhar, complementa no alcance cultural.

O escrever é o processo de transcrição após a escuta e observação. Nele pode ser incluso, além dos relatos escritos, vídeos, fotos e gravações sonoras. Estas são as formas de registro de tudo que foi estudado e é nelas que está consolidada a etnografia. Seu objetivo seria descrever o modo de organização social, os membros e o cotidiano do objeto de estudo. É a conclusão de todo processo, o antropólogo deve reunir o material coletado, inclusive anotações e gravações e transformá-los no seu trabalho final.

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