Teoria das relações internacionais
Por: cristina isabel • 12/11/2017 • Trabalho acadêmico • 5.015 Palavras (21 Páginas) • 348 Visualizações
LPRI 3
Introdução à Teoria das Relações Internacionais
Ciência social muito recente. O seu desenvolvimento ocorreu, essencialmente, a partir da segunda metade do século XX. Razoes:
- O impacto das duas grandes guerras mundiais;
- O nascimento da Organização das Nações Unidas e, a partir daí de outros operadores da sociedade internacional.
- O propósito de assegurar a manutenção da segurança e paz sem perder de vista os interesses nacionais dos Estados.
- Os Estados tomam decisões. Estas podem ter consequências que vão além das fronteiras dos próprios Estados, pelo que, podemos começar por afirmar que as RI preocupam-se com decisões.
O que a Teoria vai problematizar são as relações de poder que encontramos nas várias unidades que compõem o sistema internacional. (Análise de factos; Descrição desses factos; Antevisão de acontecimentos)
Noção de R.I: Estudo das relações políticas, económicas e sociais, entre diferentes países, cujos os efeitos ultrapassam as fronteiras dos estados.
Noção de teoria: Análise das causas e os efeitos procurando descrever uma ideia da realidade por forma a antever cenários futuros nas relações entre as nações.
A análise das relações internacionais
Deriva dos factos sociais resultantes da pluralidade de relações estabelecidas entre os estados.
A ênfase das relações internacionais foca:
- Relações de poder entre centros independentes;
- Relações estabelecidas entre unidades políticas territorialmente independentes;
- Relações estabelecidas com entidades não estatais.
Teorizar impõe que:
- O pesquisador procure analisar as causas e os efeitos procurando descrever uma ideia da realidade por forma a antever cenários futuros nas relações entre as nações;
- O pesquisador procure analisar as causas e os efeitos de uma realidade que pode ser económica, cultural, religiosa, tentando esclarecer as consequências de decisões tomadas por entidades que atuam dentro das suas unidades de poder.
- Principais Conceitos
Conceito de relações internacionais: conjunto de relações e comunicações suscetíveis de rer dimensões política, económica, social e cultural, estabelecidas entre grupos sociais, atravessando as respetivas fronteiras (citado da referência “Uma síntese das TRI);
Estado: até ao século XX considerado como o principal ator do sistema internacional. Depois da II Guerra-Mundial a proliferação de organizações internacionais e a interação de outros agentes que extrapolam o território fronteiriço, influenciaram novas visões das relações internacionais.
Interesse nacional: é um conceito, frequentemente, utilizado por governantes para defender os propósitos da política externa de um Estado. Embora não haja, em termos de doutrina, um consenso definitivo sobre o conceito, pode afirmar-se que o interesse nacional justifica a ação do Estado. O comportamento de um Estado e as suas decisões estão sempre associados ao interesse nacional.
Sociedade internacional: conjunto de agentes que se relacionam entre si para além das fronteiras de um Estado. Tais relações não têm um poder central que as dirija e, nessa medida, o objetivo é identificar uma estrutura que equilibre os diferentes interesses nacionais, necessários ao desenvolvimento dos agentes envolvidos.
Anarquia internacional: este conceito deriva da ausência de uma identidade supra-nacional aos Estados que detenha um poder de autoridade legitimado para a existência de um “governo” exterior à estrutura dos Estados. Esta ideia foi retirada, sobretudo, da obra de Tucídides.
- Teoria e história das relações internacionais
I.As teorias clássicas das relações internacionais
Tucídides e a Guerra de Peloponeso: No século V a.c. Atenas e Esparta envolveram-se numa guerra motivada pelo domínio das rotas marítimas que levavam ao controlo do comércio. Atenas dominava a chamada Liga de Delos e Esparta a Liga de Peloponeso. Devido à ascensão de Atenas emergiram conflitos acerca das rotas marítimas, em especial, com a cidade de Corinto que fazia parte de Esparta. Foi esta cidade que pressionou Esparta ao início das hostilidades. A guerra durou 27 anos e terminou com a vitória de Esparta.
Tucídides escreveu acerca das causas desta Guerra, descrevendo em 8 volumes a estratégia militar do conflito, bem como, as causas e interesses em oposição. Daqui resultou a identificação de dois fatores preponderantes:
- O rápido crescimento económico de Atenas
- O temor de Esparta em perder domínio marítimo e ser ultrapassada por Atenas.
A Liga de Delos e a Liga do Peloponeso foram sinónimos de Poder.
Visões clássicas das relações internacionais
1) Nicolau Maquiavel (1469-1527) autor de O Príncipe, defendeu o argumento de que para defender os interesses do Estado, a política não pode submeter-se aos valores morais. É sabido que as ideias de Maquiavel influenciaram o a consolidação do regime absolutista europeu.
O Estado tem de ser analisado através de avanços e recuos porque é uma entidade instável. No entanto deve prevalecer, em todos os momentos, a ordem. Esta é necessária para a política mas é através da desordem que a sociedade dá um passo evolutivo.
A ideia de poder nasce no domínio da natureza humana que nasce má. Por isso, o Homem pretende ter o domínio total do poder que é a única forma de controlar a desordem.
Na obra O Príncipe: "...Nas ações de todos os homens, em especial dos príncipes, onde não existe tribunal a que recorrer, o que importa é o sucesso das mesmas. Procure, pois, um príncipe, vencer e manter o Estado: os meios serão sempre julgados honrosos e por todos louvados, porque o vulgo sempre se deixa levar pelas aparências e pelos resultados, e no mundo não existe senão o vulgo..."
2) Thomas Hobbes (1578-1670) – admite a existência de um direito natural; na sua obra Leviathan explica que o Estado natureza encontra-se livre de qualquer influência. No entanto, o homem nasce egoísta e, assim, é naturalmente propenso à violência e causador de insegurança. A única forma de evitar estes males é através do chamado contrato, através do qual irá legitimar um governo. A corrente realista dos tempos atuais vai buscar alguns dos seus argumentos ao Estado Hobbesiano.
O Estado deveria ser a instituição fundamental para regular as relações humanas, dado o caráter da condição natural dos homens que os impele a procurar a satisfação dos seus desejos a qualquer preço, de forma violenta, egoísta, isto é, movida por paixões.
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