A Lógica no Ensino Médio
Por: Filosofia - Prof. Fábio • 29/11/2021 • Artigo • 808 Palavras (4 Páginas) • 189 Visualizações
Lógica no Ensino Médio, um ensino possível?
Na antiguidade, Aristóteles quis encontrar uma forma de ao analisarmos determinada questão, seja ela qual fosse, fizéssemos isso de tal forma que os erros de raciocínio fossem evitados, para tanto ele criou a lógica. A lógica nada mais é, pelo menos do ponto de vista aristotélico, uma maneira de não cairmos em erros de conclusão por conta de um encadeamento equivocado de nosso pensamento, e assim se deu até o Séc XIX, quando com a chegada de filósofos da matemática como Frege pro exemplo, propuseram uma “nova lógica”, uma lógica que fosse capaz de abandonar as linguagens tradicionais e através de uma linguagem de símbolos, representar de maneira correta toda a realidade, isso se demonstrou ineficaz, pois foi Bertrand Russel um lógico-matemático também que descobriu uma falha no sistema fregiano[1], essa falha ficou conhecida como paradoxo de Russel. Na sequência tivemos Wittgenstein, com seu Tratactus Logico-phlisophicus, que postulava a ideia de que, o estabelecimento da estrutura da linguagem implica na estrutura essencial do mundo, em outras palavras, era possível através da linguagem factual representar o mundo. O mesmo Wittgenstein abandona essa ideia cerca de 25 anos depois, e em suas Investigações Filosóficas, afirma que a linguagem não passa de um jogo de palavras e que para compreender esse jogo, devemos antes de tudo entender as regras de determinada linguagem, o filósofo austríaco, nesse momento toma uma posição diametralmente oposta a que havia tomado durante o tratactus.
Essa foi apenas uma introdução dos temas que talvez deveriam ser trabalhados com os alunos em uma sala de aula de alunos no ensino médio, mas como introduzir os alunos a esses temas, que para nós que trabalhamos com Filosofia, nos parecem tão caros? A Profa. Patrícia Del Nero Velasco, em seu artigo, que faz parte de uma pesquisa maior, intitulado “Sobre o lugar da lógica na sala de aula” afirma que devemos introduzir o estudo da lógica de uma maneira informal, com charges e tirinhas de jornais, onde alguns cartunistas fazem uso de alguns tipos de argumentos que podem, via de regra serem utilizados em qualquer discussão. A Profa. Patrícia nos apresenta tipos de inferência que podem ser direta ou por generalização e alguns outros tipos de argumento e esquemas de pensamento, que podemos de uma maneira até lúdica trabalharmos com os alunos. Essa maneira de se trabalhar com a lógica, é talvez a chave de interpretação para se estabelecer um trabalho efetivo desse conteúdo com os alunos do ensino médio. De uma maneira geral os alunos têm muitas lacunas histórico-culturais em sua formação intelectual, o que dificulta e muito, o trabalho do professor em sala de aula, uma outra dificuldade aqui, é que em geral os alunos brasileiros também não obtém bons resultados nas provas internacionais de matemático, como é o caso do PISA[2] por exemplo, o que dificulta ainda mais o ensino da lógico, pois o próprio nome remete a algo que em geral os alunos de uma escola de ensino médio não gostam que é a matemática.
De qualquer maneira, se faz necessário começar o trabalho de alguma forma, e considero o caminho indicado pela professora Patrícia em seu artigo, um caminho válido e possível, devemos trabalhar a lógica de forma lúdica e descompromissada, para que os discentes percebam o quanto é interessante aprender sobre aquilo, de um ponto de partida que não seja pedante. Ao final de seu artigo a Profa. Patrícia afirma o seguinte:
[...]Neste sentido, se o ensino da lógica não é suficiente para um pensar autônomo por parte do educando (não temos garantia disso!), ao menos pode propiciar a esse a descoberta da possibilidade de pensar sobre o próprio pensar de forma organizada e encadeada – sistematizando as explicações, opiniões, crenças, etc. Por conseguinte, parece auxiliar no reconhecimento das diferentes estruturas argumentativas, permitindo àquele que se familiariza com os conceitos lógicos (ainda que elementares), um arcabouço teórico interessante tanto para a criação quanto para a avaliação crítica de argumentos. (Velasco, 2009, p. 74)[3]
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