O Aparecimento do Brutalismo e seu sucesso em São Paulo
Por: _RobertaAlmeida • 16/6/2018 • Resenha • 1.054 Palavras (5 Páginas) • 615 Visualizações
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Universidade Federal da Bahia
Componente Curricular: ARQ023– 2017.2
Aluna: Roberta Cezar de Almeida Santos
Profª. Ana Carolina Bierrenbach
RESUMO
BRUAND, Yves. O aparecimento do brutalismo e seu sucesso em São Paulo. In: ______. Arquitetura Contemporânea no Brasil. São Paulo: Editora Perspectiva S.A, 1981. p. 295-319.
Segundo Bruand, a corrente de pensamento brutalista surgiu na Inglaterra durante a década de 50 e não se restringia apenas à arquitetura, permeando também outros nichos, em especial a pintura. O autor também pontua que o brutalismo de Le Corbusier se difere do brutalismo inglês, pois ainda que os dois se caracterizem pelo amor aos materiais e pela contínua preocupação em evidenciá-los, o primeiro se limita à escolha do concreto bruto como material e o segundo lança mão do emprego de diversos materiais em sua forma pura, não se restringindo a um em específico.
Diante dessa diferenciação, Bruand deixa claro que sua intenção é abordar o brutalismo inglês e como esse se manifestou em São Paulo. Para isso ele introduz o trabalho de Vilanova Artigas, que teria sido o precursor do movimento no país. Artigas passou por três fases principais na sua carreira: a primeira fase de inspiração orgânica, a segunda em que ele esteve sob influência do movimento racionalista e, por fim, o brutalismo, que passou ser empregado pelo arquiteto em suas obras com bastante personalidade a partir da segunda metade da década de 40. Foi nessa última fase que ele começou a prezar mais por materiais modernos, pela estrutura independente em concreto armado, volumes geométricos claros, os jogos de rampas e níveis desencontrados, transparência e continuidade entre os espaços interiores e exteriores, a criação e a evidenciação dos contrastes de forma equilibrada e a preocupação com a economia elevada ao máximo.
Algumas obras de Artigas são utilizadas no texto para destacar a forma como a corrente inglesa do brutalismo o influenciou. Um exemplo é a casa do arquiteto em São Paulo, onde é possível notar a presença dos contrastes, o uso do tijolo despido em diversos pontos da casa, a simplicidade das soluções e a clareza da forma - um prisma trapezoidal deitado -, o que permite a pregnância. Alguns projetos posteriores a esse seguiram a mesma lógica, tendo os contrastes entre cheios e vazios, retas e curvas, etc; a ideia de peso passada pela aplicação de grandes paredes maciças apoiadas em elementos que se afinam ao se aproximarem do solo; a valorização dos materiais em seu estado bruto e o foco na economia sem deixar de lado a plasticidade. As duas escolas públicas no interior de SP projetadas por ele são casos emblemáticos no que tange a questão da economia como também no que diz respeito à forma como estão implantadas, passando a impressão de que estam firmadas ao chão, diferentemente das obras cariocas contemporâneas a elas, que transmitiam a ideia de que se desprendiam do chão. A Faculdade de Arquitetura da Universidade de São Paulo é uma das obras em que mais se pode perceber os ideais brutalistas de Artigas empregados. Isso se dá pela forma simples escolhida - um paralelepípedo retangular - , pelo peso transmitido por meio do uso de paredes laterais cegas na parte superior e de pilares finos e compridos para as sustentarem, uso do jogo de rampas e a intenção de criar espaços convidativos ao convívio.
Vilanova Artigas pode ser entendido como um precursor do brutalismo no Brasil. Ele exerceu forte influência na obra da geração de arquitetos que estava sendo formada na década de 50, a começar por Joaquim Guedes que teve diversos projetos com uma veia brutalista, preocupado com o equilíbrio dos contrastes e a rigidez funcional e plástica. A exemplo da casa Cunha Lima, na qual houve a escolha de deixar a estrutura aparente em concreto, os elementos de sustentação finos e as paredes revestidas de maneira simples. Outro ponto importante desse projeto foi a preocupação com a plástica, o que se comprova pela atenção aos detalhes, percebida na aplicação das persianas basculantes que “com as lâminas na horizontal, desimpedem a vista, servem de brise-solei e acrescentam à composição um brilhante jogo de planos que lembra o neoplasticismo holândes” (BRUAND, 1981 p. 308).
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