Fichamento do Livro Platão - A Teoria das Formas de Governo de Norberto Bobbio

Introdução.

O segundo capitulo do livro de Norberto Bobbio é dedicado á Platão e suas concepções a respeitos das formas de governo, abordadas no diálogo‘’A Republica’’, no qual são discutidas as características da republica idealizada por Platão, a qual só existiria no mundo das ideias, perfeita e abstrata. Composto por três tipos de homens: os governantes filósofos, os guerreiros e os que se dedicariam ás atividades produtivas, esse estado perfeito é único enquanto os ‘’Estados Possíveis’’ que, são colocados por ele como corrompidos, existem em maior quantidade. Diferente do que se analisou em ‘’Discussão Célebre’’ todas as formas de Estado do mundo físico são consideradas más por Platão, por não se ajustarem á aquela formada no mundo das ideias.

Para Platão as formas de governo corrompidas seriam quatro: Timocrácia, Oligarquia, Democracia e Tirania, representando, nessa ordem, uma crescente em seu nível de corrupção moral e distanciamento da forma ideal de governo, de modo que, nessa ordem, cada tipo de governo representa uma forma mais corrompida e degradada de sua forma precedente. Nota-se nessa escala que não constam as formas clássicas de governo: Monarquia e Aristocracia, isso acontece porque no entender Platônico tais formas já estariam incluídas na sua concepção de governo ideal, de modo que, ambas, não possuiriam qualquer diferença entre si, se, seus governantes fossem instruídos e filósofos. Cabe ressaltar, portanto, cada um desses modelos de governo, a maneira como que eles representam a corrupção de seu predecessor e os tipos de governantes de cada uma.

Timocrácia: Um governo militarizado que representa a corrupção da forma de governo aristocrática, é estruturada sobre a égide do mérito e das conquistas militares. É neste ponto que a Timocrácia representa, para Platão, uma corrupção da forma de governo Ideal, a Aristocracia, pois, nesta, os governantes deveriam ser escolhidos com base em seus conhecimentos filosóficos e sabedoria enquanto nas sociedades Timocráticas, como Esparta, os governos eram confiados á aqueles que possuíam as maiores honrarias militares. O governante timocrático, ainda que igualmente respeitoso, honrado e devoto á seu Estado, tal qual os governantes aristocráticos, porem por valorizar excessivamente conquistas militares, ele acaba por aproximar de si, não os mais sábios e sim os mais hábeis em cobate, o que dificulta a sua gestão sobre o governo.

Oligarquia: Um governo submetido à posse de um pequeno grupo de homens, o qual representa, segundo Platão, a corrupção da forma de governo Timocrática, devido á perda da organização baseada na honra e nos méritos, substituída pela influencia do poder monetário. Para Platão, essa forma de governo realizada pelos mais ricos desvirtua os princípios básicos da meritocracia Timocratica, bem como desvaloriza a honra dos homens em troca da quantidade de valores acumulados que estes acumulam.O governante oligárquico é indissociavelmente avarento e ganancioso, dando muito mais importância aos valores do que propriamente ao saber, sendo facilmente corruptível e tendo pouco ou nenhuma devoção ao seu Estado.

Democracia: Um governo submetido à posse da maioria dos homens, o qual representa, segundo Platão, a corrupção da forma de governo oligárquica, pois enquanto nesta ainda há uma forte hierarquia social e ordem, na sociedade democrática ambas são desprezadas e trocadas por uma obsessão pelas liberdades individuais.O governante Democrático é constantemente coagido e desrespeitando pela população, a qual passa a rejeitar gradualmente qualquer forma de hierarquia, de modo que o cidadão democrático tão pouco tem respeito pela autoridade intrínseca ao saber, de maneira que todas as instituições democráticas aos poucos perdem seu poder e relevância no quadro social.