Educação Pública e Ensino à Distância: Questões Para o serviço Social
Por: lehrms • 17/9/2015 • Projeto de pesquisa • 1.811 Palavras (8 Páginas) • 199 Visualizações
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Docente: Ana Izabel
Discente: Letícia Rodrigues
Tema: Educação Pública e Ensino à Distância: Questões Para o serviço Social
1. Justificativa
Tendo em vista a “conjuntura” atual da educação, aonde a mercantilização e precarização da mesma vem tomando um espaço significante no Brasil, pretendo tratar no trabalho de conclusão de curso um tema que é de extrema importância para a formação profissional, mas que no meio acadêmico do Serviço Social não é muito discutido, a não ser pelos Conselhos Federal e Estadual, pela Executiva Nacional de Estudantes (ENESSO) e pela ABEPSS (Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social): os cursos à distância de graduação em Serviço Social (EAD).
Criaram, além de uma campanha nomeada de Educação não é fast-food: diga não à graduação à distância em Serviço Social, manifestos e notas de repúdio contra os cursos à distância. Uma dessas notas dizia que a campanha, já citada à cima,
“(...) foi lançada para provocar o debate público acerca da política de ensino superior no Brasil que, no nosso ponto de vista, tem sido profundamente mercantilizada e discriminatória, já que não garante o acesso ao ensino superior presencial, público, laico e gratuito para toda a população brasileira. Além disso, por meio da campanha, denunciamos os problemas e irregularidades detectados nos estudos e levantamentos realizados pelos Conselhos Regionais de Serviço Social (CRESS) em diversos cursos de graduação à distância em Serviço Social.” (Conselho Federal de Serviço Social – CFESS Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social – ABEPSS - Sexta, 24 de Maio de 2013.).
Considero importante tratar esse tema, pois creio que os cursos de Serviço Social à distância, por não seguirem as diretrizes* do mesmo que foram aprovadas pelo MEC, são precários. Falo isso, pois, a graduação a distância não possibilita que o aluno tenha um estágio supervisionado por professores acadêmicos, que faça pesquisa e extensão e que não assegura ao estudante a interlocução entre teoria e prática nas disciplinas do curso. Isso, consequentemente, acaba por formar profissionais sem visão crítica da sociedade e do que é o Serviço Social como profissão.
2. Desenvolvimento
Ao longo deste trabalho iremos propor uma discussão entre serviço social e educação, para isso podemos recortar alguns episódios históricos que são pertinentes a ambos os pontos.
A partir de 1930 observamos drástica mudanças no Brasil em todos os âmbitos. É um ano de revolução, onde o país sai de uma lógica econômica agroexportadora, calcada nas influentes oligarquias cafeeiras para dar início a um período de grande desenvolvimento industrial e com isso passa a se inserir de forma mais agressiva no capitalismo mundial em expansão. Logo, todo esse investimento na industrialização, e, consequentemente, a urbanização acelerada, nos traz novos problemas sociais.
De forma mais acentuada, vemos crescer o número, por exemplo, de indivíduos marginalizados. Logo, vimos surgir de forma mais abrangente a necessidade de uma profissão que atendesse as demandas tanto do estado quanto da população. É nesse momento que a figura do Assistente Social começa a ser bastante requisitada, mesmo que ainda tenha feições religiosas e caritativas, que vão mudando gradativamente ao longo do tempo.
Neste mesmo período, mais especificamente em 1931, foi instituído por Getúlio Vargas, o Ministério da Educação. Este se fez necessário para gerenciar os planos governamentais voltados a esta política, pois havia uma necessidade em formar, mesmo que de maneira básica e precária, a população visando o mercado de trabalho em ascensão.
Em 1936 é fundada por Maria Kiehl e Albertina Ramos a primeira escola de Serviço Social no Brasil, em São Paulo que mais tarde, em 1946, foi incorporada pela Pontífice Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), o que, talvez ironicamente, fez com que o primeiro curso oficialmente reconhecido como superior de Serviço Social surgisse em uma universidade privada e católica.
Em 1938 é criado pelo atual presidente, o Conselho Nacional de Serviço Social, que nasce sob uma ótica muito interessante para esta discussão, pois o mesmo se encontrava vinculado ao Ministério da Educação e Saúde, mostrando o quão íntimo essa categoria profissional estava ligada a estas políticas sociais.
Dando um longo passo, mas ainda tratando da gênese do Serviço Social, em 1957 vimos a regulamentação da profissão do Assistente Social que, diga-se de passagem, foi uma das primeiras profissões na área social a ser regulamentada.
Hoje, onde já passamos por muitas modificações no que se refere à profissão, vivemos em um momento de instabilidade e choque de opiniões. O Serviço Social atualmente é um curso superior amplamente requisitado pelo mercado e seus conselhos e órgãos responsáveis vêm lutando ampla e abertamente para estipular uma lógica padronizada e satisfatória dos profissionais da área, criando, assim, as diretrizes da profissão.
As diretrizes “pautam-se em princípios como a indissociação entre ensino, pesquisa e extensão; a unidade teórico-prática em todas as disciplinas; a realização de pesquisa orientada e investigação que deve perpassar todo o currículo; e estabelece como exigências fundamentais: carga horária mínima de 3.000 horas e a realização de estágio supervisionado presencial, com acompanhamento direto por supervisores/as acadêmico e de campo (...).”. (http://www.cfess.org.br/arquivos/05_manifestograduacaodistancia_2008.pdf) – 15 de maio de 2008 – Acessado em 05/05/2014 às 00:01h.
Tais diretrizes foram aceitas pelo Ministério da Educação (MEC), porém em 2006, universidades privadas, com a aprovação do MEC, começaram a oferecer o curso de Serviço Social à distância, cuja modalidade se contrapõe às diretrizes da profissão.
Vemos que esta modalidade de ensino ampliou o ingresso da população no nível superior, porém, ao mesmo tempo em que se faz democrática, esta também se faz preocupante, pois oferece uma formação profissional sem qualidade e massificada.
De acordo com Iamamoto (2009), não se trata somente de uma recusa da tecnologia do ensino à distancia, o que atesta a iniciativa deste curso. O problema está no contexto de privatizações do ensino superior em que ocorre o ensino graduado e sua incidência em um curso universitário de caráter teórico-prático que exige estágio supervisionado e que tem uma relação direta com a vida cotidiana dos sujeitos com os quais se trabalha. Neste contexto, o nosso Estado neoliberal favorece os empresários e juntos não tem a menor intenção de formar profissionais qualificados e críticos para atender as demandas impostas pelas expressões da questão social.
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