A cidade de São Paulo e a questão do aborto
Por: romito59 • 4/12/2015 • Projeto de pesquisa • 2.772 Palavras (12 Páginas) • 193 Visualizações
A subjetividade urbana: a opinião das paulistanas sobre o aborto e sua relação
com o espaço social.
Palavras chave: Subjetividade urbana, Território, Espaço, Mulher, Aborto, Cidade de
São Paulo
Introdução
Pensando a cidade enquanto síntese da sociedade, o presente projeto de pesquisa
inserido na temática da subjetividade e a cidade, centrará sua discussão na opinião das
moradoras do município de São Paulo acerca do aborto, a partir das implicações da relação
sócio-espacial, buscando explorar a função do território no comportamento destas mulheres.
Afinal, até onde o espaço social influencia na aquisição de um posicionamento político?
Como o Geógrafo Rogério Haesbart aponta em seus estudos, o território de maneira
geral, não importando sua acepção epistemológica, tem a ver com poder. Tanto no sentido de
dominação quanto em seu sentido simbólico. Para tanto e ainda de acordo com Haesbart, um
determinado local pode expressar uma manifestação de poder através de perspectivas distintas
que se desdobram em três direções: jurídico-políticas, culturais e econômicas.
Na perspectiva jurídico-política, o território é visto como um espaço delimitado e
controlado sobre o qual se exerce um determinado poder, especialmente o de caráter
estatal; na perspectiva cultural prioriza-se as dimensões simbólicas e mais
subjetivas, onde o território é visto fundamentalmente como produto da apropriação
feita através do imaginário e/ou identidade social sobre o espaço; e, por fim, na
perspectiva econômica, destaca-se o território como produto espacial do embate
entre classes sociais e da relação capital-trabalho (HAESBAERT apud SPOSITO,
2004,18).
Sob este prisma econômico e cultural, o professor Mauro Iasi retrata que a cidade é a
forma reificada da organização das relações sociais de produção cuja materialização política e
espacial fornece a base da produção e reprodução do capital (2013, p.41). Portanto, é a
unidade que abriga e fomenta a maturação das contradições impostas pelo modo de produção
capitalista. Nesse sentido, é o próprio terreno da disputa política em suas mais variadas
vertentes. Henri Lefebvre complementa este tipo de reflexão ao desenvolver uma teoria
dialética sócio-espacial em que retrata que o espaço tanto expressa as relações sociais quanto
reage diretamente sobre elas.
Por conseguinte, dado que a urbe se insere enquanto espaço de disputa ideológica,
abrigando tanto possibilidades de emancipação quanto perpetuação e manutenção de um
determinado status quo, o aborto assume um caráter político frente ao dinamismo dos
conflitos sociais que emergem das contradições da vida urbana.
Como Maria Tereza Verardo mostra em seus estudos sobre a questão do aborto,
enquanto setores conservadores da sociedade colocam-se a favor da vida do feto e de sua
independência em relação à mulher que o está gestando, adeptos da descriminalização dessa
prática retomam a ideia do direito ao corpo e o defendem com o argumento de que o feto não
nascido não pode ter mais direitos do que a mulher que o gesta. Por este motivo, tal estudo
busca contribuir para o debate que se faz sobre o aborto bem como verificar se há alguma
relação entre a aceitação ou rejeição que as paulistanas fazem deste conceito a partir da
função social do espaço que é atribuída à cidade de São Paulo.
Para abordar estes apontamentos, optar-se-á pela metodologia quantitativa através da
utilização de um survey, por se entender que este método será o mais qualificado para a coleta
de dados e consequentemente contribuirá para uma análise mais apurada do referido objeto
por tornar possível a construção de variáveis e tendências de comportamento, ampliando
assim, o horizonte da análise.
Justificativa e Problema de Investigação
A ideia da pesquisa aqui proposta surgiu de uma reunião em que os componentes do
grupo discutiam formas de mensurar atitudes e posicionamentos políticos das paulistanas a
partir da interação que estabelecem com o espaço social e o território que as permeiam. Nesse
sentido, a questão de discutir o aborto sob o prisma e o aporte teórico da sociologia urbana
tornou-se um ponto de concordância a ser estudado.
A prática do aborto induzido sempre foi uma realidade constante para inúmeras
mulheres ao decorrer dos tempos, através de discussões que envolvem diversas áreas como
questões morais, religiosas, científicas, entre outras, passou a ser recriminada socialmente e
em diversos países onde não foi reconhecido como um direito de escolha da mulher,
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