DESIGNAÇÃO: A ARMA SECREDA, PORÉM INCRIVELMENTE PODEROSA, DA MÍDIA EM CONFLITOS INTERNACIONAIS
Por: Caio Cardoso • 17/7/2016 • Resenha • 843 Palavras (4 Páginas) • 1.680 Visualizações
UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA
FACULDADE DE HISTÓRIA
Prática de gêneros acadêmicos 03/06/2016
Aluno: Caio Luiz Cardoso Oliveira
Resenha do texto: “DESIGNAÇÃO: A ARMA SECREDA, PORÉM INCRIVELMENTE PODEROSA, DA MÍDIA EM CONFLITOS INTERNACIONAIS”, Kanavillil Rajagopalan, Universidade Estadual de Campinas.
Kanavillil Rajagopalan, autor do texto “DESIGNAÇÃO: A ARMA SECREDA, PORÉM INCRIVELMENTE PODEROSA, DA MÍDIA EM CONFLITOS INTERNACIONAIS”, é professor titular na área de Semântica e Pragmática das Línguas Naturais da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), doutor em Linguística Aplicada (PUC-SP) e Pós-Doutor em Filosofia da Linguagem (Universidade da Califórnia, Berkeley, EUA). O texto trata, dentro do contexto dos conflitos modernos entre Ocidente e Oriente, a questão da manipulação midiática através dos nomes empregados.
A obra está dividida em quatro partes, com a introdução, na qual o autor deixa claro a utilização e a importância da mídia em algumas guerras que foram fortemente controladas pela mesma, no início do século. No mesmo parágrafo, Rajagopalan, fala sobre o poder de transmissão destes conflitos e o impacto que isso tem na repercussão da guerra.
Ainda na introdução, o autor começa a falar sobre a manipulação que ocorre através da mídia dos eixos ou países envolvidos nos conflitos, ele deixa isso claro quando diz: “Embora se diga, com muita propriedade, que a primeira vítima de qualquer guerra é a verdade, nunca havia ficado tão escancarada a forma como a mídia manipula a notícia.”(RAJAGOPALAN, p. 01)
Já em outro tópico, Kanavillil incia seu raciocínio de forma mais técnica, explicando de forma detalhada a questão da denominação ser fortemente usada para designar algum atributo, mesmo que essa não seja sua principal função. Ele diz que: “No momento em que se nomeia, o objeto deixa de ser tão exclusivo ou único, pois o próprio ato de nomeação se encarrega de emprestar-lhe um atributo.”(“Nomes: afinal o que há de tão curioso nessas palavras”, p. 02) E essa citação, deixa de forma explícita, o que o autor desenvolve durante grande parte do texto.
Mais à frente, o autor começa e exemplificar sua teoria, encaixando vários exemplos nos conflitos entre o Ocidente e o Oriente que marcaram a virada do milênio. Ele fala sobre a o poder da mídia em dar mais visibilidade ao que lhe interessa, como no caso do colapso das Torres Gêmeas do World Trade Center, de 2001, onde a notícia ganhou notoriedade internacional, equanto coisas muito parecidas, e até piores, ocorreram em Saravejo e a mídia mal se pronunciava sobre o assunto. Também fala sobre como a denominação dos inimigos dos EUA como “Eixo do Mal”, deixava, de forma implícita, a intenção de colocar os aliados dos Estados Unidos como os “mocinhos” da história. Citando o exemplo de Osama Bin Laden, o autor claramente critica esse tipo de denominação, que coloca o inimigo na posição de “parte má”. Apesar de muito efetiva, esse tipo de manipulação também pode dar errado, como no caso da denominação de “Cruzada ao terror” que a Casa Branca tentou colocar na invasão aos países inimigos, pois o nome remete à uma época conturbada e muito sangrenta.
Na última e menos parte do texto, Rajagopalan fala sobre a contradição da nomenclatura dos mesmos indivíduos em cada lado da guerra: “[...] os mesmos indivíduos que são chamados de ‘homens-bomba’ e ‘terroristas-suicidas’ pela imprensa ocidental são lembrados como ‘mártires’ e ‘soldados da guerra santa’ pela imprensa árabe.”(O Poder da designação, p.03).
Podemos notar, que o autor é extremamente crítico em relação ao uso das denominações de forma manipuladora pela mídia, e que ao mesmo tempo consegue entender e relacionar os motivos pelos quais a imprensa usa esse tipo de tática. Ele deixa bem claro que o poder da mídia através da manipulação da notícia é muito grandioso e pode decidir o futuro de um conflito e até mesmo de uma guerra toda. Concordo com o autor em diversos pontos, principalmente quando o mesmo diz que esse tipo de denominação usada para manipular as pessoas, é feita como se fosse neutra: “Há, pois um julgamento de valores, disfarçado de ato de referência neutra.” (p. 03) Nesta afirmação, Kinavillil mostra como a imprensa é inteligente no uso desse estratégia de alienação, pois parece que é apenas uma forma comum de fazer referência a algum povo ou país os chamando de “terroristas” ou “extremistas” quando pos trás das palavras encontra-se um grande poder de generalização.
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