LIBERDADE E IGUALDADE
Por: Rogerio Geraldo • 24/5/2018 • Trabalho acadêmico • 2.932 Palavras (12 Páginas) • 186 Visualizações
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UNIVERSIDADE ANHANGUERA – UNIDERP
CENTRO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
POLO BAURU
CURSO LICENCIATURA EM HISTÓRIA
Disciplinas norteadoras: História do Brasil Colonial, Historiografia, História da Arte, História da América Colonial, Direitos Humanos e História Antiga
ROGERIO AUGUSTO GERALDO RA 6001005883
LIBERDADE E IGUALDADE
NOME DO TUTOR: Ailton Salgado
BAURU / SP
2017
INTRODUÇÃO
O objetivo do presente trabalho é a intervenção pedagógica diante do desafio de apresentar ao aluno do Ensino Fundamental II, uma visão mais ampla da História e também dos conceitos fundamentais de Liberdade e Igualdade. Nossa Constituição Brasileira de 1988, no seu Artigo 5º: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza”. Através desse contexto, é importante que todos possam ter acesso ao conhecimento pleno de como chegamos até nossa liberdade, e entender que ainda há muito a se fazer para que essa Liberdade e Igualdade se estenda a todos de forma irrestrita e sem barreiras raciais, culturais, religiosas ou políticas.
Ao contrário do que possa parecer à nossa experiência de mundo mais imediata, a escravidão não é uma questão racial. Na verdade, ela não tem nada a ver com raça, e é apenas o nosso provincialismo histórico que nos faz pensar diferente disso. Se é verdade que aqui na América os negros foram escravizados, não é menos verdade que soubemos nos utilizar, também e sem nenhum preconceito, de mão-de-obra escrava indígena. Ao mesmo tempo, os índios do Novo Mundo escravizavam outros índios e as tribos negras africanas escravizavam outros negros (e os vendiam aos brancos traficantes de escravos – isso quando não escravizavam brancos também). Antes disso, na Europa medieval, os mouros escravizavam os cristãos e, estes últimos, os mouros. Ainda antes, os judeus foram escravizados no Egito dos Faraós.
Desde a antiguidade em povos como os egípcios, mesopotâmicos, persas, hebreus entre outros, há registros de escravidão de povos, em prol de estabelecimento de poder e conquista territorial e expansão militar.
A ESCRAVIDÃO COMO MARCA NEGATIVA
Dentro de todo o período histórico conhecido a busca por liberdade é notório, porém na busca por expansão e conquistas o ser humano encontrou na escravidão, uma forma de alcançar seus objetivos. Rainer Souza, mestre em História faz o seguinte comentário a respeito da escravidão na Antiguidade:
A escravidão é um tipo de relação de trabalho que existia há muito tempo na história da humanidade. Já na Antiguidade, o código de Hamurabi, conjunto de leis escritas da civilização babilônica, apresentava itens discutindo a relação entre os escravos e seus senhores. Não se restringindo aos babilônios, a escravidão também foi utilizada entre os egípcios, assírios, hebreus, gregos e romanos. Dessa forma, podemos perceber que se trata de um fenômeno histórico extenso e diverso.
Desde muito cedo, as bases que norteavam as sociedades antigas são extremamente fundamentadas no papel do homem como líder e dominador em suas diversas culturas. A mulher praticamente começa a ganhar força social no final do século XIX e início do século XX. Em certas culturas era até mesmo desprezada, já em outras tinham a função de trabalhar arduamente no campo e no papel reprodutivo.
Povos pré-colombianos na América e nativos no Brasil ainda não descoberto, tratavam com hostilidade povos desconhecidos, até de certa forma muito violentas. Maias, Astecas e Incas, são exemplos de povos que entraram em conflito com seus colonizadores e foram dizimados.
Na cultura grega algumas eram separadas como sacerdotisas e tratadas como deusas da fertilidade. Entre os hebreus, tinham papel secundário, pois tratava-se de uma cultura patriarcal.
Como já citado a questão da escravidão não era apenas racial, pois inúmeros registros históricos mostram povos inteiros foram escravizados por questões de terras e poder. Não questão do Brasil Colonial, os negros africanos foram trazidos após serem vendidos por seus semelhantes no Continente de origem. A abolição dos negros escravizados tem início a partir do século XVIII, como Portugal em 1761, a França em 1802, Chile em 1823, Reino Unido em 1807, Estados Unidos em 1863 e o Brasil em 1888. Porém, na atualidade as questões de Liberdade ainda são desafios, pois a escravidão se faz presente, como na Mauritânia, no noroeste da África, entre o Saara Ocidental e o Senegal. A abolição aconteceu oficialmente em 9 de novembro de 1981, e passou a ser considerada um crime apenas em 2007. Formado por mouros e negros muçulmanos, o país escravizou africanos capturados por árabes no decurso de guerras. Mesmo após a aprovação da lei, infelizmente, a escravidão continua a existir no país. Estima-se que 20% da população de 3,2 milhões de pessoas vivam nesse regime.
Sem desprezar os que na Grécia e Roma lutaram pelo Direito, e no decorrer dos séculos, mas é a partir do século XIX na Revolução Francesa que expressões com Liberdade, Fraternidade e Igualdade começam a ganhar espaço na sociedades e hoje tais expressões estão presentes na Constituição Francesa. No decorrer da história humana, possível verificar culturas como a grega e romana discutindo e criando leis que garantam direitos e deveres aos cidadãos, mas ainda falhos em termos gerais que venham a garantir plena liberdade e irrestrita igualdade entre homens e mulheres, de diversos povos, línguas e nações.
Nas questões de leis que tratem de Liberdade e Igualdade, apenas na recente história da humanidade, é possível ter o exemplo da Declaração Universal dos Direitos Humanos, aprovada em 1948 que estabelece em seu Artigo número um que:
Todas os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade.
Partindo desses princípios da Declaração, países do mundo todo, passaram a elaborar leis e implantar regulamentações que visem garantir a Liberdade e Igualdade. Mas este ainda é um desafio a ser vencido.
ATIVIDADE PROPOSTA
FONTE 1
ARTIGO: O ENIGMA DE ZUMBI
Leandro Narloch
Estudos recentes sobre o herói da luta contra escravidão mostram que ele próprio pode ter sido dono de escravos no quilombo dos Palmares
Quinta-feira, 262 cidades brasileiras comemoram o Dia da Consciência Negra, data que evoca a morte de Zumbi dos Palmares. Último líder do maior dos quilombos, os povoados formados por negros fugidos do cativeiro no Brasil colonial, Zumbi foi morto em 20 de novembro de 1695, quase dois anos depois de as tropas do bandeirante paulista Domingos Jorge Velho praticamente destruírem Palmares. Ao longo dos séculos, Zumbi se tornou uma figura mítica, festejado como o herói da luta contra a escravidão.
O que realmente se sabe dele, como personagem histórico, é muito pouco. Seu nome aparece apenas em oito documentos da época, incluindo uma carta do governador de Pernambuco anunciando sua morte. Como ocorre com Tiradentes e outros heróis históricos que servem à celebração de uma causa, a figura de Zumbi que passou à posteridade é idealizada. Ao longo do século XX, principalmente nos anos 60 e 70, sob influência do pensamento marxista, Palmares foi retratada por muitos historiadores como uma sociedade igualitária, com uso livre da terra e poder de decisão compartilhado entre os habitantes dos povoados. Uma série de pesquisas elaboradas nos últimos anos mostra que a história de Zumbi e do quilombo dos Palmares ensinada nos livros didáticos tem muitas distorções.
Muito do que se conta sobre sua atuação à frente do quilombo é incompatível com as circunstâncias históricas da época. O objetivo desses estudos não é colocar em xeque a figura simbólica de Zumbi, mas traçar um quadro realista, documentado, do homem e de seu tempo.
Os novos estudos sobre Palmares concluem que o quilombo, situado onde hoje é o estado de Alagoas, não era um paraíso de liberdade, não lutava contra o sistema de escravidão nem era tão isolado da sociedade colonial quanto se pensava. O retrato que emerge de Zumbi é o de um rei guerreiro que, como muitos líderes africanos do século XVII, tinha um séquito de escravos para uso próprio. "É uma mistificação dizer que havia igualdade em Palmares", afirma o historiador Ronaldo Vainfas, professor da Universidade Federal Fluminense e autor do Dicionário do Brasil Colonial. "Zumbi e os grandes generais do quilombo lutavam contra a escravidão de si próprios, mas também possuíam escravos", ele completa.
Não faz muito sentido falar em igualdade e liberdade numa sociedade do século XVII porque, nessa época, esses conceitos não estavam consolidados entre os europeus. Nas culturas africanas, eram impensáveis. Desde a Antiguidade e principalmente depois da conquista árabe no norte da África, a partir do século VII, os africanos vendiam escravos em grandes caravanas que cruzavam o Deserto do Saara. Na época de Zumbi, a região do Congo e de Angola, de onde veio a maioria dos escravos de Palmares, tinha reis venerados como se fossem divinos.
Muitos desses monarcas se aliavam aos portugueses e enriqueciam com a venda de súditos destinados à escravidão. "Não se sabe a proporção de escravos que serviam os quilombolas, mas é muito natural que eles tenham existido, já que a escravidão era um costume fortíssimo na cultura da África", diz o historiador carioca Manolo Florentino, autor do livro Em Costas Negras, uma das primeiras obras a analisar a história do Brasil com base nos costumes africanos. Zumbi, segundo os novos estudos sobre Palmares, seria descendente de uma classe de guerreiros africanos que ora ajudava os portugueses na captura de escravos, ora os combatia.
Quando enviados ao Brasil como escravos, os nobres africanos frequentemente formavam sociedades próprias – uma delas pode ter sido Palmares. Para chegar a esse novo retrato de Zumbi e do quilombo, os historiadores analisaram as revoltas escravas partindo de modelos parecidos que ocorreram em outros lugares da América e da África. Também voltaram às cartas, relatos e documentos da época, mostrando como cada historiografia montou o quilombo que queria.
O principal historiador a reinterpretar o que ocorreu nos quilombos é o carioca Flávio dos Santos Gomes. Ele escreve no livro Histórias de Quilombolas: "Ao contrário de muitos estudos dos anos 1960 e 1970, as investigações mais recentes procuraram se aproximar do diálogo com a literatura internacional sobre o tema, ressaltando reflexões sobre cultura, família e protesto escravo no Caribe e no sul dos Estados Unidos". Atendo-se às fontes primárias e ao modo de pensar da época, os historiadores agora podem garimpar os mitos de Palmares que foram construídos no século XX.
Fonte:
http://veja.abril.com.br/191108/p_108.shtml
FONTE 2
ARTIGO: QUEM FOI ZUMBI DOS PALMARES?
Curiosidades históricas
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A pergunta do título pode parecer um pouco besta. Todo mundo sabe quem foi Zumbi dos Palmares… ou será que não? Se perguntassem para você agora, saberia responder e dizer mais além do “foi um dos líderes do quilombo mais famoso do país”?
Pois é, somos brasileiros, mas nem sempre conhecemos a fundo pontos importantes da nossa história. Zumbi foi um dos principais personagens do movimento negro contra a escravidão no país, abolida oficialmente em 18 de maio de 1888. Não se sabe se ele nasceu aqui no Brasil ou no continente africano. Seu nome também pode ter sido Zambi. Restam muitas dúvidas sobre a identidade dele, no entanto, os registros mostram sua vitalidade na luta pela liberdade dos escravos.
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