A DESINTEGRAÇÃO DA IUGOSLÁVIA, CONFLITOS NOS BÁLCÃS E OS NOVOS PAÍSES

DESINTEGRAÇÃO DA IUGOSLÁVIA, CONFLITOS NOS BÁLCÃS E OS NOVOS PAÍSES  

Jacqueline Doro1, Pedro Felipe Lima2

RESUMO

Desde o século XVII, o sistema internacional se constituiu e se estendeu mundialmente por uma expansão do Estado-nação europeu, que se tornou-se uma unidade central de organização da vida política moderna. Ao longo da relativamente curta história desse sistema, importantes transformações tiveram lugar na península balcânica: A região dos Bálcãs foi palco de diversos conflitos marcantes para a história e foi dominada durante séculos pelo Império Turco-Otomano apesar de apresentar sempre uma diversidade étnico-religiosa muito intensa. No fim do Século XIX e início do Século XX, as nações vão em busca de sua independência do Império e, por meio de guerras, o mesmo perde sua posse territorial na região. No mesmo período, a pluralidade de reinos marca os primeiros conflitos entre as etnias, até que, após a Primeira Guerra Mundial, o Reino da Iugoslávia surge (abrangendo, portanto, a Sérvia, Croácia, Bósnia e Herzegovina, Eslovênia e Macedônia). Com a chegada da Segunda Guerra, surge-se um grupo de tendência socialista que se sustentou até enfraquecer-se pelo forte nacionalismo que ascendia cada vez mais na Europa e os consequentes conflitos que promoveram a desintegração da área.

Palavras-chave: península balcânica, Iugoslávia, conflitos, desintegração, novos países.

ABSTRACT

Since the seventeenth century, the international system has been established and spread worldwide by the expansion of the European nation-state, which has become a central unit of organization of modern political life. Throughout the relatively short history of this system, important transformations took place in the Balkan peninsula: The Balkans region was a stage of several remarkable conflicts for the History and was dominated for centuries by the Turkish-Ottoman Empire despite always presenting a very intense ethnic-religious diversity. At the end of the 19th century and beginning of the 20th century, the nations went in search of their independence from the Empire and, through wars, it lost its territorial ownership in the region. In the same period, the plurality of Kingdoms marked the first conflicts between the ethnic groups, until, after the World War I, the Kingdom of Yugoslavia emerged (encompassing Serbia, Croatia, Bosnia and Herzegovina, Slovenia and Macedonia). With the arrival of the World War II, it emerges a socialist tendency group that was sustained until it weakens by the strong nationalism that ascended more and more in Europe and the consequent conflicts that promoted the disintegration of the area.

Key-words: balkan penInsula, Yugoslavia, conflicts, desintegration, new countries.

1 e 2 Estudantes do 2º Semestre de Relações Internacionais do UniCEUB. E-mails: [e-mail], [e-mail]

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1. CONTEXTO INTRODUTÓRIO DA PENÍNSULA BALCÂNICA

O presente trabalho tem como finalidade tratar de forma expositiva e analítica a história, desenvolvimento e queda da Iugoslávia, abrangendo desde seu passado até o século XXI com enfoque nas guerras, nas diferenças étnicas e na sua geopolítica.

A península balcânica, ou somente Bálcãs, que deriva da palavra turca para montanha fazendo referência ao seu relevo, localiza-se no sudeste Europeu e é bastante cercado pelo Mar Mediterrâneo, fator este que justifica muitos dos conflitos que ocorreram na região, ou seja, conflitos territoriais em função de sua localização vantajosa. Tal área apresenta há séculos uma pluralidade étnico-religiosa muito intensa, isto é, grande variedade de culturas, idiomas, reinos etc. E, durante todo esse período, estava sendo dominada pelo Império Otomano e o mesmo obtinha controle e influência sobre os povos em toda sua extensão (croatas, sérvios, eslovenos, montenegrinos, macedônios e bósnios).

Com enfoque no aspecto físico, a península Balcânica caracteriza-se por um relevo montanhoso pelo qual correm pequenos rios em várias direções, formando vales estreitos e planícies pouco extensas. Esse tipo de relevo reduz as áreas cultiváveis, que se limitam a um quinto da península. Essas montanhas têm um impacto significativo no clima da península. As partes do norte e centrais dos Bálcãs têm um clima continental, caracterizado por invernos frios, por verões mornos, e pela precipitação bem distribuída. O do sul e as áreas costais, entretanto, têm um clima mediterrâneo, com verões quentes, secos e invernos suaves, relativamente chuvosos.

No âmbito histórico, ao final do século XIX, a região foi palco de muitas disputas de grandes nações imperialistas de forma que o Império Turco-Otomano estava a perder o controle sobre a região. A partir disso, deu espaço para que algumas nações independentes surgissem na região, além de que, a partir da observação do desmembramento dos territórios, as potências vizinhas começaram a manifestar interesse em manifestar-se para dominar a região. A Rússia expressava apoio aos movimentos pan-eslavistas que pretendia uma única nação entre os povos eslavos, pretendendo, diante disso, garantir sua influência política e econômica.

O Império Austro-Húngaro, entretanto, tinha a ambição de construir uma estrada de ferro por meio do território balcânico para que pudessem obter as mesmas vantagens e influências política e econômica. No ano de 1912, houve a derrota do Império Austro-Húngaro em uma série de conflitos, por parte de uma coligação militar que era composta por diversos povos eslavos. A Bósnia, assim como a Herzegovina, ficou inclinada, diante disso, a romper a hegemonia que os austríacos impunham em seus países. Dois anos depois, objetivando reverter esse contexto, Francisco Ferdinando, que era herdeiro do trono austríaco, viajou até a capital da Bósnia, onde pretendia anunciar a formação de um império que elevaria à mesma condição política da Áustria e da Hungria, a Bósnia e a Herzegovina. A missão, entretanto, foi desastrosa, já que Francisco Ferdinando foi assassinado por integrantes de um grupo nacionalista, e o Império Austro-Húngaro abandonou as negociações e passou a ameaçar os sérvios militarmente. Os russos aconselharam à Sérvia para que não cedessem às reivindicações impostas e, então, foi declarada guerra entre os austríacos e os sérvios. Os Russos, então declararam guerra ao Império Austro-húngaro objetivando as mesmas pretensões antigas. Os alemães passaram a apoiar a Áustria, declarando ainda guerra contra os franceses, e a Inglaterra entrava para cumprir acordo com a França. Foi aí que se acionou as alianças que marcaram o desenvolvimento da Primeira Guerra Mundial.