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O DEPARTAMENTO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO

Por:   •  23/10/2020  •  Pesquisas Acadêmicas  •  2.747 Palavras (11 Páginas)  •  137 Visualizações

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[pic 1]UNIVERSIDADE REGIONAL DE CARIRI – URCA
UNIDADE DESCENTRALIZADA DE IGUATU – UDI
DEPARTAMENTO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO


Disciplina: Sociologia Geral e Jurídica
Aluno: Lucas Henrique Fernandes De Oliveira
Professora: Dra. Marília Passos Apoliano Gomes
Assunto: Fichamento do livro “Vigiar e Punir” de autoria de Michel Foucault como encargo de reposição de frequência de aula

FOUCAULT; Michel. Vigiar e Punir: Nascimento da prisão; tradução de Raquel Ramalhete. 38 Ed. Petrópolis. RJ: Vozes, 2010.

        

  1. OS CORPOS DÓCEIS

“O soldado é antes de tudo alguém que se reconhece de longe; que leva os sinais naturais de seu vigor e coragem, as marcas também de seu orgulho. ” Pag. 131

“Foi “expulso o camponês” e lhe foi dada a “fisionomia de soldado”, ser-lhes-á igualmente ensinado a nunca fixar os olhos na terra, mas a olhar com ousadia aqueles diante de quem eles passam...” Pag. 132

Não é a primeira vez, certamente, que o corpo é objeto de investimentos tão imperiosos e urgentes; em qualquer sociedade, o corpo está preso no interior de poderes muito apertados, que lhe impõem limitações, proibições ou obrigações. Pag. 133

O momento histórico das disciplinas é o momento em que nasce uma arte do corpo humano, que visa não unicamente o aumento de suas habilidades, nem tampouco aprofundar sua sujeição, mas a formação de uma relação que no mesmo mecanismo o torna tanto mais obediente quanto é mais útil, e inversamente. Pag. 133

O corpo humano entra numa maquinaria de poder que o esquadrinha, o desarticula e o recompõe. Uma “anatomia política”, que é também igualmente uma “mecânica do poder”, está nascendo; ela define como se pode ter domínio sobre o corpo dos outros, não simplesmente para que façam o que se quer, mas para que operem como se quer, com as técnicas, segundo a rapidez e a eficácia que se determina. A disciplina fabrica assim corpos submissos e exercitados, corpos “dóceis”. Pag. 133

Uma observação minuciosa do detalhe, e ao mesmo tempo um enfoque político dessas pequenas coisas, para controle e utilização dos homens, sobem através da era clássica, levando consigo todo um conjunto de técnicas, todo um corpo de processos e de saber, de descrições, de receitas e dados. E desses esmiuçamentos, sem dúvida, nasceu o homem do humanismo moderno. pag. 136

A fábrica parece claramente um convento, uma fortaleza, uma cidade fechada; o guardião “só abrirá as portas à entrada dos operários, e depois que houver soado o sino que anuncia o reinicio do trabalho”; quinze minutos depois, ninguém mais terá o direito de entrar; no fim do dia, os chefes de oficina devem entregar as chaves ao guarda suíço da fábrica que então abre as portas. É porque, à medida que se concentram as forças de produção, o importante é tirar delas o máximo de vantagens e neutralizar seus inconvenientes (roubos, interrupção do trabalho, agitações e “cabalas”); de proteger os materiais e ferramentas e de dominar as forças de trabalho: pag. 138

O princípio de “clausura” não é constante, nem indispensável, nem suficiente nos aparelhos disciplinares. Estes trabalham o espaço de maneira muito mais flexível e mais fina. E em primeiro lugar segundo o princípio da localização imediata ou do quadriculamento. Cada indivíduo no seu lugar; e em cada lugar, um indivíduo. Evitar as distribuições por grupos; decompor as implantações coletivas; analisar as pluralidades confusas, maciças ou fugidias. Pag. 138

“Importa estabelecer as presenças e ausências, saber onde e como encontrar indivíduos, instaurar as comunicações úteis, interromper as outras, poder a cada instante vigiar o comportamento de cada, apreciá-lo, sancioná-lo, medir as qualidades ou os méritos. ” Pag. 138

“Na disciplina, os elementos são intercambiáveis, cada um se define pelo lugar que ocupa na série, e pela distância que o separa dos outros. Ela individualiza os corpos por uma localização que não os implanta, mas os distribui e os faz circular numa rede de relações.” Pag. 140

“A ordenação por fileiras, no século XVIII, começa a definir a grande forma de repartição dos indivíduos na ordem escolar: filas de alunos na sala, nos corredores, nos pátios; colocação atribuída a cada um em relação a cada tarefa e cada prova.” Pág. 141

“A organização de um espaço serial foi uma das grandes modificações técnicas do ensino elementar.” Pág. 142

“Determinando lugares individuais tornou possível o controle de cada um e o trabalho simultâneo de todos. Organizou uma nova economia do tempo de aprendizagem.” Pag. 142

As disciplinas, organizando as “celas”, os “lugares” e as “fileiras” criam espaços complexos: ao mesmo tempo arquiteturais, funcionais e hierárquicos. São espaços que realizam a fixação e permitem a circulação; recortam segmentos individuais e estabelecem ligações operatórias; marcam lugares e indicam valores; garantem a obediência dos indivíduos, mas também uma melhor economia do tempo e dos gestos. Pág. 142

“A colocação em quadro tem por função, ao contrário, tratar a multiplicidade por si mesma, distribuí-la e dela tirar o maior número possível de efeitos”. Pág. 143

“O tempo medido e pago deve ser um tempo sem impureza nem defeito, um tempo de boa qualidade, durante todo o seu transcurso o corpo deve ficar aplicado a seu exercício. ” Pág. 145

“Um corpo disciplinado é a base de um gesto eficiente. ” Pag 147

Por outros meios, a escola mútua também foi disposta como um aparelho para intensificar a utilização do tempo; sua organização permitia desviar o caráter linear e sucessivo do ensino do mestre; regulava o contraponto de operações feitas, ao mesmo tempo, por diversos grupos de alunos sob a direção dos monitores e dos adjuntos, de maneira que cada instante que passava era povoado de atividades múltiplas, mas ordenadas; e por outro lado o ritmo imposto por sinais, apitos, comandos impunha a todos normas temporais que deviam ao mesmo tempo acelerar o processo de aprendizagem e ensinar a rapidez como uma virtude. Pag. 149

“O corpo, tornando-se alvo de novos mecanismos do poder, oferece novas formas de saber. Corpo do exercício mais que da física; corpo manipulado pela autoridade mais que atravessado pelos espíritos animais; corpo do treinamento útil e não da mecânica racional.” Pag 149

“Vimos como os processos da repartição disciplinar tinham seu lugar entre as técnicas contemporâneas de classificação e de enquadramento, e como eles aí introduziam o problema específico dos indivíduos e da multiplicidade. ” Pag. 150

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