A EDUCAÇÃO INCLUSIVA E A SISTEMÁTICA DE INTERAÇÃO E INCLUSÃO DE ALUNOS COM NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM
Por: Claudiasp • 3/6/2021 • Trabalho acadêmico • 2.161 Palavras (9 Páginas) • 220 Visualizações
A EDUCAÇÃO INCLUSIVA E A SISTEMÁTICA DE INTERAÇÃO E INCLUSÃO DE ALUNOS COM NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM
Claudia Cristiane Silva Pereira[1],
[2]
Introdução
No Brasil, com a implementação da educação inclusiva, vem se discutindo com mais afinco como oferecer uma educação de qualidade e eficaz, afim de que todos os alunos se desenvolvam de forma plena. Na educação inclusiva, não há espaço segregação ou exclusão, todos devem conviver e aprender mutuamente. Para Beyer (1996), a pessoa com deficiência deve viver no mundo real, pois é nesse mundo que ela habita e está inserida. A inclusão proporciona ao aluno esta vivência no mundo real, cheio de alegrias e também frustrações e superações.
Segundo TONINE e COSTAS (2005),
O movimento em prol da escola inclusiva representa uma mudança radical na educação, pois irá favorecer a igualdade de oportunidades a todas as pessoas, uma educação mais personalizada que respeita a singularidade de cada aluno, uma melhoria da qualidade de ensino, a solidariedade e o respeito entre os alunos. A exclusão e segregação, diante desta proposta, irão perder, aos poucos, o lugar para uma escola que busca atender a todos os alunos, inclusive os que apresentam deficiência mental, e não mais a alguns.
Infelizmente, a inclusão tem sido para alguns professores um grande desafio e, em certos casos, impossível de vencer. Alegam não terem sido preparados para lidar com alunos com necessidades especiais, falta de tempo para qualificar-se, entre outros argumentos. Tais obstáculos têm prejudicado a relação entre aluno e professor, dificultando o desenvolvimento cognitivo deste aluno.
O papel social da escola inclusiva, segundo Beyer (2005, p.61), é “erigir em torno de si práticas de aceitação e acolhimento, tanto mais includentes quanto mais a sociedade gerar processos de exclusão.”
Com o objetivo de verificarmos como a educação inclusiva tem sido vivenciada na escola regular, nos propomos a realizarmos esta pesquisa.
A presente pesquisa analisou a relação professor/aluno em uma turma do 5º ano de uma escola municipal na cidade de Garanhuns - PE e a influência da afetividade no processo de aprendizagem, assim como as relações e interações entre alunos com necessidades educacionais especiais e os demais alunos da sala de aula.
Fundamentação teórica
A Constituição de 1988 em seu artigo 208 prevê o “atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino”. Com a promulgação da Lei nº 9.394/96, o atendimento especializado passa e ser destinado a um número ampliado de alunos, estabelecendo que seja oferecido aos alunos com necessidades especiais e não somente aos que possuem deficiência como na Constituição Federal. Segundo o Dicionário Interativo da Educação Brasileira – Educa Brasil (2001), “necessidades educacionais especiais são necessidades relacionadas aos alunos que apresentam elevada capacidade ou dificuldades de aprendizagem. Esses alunos não são, necessariamente, portadores[3] de deficiências, mas são aqueles que passam a ser especiais quando exigem respostas específicas adequadas.” (grifo nosso)
Como afirma Aranha (2003, p. 27), a “necessidade educacional especial está associada, portanto, a dificuldades de aprendizagem, não necessariamente vinculada a deficiência(s).”
A inclusão escolar desses alunos com necessidade educacional especial tem sido um desafio para a grande maioria dos professores na atualidade.
O professor é um mediador entre o conhecimento e o aluno. Como mediador precisa conhecer o seu aluno, suas limitações, assim como o seu potencial. Segundo Santos (2002, p.126), “para entender o indivíduo, primeiramente devemos entender as relações sociais nas e pelas quais ele se desenvolve.” Pois a interação social é responsável pelas respostas individuais do sujeito.
Ao professor, é de suma importância ter uma relação de confiança com seu aluno e, para isso, um relacionamento de afetividade deve existir afim de que a aprendizagem seja mais significativa. Para Luck (1983, p.23), “aumentando-se a intensidade de comportamentos do domínio afetivo, obtém-se diretamente maior intensidade de comportamento do domínio cognitivo”. Mattos (2008) afirma que no ambiente escolar a afetividade é o caminho para a inclusão e também é a mediadora para a aprendizagem de qualquer educando. Para Beyer (1996), os fatores afetivo-motivacionais podem influenciar os processos cognitivos de maneira positiva ou negativamente. Daí a necessidade de conhecer o aluno e suas necessidades. O professor precisa estar ciente do seu papel como educador e de quem é o seu aluno. Para Vygotsky (2003 apud ARANTES, 2003, p.18-19), “Quem separa o pensamento do afeto nega de antemão a possibilidade de estudar a influência inversa do pensamento no plano afetivo. [...] A vida emocional está conectada a outros processos psicológicos e ao desenvolvimento da consciência de um modo geral”.
Metodologia
A pesquisa realizada foi do tipo etnográfico, segundo André (1995), pois através da observação visamos descobrir novos conceitos, novas relações e novas formas de entendimento da realidade. Para a realização da presente pesquisa, adotamos uma abordagem qualitativa, pois analisamos os dados coletados à luz do aporte teórico.
A pesquisa foi realizada em uma escola Municipal na cidade de Garanhuns, com a turma do 5º ano. Os sujeitos da nossa pesquisa foram os alunos e a professora.
A professora possui graduação em Letras, pós-graduação em psicopedagogia e psicopedagogia clínica. Atua há 32 anos como professora e na referida escola está há dez anos.
A sala do 5º ano B possui 31 alunos. Destes, dois possuem deficiência, sendo um com baixa visão e outro autista. Possui ainda um aluno repetente e outro com vunerabilidade social.
Os instrumentos de pesquisa foram a observação, entrevista semiestruturada e registros fotográficos.
Realizamos cinco observações na escola, fazendo um total de dezesseis horas e quarenta minutos de observação.
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