Émile durkhein
Por: mendonca • 27/8/2015 • Bibliografia • 6.711 Palavras (27 Páginas) • 307 Visualizações
Pensadores Clássicos da Sociologia
3. Émile Durkheim – Vida e Obra
Prof. Fernando Salla
- as informações apresentadas abaixo foram reunidas a partir da biografia contida n’Os Pensadores, na obra de QUINTANEIRO, Tânia, BARBOSA, Maria Ligia de Oliveira e OLIVEIRA, Márcia Gardênia Monteiro de (2002) Um Toque de Clássicos, Marx, Durkheim e Weber. Belo Horizonte: Editora UFGM e ainda de Raymond Aron As etapas do pensamento sociológico, São Paulo: Martins Fontes.
- nasce em Épinal (França) em 1858. Morre em Paris em 1917. Durante seus estudos recebe forte influência de Herbert Spencer que tinha a predileção pelos modelos biológicos aplicados para a explicação dos fenômenos sociais. Esse modelo vai revelar um perfil político bastante conservador de Durkheim. Sua leitura da sociedade a assemelhava a um organismo que para funcionar adequadamente não deveria ser sacudido por turbulências, por ‘disfunções’, por ‘males’.
- procurando fundar a sociologia como ciência rigorosamente científica criticava a preocupação de pensadores em formular leis universais - como a dos três estados de Comte (segundo este pensador o espírito humano passaria por três estados: o estado teológico, no qual predominam as explicações que recorrem aos deuses e espíritos – exemplo disso é o fetichismo, o politeísmo, o monoteísmo; o estado metafísico, que substitui os deuses e espíritos pelas forças da natureza – a argumentação ocupa o lugar da imaginação; e o estado positivo ou do pensamento positivo no qual predomina a observação. É esse estado que instaura a investigação do real que é a base da ciência e da indústria).
- Durkheim procura estudar os fatos sociais como coisas, mas não os reduz a uma materialidade – como, por exemplo, interessava a ele a consciência coletiva - sistemas de representações de uma dada sociedade (linguagem) que não se reduz ao fenômeno das consciências individuais. A forma, o método que ele adotava para conhecer o fato social envolvia: a) tratar os fatos sociais como coisas; b) afastar da ciência as prenoções; c) verificar os casos em sua generalidade não individuais.
- pela análise dos sistemas jurídicos, das artes pode-se entender essas representações coletivas. O método estatístico é outro que Durkheim utilizou (suicídio que Durkheim estudou não como fenômeno individual mas social).
- crise da moral e papel da Sociologia como substituta da moral, criticando os valores estabelecidos e afastando as tendências que fossem prejudiciais
- influência de Durkheim na pedagogia e nas teorias educacionais - educar é preparar ou forçar o indivíduo a integrar uma sociedade, um grupo
- importante instrumento de análise é conceito de solidariedade social - duas formas:
- solidariedade mecânica - coesão da sociedade porque os indivíduos são iguais (a horda, o clã)
- solidariedade orgânica - predomina nas sociedades mais complexas, onde a coesão é garantida pela crescente divisão do trabalho
- desse conceito surgem os conceitos de normalidade e patologia social. O normal é relativo ao tipo de uma sociedade. Normal é o regular, o geral, e patológico é o que é acidental (se encontramos o crime em toda sociedade e ele provoca o adensamento moral da sociedade então ele é normal), idem o suicídio.
- ao estudar a patologia social Durkheim formula o conceito de anomia - ausência ou desintegração das normas sociais. A anomia é característica das sociedades orgânicas - quanto mais complexas, mais diferenciadas, mais surgem tarefas individuais nem sempre correspondendo aos desejos e aptidões - o que pode enfraquecer os valores e gerar a ameaça de desintegração.
- Aron observa “Quanto mais a sociedade moderna encoraja os indivíduos a reivindicar o direito de realizar sua própria personalidade, e de satisfazer seus próprios desejos, mais se deve temer que o indivíduo esqueça as exigências da disciplina e termine numa situação perpétua de insatisfação” (p.347)
- Durkheim se mostra preocupado com essa desintegração, resultante da divisão do trabalho social, e propõe como um dos remédios as formas cooperativistas de produção econômica para a recomposição dos vínculos morais entre os indivíduos.
- a reflexão de Durkheim sobre o suicídio. Interesse dele porque aparentemente nada é mais individual. Ele quer mostrar como esse fato é social. (descarta que seu interesse seria apenas para a psicologia)
A questão central é a desproporção entre as aspirações e as satisfações na sociedade moderna que estariam na base dos suicídios anômicos. A idéia da disciplina aqui é fundamental (no casamento, por exemplo, na contenção dos impulsos)
- As taxas de suicídio na sociedade moderna para Durkheim revelariam aspectos patológicos dessa sociedade. Uma certa taxa de suicídio na sociedade é normal para Durkheim, assim como o é o crime.
- A insuficiente integração do indivíduo na coletividade era apontada por Durkheim como sintoma patológico da sociedade moderna. Como promover essa integração?
- família - Durkheim diz que não consegue seja porque pelo estudo do suicídio ficou demonstrado que casados se suicidam e que a família não é suficiente para assegurar a integração do indivíduo. Família perdeu função na sociedade moderna.
- estado ou grupo político - está muito longe do indivíduo, excessivamente abstrato e autoritário, incapaz de promover integração
- religião - caráter abstrato e intelectual e perdem sua função de coerção social. Não se constituem escolas de disciplina como antes.
Conclusão: o único grupo capaz de favorecer a integração dos indivíduos na coletividade é a profissão ou, como dizia Durkheim, a corporação.
- Para Durkehim essas corporações, reunindo empregadores e empregados, estariam próximas dos indivíduos para se constituírem escolas de disciplina - entidades superiores e com autoridade. Estariam em sintonia com a sociedade moderna onde predominam as atividades econômicas.
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