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O alargamento da agenda de segurança russa em detrimento do conflito irregular checheno e consequência terrorista dentro de suas fronteiras.

Por:   •  27/6/2017  •  Artigo  •  4.288 Palavras (18 Páginas)  •  357 Visualizações

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O alargamento da agenda de segurança russa em detrimento do conflito irregular checheno e consequência terrorista dentro de suas fronteiras.

Daniel Pedro Almeida Marques

RESUMO

Este trabalho busca analisar o alargamento da agenda de segurança pós-derrocada soviética na condição de uma Rússia democrática em face de sua demanda a uma nova política de segurança que urgiu urgência em detrimento das duas guerras chechenas. Situação beligerante que flagrou diversos atentados terroristas, completa destruição de cidades, radicalização da população islâmica, e um ávido movimento sectarista. Contextualizando da escola de Copenhague à guerra irregular, este trabalho visa o esclarecimento da política de segurança russa a parir do ano 2000 quando Vladmir Putin vem a ser o presidente e comandante chefe do Estado Russo e defronta uma “guerra ao terror” particular e em solo nacional.

 Palavras-chave: Rússia, Chechênia, terrorismo, separatistas, independência, segurança, Estado.

ABSTRACT

This present study aims to analyze the soviet post-overthrown agenda in the condition of a democratic Russia facing its demand for a new security police that urged urgency due to the damage suffered on both Chechen wars. A belligerent situation that has caused several terrorists attacks, complete destruction of cities, radicalization of Islamic population, and an avid sectarian movement. Contextualizing from the Copenhagen School to irregular warfare, this paper aims to clarify the Russian security police from the year 2000 and so on when Vladmir Putin becomes the president and chief commander of the Russian State and facing a “private terror war” and on national soil.  

Key-words: Russia, Chechenia, terrorism, separatists, independence, security, State.

INTRODUÇÃO

A relação pouco amistosa entre russos e chechenos é uma condicionante histórica que se percebe na própria separação dos gentílicos dando a percepção de pátrias adversas. Desde a anexação desta região localizada no Cáucaso em 1859 pelo o então império russo, observa-se um descontentamento da população chechena que se sente estranha aos costumes, cultura, língua, religião e que viu após a derrocada da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), uma oportunidade real de lograr de vez sua independência. Tendo um registro de várias fatalidades entre soldados e civis, o conflito separatista se estendeu por quinze anos e foi divido em dois momentos, a primeira e segunda guerra chechena. Ainda existe muita tensão e desconfiança transparecendo uma percepção de “falsa paz”, o que obriga o governo russo manter um alto nível de investimentos na região, a fim de atenuar os estresses da população e criar uma opinião pública de estabilidade. Esta situação de conflito interno forçou a Rússia a adotar novas prioridades na prevenção de ameaças, uma delas é o fortalecimento da FSB a extinta KGB (serviço de segurança federal da federação russa), uma nova doutrina militar antiterrorista, uma forte propaganda governamental de uma Rússia unida, grande e forte, entre outras práticas para conter o avanço do extremismo em solo nacional.

São práticas como esta que vemos na agenda do alargamento da segurança e na escola de Copenhague, mostrando que ainda passando por uma ótica estatocêntrica, as ameaças podem advir de outras esferas sejam societal, política ou econômica, e isso faz com que um Estado pense na segurança além da configuração de um duelo em larga escala. Os povos chechenos que representam uma população islâmica na margem dos 95% e de maioria sunita, se constituem como uma república autônoma, com língua e legislação própria. Contudo ainda há grupos rebeldes que se mostram intolerantes a essas benesses jurídicas e reivindicam total independência, e usam de práticas terroristas e táticas de guerrilha. Frente a essa realidade a Federação Russa poêm em prática uma agenda antiterror e busca outras práticas além da condição militar para a estabilização do Cáucaso.

Levando em consideração as questões levantadas pela a escola de Copenhague, o alargamento da agenda de segurança, o terrorismo e as guerras irregulares esse trabalho busca compreender as dinâmicas de segurança da Rússia no pós-guerra fria e suas implicações domésticas no que se refere a segurança nacional e a integridade do território russo e como as guerras chechenas alteraram o modus operandi da agenda securitária e de prevenção de ameaças.

DESENVOLVIMENTO

                O alargamento da agenda de segurança da Rússia pós-soviética com a eclosão do conflito checheno

Para o ocidente, em 1991 a Rússia deixa de ser um inimigo, as relações econômicas estreitaram, em especial durante os governos de Clinton-Ieltsin, a economia russa depois de quatro décadas de guerra fria está apta ao capital estrangeiro. São nestas condições de globalização que a agenda de segurança passa por uma reformulação de prioridades. Buzan (1997) afirma categoricamente, “À medida que a União Soviética retirou o desafio militar e ideológico, e depois implodiu, a lógica político-militar do sistema de segurança da Guerra Fria evaporou.” BUZAN (1997, p.5, tradução nossa[1]) No mesmo ano que se dissolve a URSS a república da Chechênia se proclama independente, nestas condições a ameaça à segurança nacional aparece como um novo dilema, em uma esfera doméstica e que tem diversos fatores que estão além da ótica Clausewitziana de impor a própria vontade. Neste caso temos a reivindicação chechena para o estabelecimento de um Estado soberano por sempre estar a margem dos costumes, religião e cultura dos russos, ou seja, é algo que parte da identidade social dos povos da Chechênia, e temos a posição resoluta da Rússia em manter a integridade territorial com duas preocupações basilares, sendo a primeira o receio que o governo tinha concernente ao efeito dominó de uma possível independência chechena, o que instigaria outras províncias autônomas no Cáucaso a suscitarem movimentos separatistas e com a presença do radicalismo islâmico nessa região acarretar numa profunda ameaça à nação russa, e a outra inquietação se dá puramente por uma questão econômica, onde essa região é demasiadamente rica em petróleo e gás natural, e custaria bilhões a receita russa um eventual processo de independência.

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