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A ALFABETIZAÇÃO DA CRIANÇA NO ENSINO BILÍNGUE

Por:   •  24/5/2020  •  Artigo  •  3.702 Palavras (15 Páginas)  •  240 Visualizações

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A ALFABETIZAÇÃO DA CRIANÇA NO ENSINO BILÍNGUE

Denise Basile Binhardi

RA 913208353

denise.basile@hotmail.com

Orientador: Professor Adriano de Morais Martins

Resumo: Atualmente o crescimento e a procura de escolas bilíngues para a alfabetização de crianças tem aumentado consideravelmente. Nesse contexto, cada vez mais são encontrados pais que preferem que seus filhos tenham contado com uma segunda língua desde pequenos. Por esse motivo, o objetivo deste artigo foi apontar quais são os pontos favoráveis e desfavoráveis em aprender e ser alfabetizado nessas escolas.

Palavras-chave: Alfabetização, bilinguismo, escola.

Introdução

        No mundo atual há uma necessidade que cresce e se acentua cada vez mais de se aprender outros idiomas e culturas diversas. Com a globalização, a Língua Inglesa se tornou essencial no currículo de todos os trabalhadores que buscam melhores empregos e melhores condições de vida. Por este motivo, escolas bilíngues começaram a surgir no Brasil e também no mundo. A escola bilíngue Maple Bear[1], por exemplo, está presente em aproximadamente dez países, de acordo com fontes do próprio site.

        A princípio, quando o ensino bilíngue se iniciou, essas escolas foram criadas com o objetivo de acolher filhos de estrangeiros que moravam no Brasil, afirma Sgarioni (2003). Contudo, brasileiros estão cada vez mais preferindo escolas bilíngues para que seus filhos possam ter educação com um padrão mais elevado do que teriam em escolas comuns.

        Segundo a Organização das Escolas Bilíngues de São Paulo (OEBI[2]), a procura por essas escolas cresceu consideravelmente desde o ano de 2005. De 2005 à 2008 foram abertas quarenta novas escolas.

        As escolas bilíngues tem como objetivo a imersão das crianças na segunda língua, aprendendo diariamente por quatro horas de convívio, se a escola apenas ministrar aulas de inglês duas vezes por semana, por exemplo, não é considerada bilíngue. Os alunos aprendem as mesmas habilidades que aprenderiam em escolas comuns, porém em inglês, esclarece Marcelino (2011, p. 01).

        Indivíduos bilíngues convivem, aprendem e utilizam duas línguas e duas culturas, logo o processo de alfabetização desses estudantes se torna mais complexo e necessita que tenham um amplo entendimento e desempenho. Independente da língua nativa que utilizam, os alunos são influenciados pelo conhecimento de uma nova língua e de uma nova cultura, tornando-os bilíngues e biculturais.  Estes estudantes não são semelhantes a falantes nativos, pois trazem consigo diferentes conhecimentos que devem ser sempre considerados pela escola.

1. Ensino bilíngue e a alfabetização

Segundo Butler e Hakuta (2004), indivíduos bilíngues são

indivíduos ou grupo de pessoas que obtém habilidades comunicativas em diversos níveis de proficiência, nas formas oral e escrita, com o propósito de interagir com falantes de uma ou mais línguas em uma determinada sociedade. Do mesmo modo, o bilinguismo pode ser definido com o estado psicológico e social de indivíduos ou grupo de pessoas que resulta das interações via língua/linguagem no qual dois ou mais códigos linguísticos (incluindo dialetos) são utilizados para a comunicação. (p. 115)

De acordo com Cloud et al. (2000), estudos mostraram vantagens em alfabetizar crianças em um ensino bilíngue de forma efetiva, ainda que a língua dominante em seu dia a dia não seja a principal estudada na escola. Os autores defendem a ideia de que a alfabetização deva acontecer primeiramente em uma das línguas pois acreditam que as crianças não aprenderam eficientemente nenhuma das duas línguas se forem apresentadas simultaneamente e que se se dedicarem às duas línguas talvez outras áreas de conhecimento fiquem comprometidas. Os autores propõem que os alunos estudem muitos anos, escrevam e leiam na L1. Quando chegarem ao terceiro ano de instrução na L1, começam a aprender formalmente a escrita e a leitura da L2, porém a instrução na L1 deve continuar para obter um bom nível de competência linguística também nesse idioma. Contudo, Cloud et al. (2000) também acreditam que é possível que o ensino da escrita e leitura em duas línguas aconteçam simultaneamente e com eficácia. Todavia, por motivos previamente citados, recomendam que para isso, haja um bom planejamento, para que os professores possam garantir uma base sólida de conhecimento aos alunos referindo-se à leitura e a escrita em um idioma, antes que a instrução formal em um outro idioma aconteça.

Segundo pesquisa conduzida na Universidade York em Toronto, no Canadá, por outro lado, aponta que

um novo estudo com crianças educadas em ambientes bilíngues examinou os efeitos de crescer falando dois idiomas. Segundo o texto, apesar da aquisição dos diferentes idiomas ser mais lenta, as crianças bilíngues têm uma compreensão metalinguística melhor e mais profunda sobre a estrutura das línguas, uma ferramenta importante para a alfabetização durante o período do desenvolvimento infantil. (ESTADÃO, 2012. p. 01)

“O bilinguismo não aumenta a inteligência, mas exerce uma influência sobre a habilidade cognitiva”, assim afirma Elizabete Flory, psicóloga e doutora pelo Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP). Elizabete ainda acrescenta que para se obter uma vantagem cognitiva maior, os dois idiomas devem ser usados por toda a vida.

        De fato há fatores positivos e negativos ao aprender dois idiomas simultaneamente e também algumas controvérsias. Atualmente, com o surgimento e aumento significativo de novas escolas bilíngues, estão ocorrendo estudos e pesquisas mais profundas acerca do tema ainda pouco conhecido para que possamos desvendar os mistérios do bilinguismo.

2. Transferência de conhecimento de uma língua para outra

O processo de transposição (leitura e escrita da língua) é praticamente a última etapa deste processo. Para que o aluno escreva e leia, é necessário que a alfabetização básica em português tenha ocorrido. As regras de linguagem e fonemas compreendidos facilitarão a apresentação e a iniciação de outras regras de linguagem provenientes de outro idioma que poderão ser desenvolvidas com maior facilidade, já que se torna possível identificar a diferença entre um e outro dentro do processo ensino-aprendizagem. (LOUZADA, 2013, p. 01)

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