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A Paixão e Morte do Brasil

Por:   •  27/11/2021  •  Artigo  •  963 Palavras (4 Páginas)  •  131 Visualizações

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Paixão e Morte do Brasil

É por deveras inacreditável assistir o calvário de um povo a via crucis do povo brasileiro. Uma nação em formação. 8 anos mais jovem que o jovem continente americano, arrastada para aquilo que conceituou de “civilização ocidental” segundo a história oficial, por uma acidental calmaria: o “acaso do destino”. Um acaso que custou a vida de aproximadamente 5 milhões de nativos e outro tanto ou mais de almas africanas. Um acaso que quase devastou todas suas riquezas vegetais, minerais e animais, para ostentar a opulência de fidalgos e a insaciável sede de lucros da burguesia na Europa, deixando para os que aqui construíam a nação - escravos, servos e proletários - áreas de desertificações secas cruéis e um destino de calvário.

A paixão dos colonizadores pelo Brasil, como se manifestou na carta de Pero Vaz de Caminha - “uma terra, onde tudo que se planta dá” -  se traduziu na prática da pilhagem, do saque e do plantio de almas cativas. Esta paixão dos colonizadores estendeu o corpo brasileiro sobre a cruz de suas fronteiras de sul a norte, de leste a oeste; seu corpo sólido cravejado e perpassado pelo extrativismo das pepitas de ouro, safiras e diamantes. O trabalho escravo de índios, negros e mestiços ao ritmo dos açoites dos feitores, combinava-se com os atos de fé cristã que abençoava o feito homérico dos capitães do mato e redimia o pecado dos sem alma, entre uma seção e outra de torturas nos pelourinhos.

Assim, a paixão se fez morte e como sanguessuga ensanguentou nossas veias e artérias de água límpida e pepitas de ouro, diamante e rubis, para irrigar toda riqueza da cana-de-açúcar, algodão, cacau, borracha e do café, sob as quais o capital mercantil deificou as bases da revolução industrial e avançou sua civilização burguesa e neste afã, nasceu uma jovem nação, de povo mestiço e moldado para servir os seus senhores, integrada por um acaso de paixão e morte à civilização ocidental.

Os séculos se passaram e os escravos, cansados de esperar a salvação pela ressurreição, resolveram lutar para tomar as rédeas de seus destinos, não deixando que o acaso continuasse a ditar sua morte. Esta luta, aos poucos, foi organizando e unindo a até se tornar povo e nação. A luta evoluiu dos tacapes e quilombos, para a independência, para a república, através de inconfidências, da agitação abolicionista, de insurreições e levantes. Assim veio a Independência política, embora o cravo da dependência econômico e tecnológica permanecesse sangrando e imobilizando nossas mãos e pernas, o império e a república vieram também, embora o povo brasileiro crucificado mantivesse uma coroa de espinho a sangrar e exaurir sua energia na medida que o poder político do pais continua nas mãos das oligarquias, agora burguesas.

A luta pela unidade nacional resgatou a unidade do corpo da nação, mas os cravos, em suas mãos e pés, e sua coroa de espinhos, em sua cabeça, continuam a lhe sangrar e sugar suas energias quebrantando nossa liberdade. Às expensas de todo esse martírio, o povo brasileiro a partir deste século ergueu bases para se libertar da cruz que está pregado Com o movimento revolucionário de 30, rapidamente se ergueram bases fundamentais para retirarmos os cravos do acaso que nos mantêm crucificados, a dependência histórica ao imperialismo dos novos colonizadores - os Ianques de hoje, nada mais são que os Lusíadas de ontem - ; e a submissão às oligarquias burguesas respaldadas pelo setor entreguista das FFAA - que nada mais são que os senhores de escravos de ontem, seus feitores e capitães do mato.

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