A Fé e Saber em Habermas
Por: Tito Campos Carvalho • 27/9/2020 • Trabalho acadêmico • 635 Palavras (3 Páginas) • 233 Visualizações
Fe e saber em Habermas
Neste texto Jürgen Habermas começa sua dissertação, abordando a questão da secularização da sociedade moderna e de uma sociedade pós-secular, discutindo o papel e a importância da religião, na atual esfera publica em que nos encontramos.
Ele começa seu texto explicando o termo de sociedade pós-secular, entendendo como um processo não linear, onde historicamente o processo de secularização ocorreu a partir do momento em que questões da esfera mundana, como a arte, a educação e a ciência se emanciparam do domínio estritamente religioso. E com isso a possibilidade do desenvolvimento e proliferação tanto das liberdades individuais, quanto do conhecimento, fazendo com que a expectativa para muitos seria a marginalização e até mesmo uma completa extinção da religião nas discussões em meio a esfera pública.
Porem isso não ocorreu, podendo ser visto em muitos contextos seculares da vida, a religião, um exemplo de expressão do poder significativo da religião no mundo globalizado, embora toda secularização. Habermas em seu texto discute também o importante papel da religião na relação com o desenvolvimento das biociências,” em especial, através das possibilidades abertas por essas ciências, as intervenções pré-natais na composição genética de um ser humano podem ter consequências que minam a “auto compreensão ética da humanidade como um todo”. (KNAPP, 2011, p.3)
Ele acredita que essas possibilidades abertas pela biociência de intervenções e manipulações no genoma humano, colocaria em perigo a ideia de um “universalismo igualitário” onde as intervenções feitas no embrião seriam determinadas pelo arbitro de quem as induz e não de quem será feito o procedimento. E é neste contexto, que a religião se mostra importante na discussão pública, pelo fato desta, implantar estes valores individuais e o sentido de igualdade entre todos. Habermas, J. (1987, p.120)
No dia do juízo final, assim nós aprendemos enquanto cristãos crescidos, cada um de nós, individualmente e de modo irrecusável, sem a proteção de dignidades e bens mundanos, encontra-se diante da presença de um Deus justo, de cuja graça nós, por isso mesmo, dependemos, porque não duvidamos da justiça de seu juízo. Em consideração do caráter inconfundível de cada história de vida responsável por si mesma, todos deveriam, um após o outro, esperar o mesmo tratamento. A partir dessa abstração do julgamento divino surgiu também aquela conexão conceitual de individualidade e igualdade, sobre a qual se sustentam os princípios universalistas de nossa constituição, mesmo que estes estejam moldados segundo a falibilidade da capacidade humana de julgamento.
Os seja, a religião para Habermas serviria como um importante meio de auto compreensão social e um importante articuladora para essas questões éticas, que envolvem áreas da sociedade como a biociência. Porem uma questão levantada por Habermas sobre como a religião obterá importante papel nas discussões públicas sem prejudicar princípios liberais e democráticos.
Ele acredita que isso seria possível a partir de um “processo de aprendizagem complementário” onde crentes e não crentes, discutam de maneira aberta seus entendimentos sobre temas controversos ne esfera pública. “Habermas fala de um “processo de aprendizagem complementário”, no qual cidadãos religiosos e não-religiosos “levam a sério, reciprocamente, suas contribuições sobre temas controversos na esfera pública, portanto, também por razões cognitivas”. KNAPP (2011, p.8)
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