O PLANEJAMENTO EDUCACIONAL
Por: Paulo Cruz • 1/7/2020 • Trabalho acadêmico • 3.508 Palavras (15 Páginas) • 203 Visualizações
PLANEJAMENTO EDUCACIONAL.
O presente artigo surgiu da necessidade de compreender o trabalho do Pedagogo no processo de planejamento escolar, fortalecendo a importância de sistematizar as ações a serem desenvolvidas, buscando favorecer o significado do seu trabalho na busca de uma educação de qualidade, valorizando a organização do trabalho pedagógico.
O planejamento no ambiente de trabalho é uma ferramenta essencial para que as ações do cotidiano não sejam aleatórias e assistemáticas, e, na maioria das vezes asseguram bons resultados na organização de rotinas e na otimização de tempo e recursos humanos. Diante desse contexto, é notório que a educação de qualidade é o objetivo principal de qualquer escola. Portanto, pensar em um norte para se chegar até isso requer estratégias claras e concisas. Uma vez, que o ato de e planejar implica pensar e definir de que maneira chegaremos àquele determinado fim.
Desse modo, nos apoiaremos na perspectiva do planejamento participativo e democrático, como muito bem explica Dalmás (2010, p. 30), “o planejamento é a resposta a três perguntas: “o que se quer alcançar? (UTOPIA); a que distância se está do que se quer alcançar? (DIAGNÓSTICO); o que será feito para diminuir a distância entre onde se está e se pretende chegar? (PROGRAMAÇÃO)”.
Segundo Vasconcellos (1996), do ponto de vista educacional, o planejamento é um ato político pedagógico porque revela intenções e a intencionalidade, expõe o que se deseja realizar e o que se pretende atingir. Dentro desta fala, Vasconcellos mostra um ponto que marca muito a vida do professor em que no ato de planejar, primeiro vem à intenção, segundo a exposição deste plano e terceiro a que ele vai atingir, por isso que o professor deve sempre, dentro das suas ações, ter o hábito de fazer a ação reflexão procurando identificar suas dificuldades e assim, corrigi-las se necessário.
Nesse sentido, o Planejamento deveria ser o ponto de partida no processo de ensino e aprendizagem, pois nele se reflete a práxis do professor e, por consequência, exige dedicação, análises e reflexões. Dessa mesma maneira acontece com o planejamento da equipe pedagógica, onde, fica evidente no reflexo sistêmico ou não das ações realizadas pelos profissionais. O que acontece em muitas instituições de ensino é a banalização do ato de planejar, para muitos pedagogos, tornou-se um “ritual” que deve ser cumprido anualmente, o que favorece que seu trabalho se torne aleatório e muitas vezes ficando aquém do que se espera.
Nesse sentido Luckesi, (1992, p.121) afirma que:
A escola faz parte de uma realidade social mais ampla e deve compreendê-la, para nela situar-se adequadamente e corresponder às necessidades de formação de pessoas que essa realidade demanda. Numa sociedade que se globaliza e que se orienta pela construção do conhecimento e pela mudança contínua, mudam as perspectivas das necessidades educacionais dos alunos. É preciso compreender os cenários e visualizar os desafios que os alunos enfrentarão ao sair da escola, a fim de organizar um processo educacional significativo. Essa compreensão deve articular-se com uma compreensão da comunidade e condições internas da escola, até mesmo para se identificar o que aí precisa ser modificado do ponto de vista estrutural e funcional, a fim de que se possa atender aquelas necessidades.
Dessa forma, planejar, é de fato, definir o que queremos alcançar; verificar a que distância, na prática, estamos do ideal e decidir o que se vai fazer para encurtar essa distância. E dessa forma, o potencial desse planejamento tem maiores chances de ter êxito e alcançar os objetivos finais. No entanto, quando não se planeja e vai fazendo as coisas de modo aleatório, sem saber aonde quer chegar, ou simplesmente vai reagindo aos fatos, facilmente se cai no vazio, chegando ao final do dia com a estranha sensação de não ter feito nada de significativo a ação aleatória, sem fins definidos. Isso se dá, também, quando não há articulação entre a gestão dos diversos setores que fazem parte do ambiente escolar. Agindo dessa maneira, o trabalho fica fragmentado e tende ao fracasso ou à perda de potenciais resultados positivos.
A participação, no ato de planejar e de administrar decisões em equipe, é questão de democracia e profissionalismo. O planejamento participativo diz respeito a esse trabalho em equipe, onde todos têm voz e vez, são protagonistas do seu próprio dia a dia em consonância com os documentos norteadores da prática pedagógica tais como: Projeto Político Pedagógico e Regimento Escolar, que visa não só democratizar as decisões, mas estabelecer as prioridades para as pessoas envolvidas no processo e constitui-se em um ato de cidadania, na medida em que esse processo possibilita a definição da concepção de educação com o qual a escola deseja trabalhar.
A tomada coletiva de decisões tem como objetivo, não só a democracia das decisões, mas o estabelecimento de prioridades entre os envolvidos, apontando os caminhos que estão com mais urgência na pauta de votação para temas futuros. O Planejamento participativo permite coordenar ideias, ações, perspectivas e compartilhar preocupações e utopias, em vez de priorizar a conformação de instâncias formais e estáticas.
Dessa forma, entendemos que a sistematização das ações planejadas participativamente nos conduzirão à bons caminhos no sentido de que nos levam a repensar nossas práticas pedagógicas e o efetivo trabalho do pedagogo escolar como articulador do processo de ensino e aprendizagem.
Percebe-se dessa forma, que a educação é um processo social e para ser compreendida, é necessário que seja analisada nas intersecções que compõem a estrutura social. Nesse sentido, não é possível compreender o planejamento da educação sem considerar os elementos que o definem como um componente do processo social, ou um sistema de significações, composto, por um lado, de relações entre os sistemas econômicos, políticos e educacionais e, por outro, pela dependência desses sistemas para realizar-se como atividade social.
A ideia não é trazer as discussões para o processo de elaboração do plano, mas fazer prevalecer o plano no processo de planejamento. Isso implica que a participação e a democracia, que também fazem parte do discurso do planejamento para a austeridade, sejam concebidas como um mecanismo de legitimação de ideias que não surgiram de um processo de discussões, mas de consensos conduzidos. Esse é o ponto central que distinguirá essa concepção de planejamento da concepção de planejamento numa perspectiva de transformação, sobre o qual se discutirá mais adiante.
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