A Politica Social

Universidade Federal Fluminense

Escola de Serviço Social

Disciplina Política Social I

Exercício: filme Germinal

Nome: Helen de Barros Pereira Moraes

O filme Germinal retrata o cotidiano de exploração vivido pelos trabalhadores das minas de carvão numa pequena região da França, Montsou. Durante o filme, muitas questões importantes são trazidas: conceitos sobre capitalismo e comunismo, debates sobre relações familiares e de trabalho, luta de classes existente na sociedade capitalista, o processo de instalação do capitalismo e os abismos sociais  (enquanto os capitalistas esbanjavam boa vida, os trabalhadores passavam fome). Além disso,  o filme, principalmente, deixa explícito as péssimas condições de trabalho e o processo exploratório dos operários.

A classe de operários vive para a produção de lucro dos capitalistas, a burguesia mostra-se incessantemente dominante, seus objetivos financeiros estavam sempre acima de tudo, movidos pelo credo liberal de entender o liberalismo como “uma verdadeira fé na salvação do homem, através do mercado”, como dito por Karl Polanyi no livro A grande transformação. Devido a isso, há múltiplos conflitos de interesses, que acarretam, amplamente,  numa insatisfação social por parte dos trabalhadores das minas, que acabam por se mostrar com uma postura completamente ofensiva diante das circunstâncias causadas pelos débil valor dos salários e a cobrança de multas devido às escoriações sofridas.

O início do filme traz um homem a procura de emprego nas minas de carvão, depara-se, então, com um senhor chamado de Boa morte, que trabalha nas minas desde os oito anos de idade (ele ganhou este apelido por ter sofrido inúmeros acidentes de trabalho e ter sobrevido, o que já demonstra a completa falta de segurança e salubridade). Nesses primeiros minutos de filme já é possível observar como  o processo produtivo é opressivo, como as rotinas eram excessivas e também como não há nenhum tipo de legislação que regulamente acidentes de trabalho. Com a reforma da Poors law (Lei dos pobres), a assistência agora restringe-se às pessoas indigentes, obrigando os pobres a ingressarem no mercado de trabalho a qualquer custo. O filme retrata isso novamente, um pouco mais a frente, quando um jovem se acidenta e fica sem receber qualquer tipo de remuneração.

Após o súbito falecimento de uma companheira de trabalho, Toussaint Maheu (Gérard Depardieu) consegue um emprego para o jovem desempregado, que espanta-se com a situação das minas e as condições lamentáveis de trabalho.

 A exploração é constante e as barbaridades continuam. As famílias dos trabalhadores em situação de miséria nada tinham para se alimentar, até o pão, seu principal alimento, era escasso nas mesas. As mulheres sem mais alternativas e necessitando alimentar seus filhos, endividam-se com um comerciante local, que nem sempre disposto a fiar os alimentos, costumava aceitar favores sexuais, tanto das mães desesperadas quanto de suas filhas.

A chegada do então jovem desempregado (dotado de uma visão contestadora) e a adoção de um novo sistema de pagamentos abusivos, provocaram grandes mudanças. É nesse contexto que os questionamentos da situação de exploração e total alienação imposta aos mineiros vem à tona. A insatisfação com as condições de trabalho desencadeia uma grande revolta, acarretando greves, muitas mortes e tragédias.

O filme mostra ainda as dificuldades de articulação da classe operária, que em partes, desconhece o processo exploratório em que está inserido precedente da alienação do trabalho. Durante passagens do filme, o movimento grevista encontra-se enfraquecido porque nem todos os trabalhadores aderem a greve. Existe discordância entre a própria classe: uns querem trabalhar com medo da fome e da falência das minas, enquanto outros entendem que é inadmissível aceitar as condições impostas pela burguesia e enxergam na greve a única saída.

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