Teoria da Arquitetura Associada à Requalificação do Bairro da Várzea no Recife - PE
Por: ClaudiaRogeane • 5/3/2020 • Trabalho acadêmico • 1.879 Palavras (8 Páginas) • 230 Visualizações
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Universidade Federal de Pernambuco Departamento de Arquitetura e Urbanismo
Teoria da Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo 1
GE 05
Cláudia Rogeane Fernandes dos Santos
Leonardo Cavalcanti Correia Numeriano
Leticia Pereira Barbosa
Lídia Maria Rios Paraíba
RELATÓRIO DE TEORIA 1:
Como a disciplina influenciou nosso Projeto 1
Recife, PE.
2018
A área de estudo do grupo foi selecionada dentro do recorte da turma no bairro da Várzea, localizado na zona oeste do Recife, Pernambuco, Brasil. Ele abrange as quadras ao redor da Igreja do Rosário até o casarão Magitot. O conceito do projeto foi denominado “Entre Histórias” e tem como principal objetivo criar um elo de ligação entre esses dois pontos marcantes da história do bairro. A área serve aos habitantes por meio de alguns serviços como comércio e moradias. É uma área diversa e que se destaca das demais devido às suas características históricas, ela possui uma pequena rua sem saída nas quais as moradias se assemelham a uma pequena vila. Além disso, a presença da Igreja do Rosário e de edificações que ainda guardam esse caráter histórico, fazem deste pequeno percurso um grande resguardo da memória do bairro.
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FIGURA 01: Localização da área de estudos da turma em P1
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FIGURA 02: Área escolhida pelo GE em P1
Entretanto, mesmo possuindo essa diversidade de serviços a área possui pouco fluxo de pessoas, principalmente se comparada à Praça da Várzea, localizada a alguns passos de distância. Outro ponto fraco encontrado é que durante o período da noite a iluminação é insuficiente, gerando uma sensação de insegurança o que torna a praça do pátio da igreja praticamente deserta, tendo em vista que os contêineres médicos que atendem a população no local não funcionam nesse horário, também, nota-se que a apropriação das ruas pelas autoescolas diminui ainda mais a frequência de pessoas variadas na rua.
Dessa forma, após a identificação das principais problemáticas evidencia-se a necessidade de requalificação da área, torna-se necessário a criação do Urban Design, cujo equivalente em português, como aponta Vicente Del Rio, não traduz de facto o significado amplo da palavra. Mais do que “Desenho Urbano”, esta disciplina trata do processo de planejamento, que em geral deve envolver diversos aspectos, tais como: a conservação do patrimônio histórico, a funcionalidade, a consideração dos valores afetivos, a participação comunitária e a estética. (DEL RIO, 1990, p. 51)
A área de estudo foi determinada a partir do conceito criado pelo arquiteto Gordon Cullen em sua obra “Paisagem Urbana” (1971). Em seu livro, Cullen descreve o conceito de percepção urbana por meio de uma visão serial, na qual a caminhada pela cidade irá nos proporcionar uma experiência visual desse caminho. A partir disso, o grupo percorreu a pé um percurso não antes definido, deixando que o caminho pelo bairro fosse determinado pelo poder de atração dos componentes urbanos. Nesse caminho, foi representado em forma de croquis, os aspectos da visão serial e os constituintes do bairro, o que Cullen caracteriza como conteúdo, que seriam as cores, texturas e todos os elementos que caracterizam a cidade como única, que garante heterogeneidade e identidade a mesma. Também foi levantado para determinar a área de projeto do grupo o conceito de local, que se refere às reações perante a posição no espaço.
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FIGURA 03: Croqui visão serial 1 Rua Gomes poroca
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FIGURA 04: Croqui visão serial
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FIGURA 05: Croqui visão serial 3
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FIGURA 06: Croqui visão serial 4
Dessa forma, utilizando desses três conceitos definidos por Cullen, o projeto tem como objetivo criar por meio da visão, conteúdo e sentido de localidade um convite visual e intangível que convide a permanência, reunindo sensações boas e experiências marcantes sendo então maior geradora de bem-estar que para o autor é o principal ponto que garante a manutenção dos habitantes da cidade.
“Efectivamente, uma cidade é algo mais que o somatório dos seus habitantes: é uma unidade geradora de um excedente de bem-estar e de facilidade que leva a maiora das pessoas a preferirem, independentemente de outras razões, viver em comunidade a viverem isoladas [...].” (CULLEN, 1971, p.09)
Outrossim, de acordo com a teoria de Kevin Lynch, percebe-se que ele, em sua obra “A Imagem da Cidade” (1990), registra elementos da imagem da cidade, o quais são vitais para o arranjo harmônico do meio urbano. Esses elementos são de uso generalizado, reunindo características em comum e podendo ser classificados em cinco: vias, limites, bairros, cruzamentos e elementos marcantes. Para ele, esses elementos são correlacionados e devem ser executados em conjunto para que haja uma forma urbana onde seja possível a legibilidade da cidade, ou seja, uma qualidade visual única e clara.
“Facilidade com que cada uma das partes [da cidade] pode ser reconhecida e organizada em um padrão coerente. Tal como uma página impressa, sendo legível, pode ser compreendida visualmente como uma estrutura de símbolos reconhecíveis [...].” (LYNCH, 1990, p.12)
Dos elementos destacados por Lynch, o seu estudo sobre os cruzamentos, as vias e os elementos marcantes foram os de maior influência para que o grupo definisse o projeto na área. Esses conceitos se ligam com o projeto na medida que foram a base para determinar as requalificações propostas visto que a Igreja do Rosário e o casarão Magitot são pontos marcantes de grande importância ao bairro e que a sua conexão visa a junção do aglomerado de pessoas desses dois pontos.
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