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A TEORIA HISTÓRICO-CULTURAL NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Por:   •  12/2/2021  •  Projeto de pesquisa  •  4.227 Palavras (17 Páginas)  •  352 Visualizações

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TEORIA HISTÓRICO-CULTURAL NA EDUCAÇÃO INFANTIL: conversando com professoras e professores

Autores: Sinara Almeida da Costa - Suely Amaral Mello (Orgs.).

Apresentação

Uma teoria para orientar nosso pensar e agir docentes na educação infantil

Apresenta a teoria histórico-cultural acerca do desenvolvimento humano e suas implicações pedagógicas não apenas sob a forma de diretrizes que orientam a atividade docente, mas também discutindo as formas como essa teoria pode ser aplicada em práticas pedagógicas, contrariando, com isso, o ditado popular que afirma que "A teoria, na prática, é outra" e que desmerece a teoria.

A teoria se concretiza em práticas intencionais quando aplicados procedimentos que as concretizem, transformando a teoria através da reflexão sobre as implicações pedagógicas ao ser adotado ou criado práticas organizadas com base nelas, sintonizadas com as diretrizes que nascem dessa teoria e avaliadas sistematicamente com a intenção de aproximar, cada vez mais, o que se deseja daquilo e que de fato é realizado.

Importante lembrar que não há trabalho docente sem uma teoria que a fundamente.

Todos os atos como docente se orientam por uma concepção de ser humano, de desenvolvimento humano, por uma concepção de como as crianças aprendem, por uma concepção do papel da educação, do papel da educação escolar, do papel da escola, assim, todas as atitudes docentes frente às crianças expressão concepções de infância, de criança, nossa concepção de lugar que as crianças devem ocupar nos processos que levam à aprendizagem.

Tendo ao não consciência dessas concepções envolvidas nas escolhas que realizamos no processo educativo, estas constituem a teoria que orienta nosso pensar e agir na escola. Assim, não há prática pedagógica sem uma teoria pedagógica.

Não há, portanto, prática sem teoria, sem uma raiz teórico-filosófica que a fundamente, assim como não há teoria sem prática.

A perspectiva histórico-cultural de Lev Semionovich Vygotsky e seus seguidores é, declaradamente, o alicerce, a fonte inspiradora de todo o trabalho desta obra, como unidade teórico-prática.

Constituindo um trabalho em bases vygotskyanas, requer saber, no entanto, que educação não é sinônimo de escola, nem escola é sinônimo de educação. A educação acontece na vida, em múltiplos espaços em que existe o encontro de pessoas.

As pessoas se constituem, em seu mais profundo sentido de humanidade, por meio dessas relações, e todas contribuem pra o desenvolvimento humano, ainda que nem todas usufruam, e da mesma forma, desse desenvolvimento.

Esta obra apresenta aos professores da Educação Infantil uma concepção acerca do desenvolvimento humano na infância, isto é, sobre como se forma e se desenvolve a personalidade e a inteligência das crianças em uma perspectiva hitórico-cultural, a conhecer mais sobre o complexo processo de formação do que é humano em cada um de nós.

A concepção central de uma teoria pedagógica diz respeito a como concebemos o ser humano e seu desenvolvimento, sendo essencial definir como este conceito é entendido, ou seja, como concebemos o processo de humanização.

A criança nasce com o conjunto das características que são próprias dos seres humanos (como fala, o pensamento, a imaginação, o autocontrole da conduta, a memória, além das capacidades, habilidades e aptidões sob a forma de dons ou talentos) e à medida que cresce essas qualidades vão florescendo? ou entendemos que a criança nasce com apenas uma aptidão: a aptidão de formar aptidões a partir da experiência social que passa a viver desde que nasce? A resposta a essa questão define nossa concepção de criança e de infância; condiciona nossa necessidade de entender como as crianças aprendem e, a partir daí nos ajuda a definir o lugar da criança, da cultura e o nosso próprio lugar e papel como docentes de Educação Infantil nesse complexo processo de formação de aptidões.

Para a perspectiva histórico-cultural, como o próprio nome indica, somos seres históricos e culturais: aprendemos a ser seres humanos de um tempo e de uma cultura; formamos nossa inteligência e nossa personalidade ao longo da vida, enquanto aprendemos a usar os objetos da cultura criada ao longo da história pelos homens e mulheres que nos antecederam e também pelos homens e mulheres com quem convivemos. A biologia nos fundou, mas estamos hoje sujeitos a leis culturais, e, na cultura, somos um campo de possibilidades, de potências em termos de desenvolvimento, assim, a formação da inteligência e da personalidade é uma possibilidade, para acontecer, nosso desenvolvimento depende das experiências por nós vividas no seio da sociedade e com a cultura acumulada constituída pelos objetos materiais (como ferramentas, as casas e os livros) e os objetos não materiais (como peças de teatro, as músicas, as danças e a literatura), pelos hábitos e costumes, pela ciência e pelas técnicas, pela língua, pelas formas de pensar, enfim, por toda a criação humana.

Assim, cada nova geração tem como possibilidade ir além da geração anterior e esse movimento constitui a história humana, como afirma Leontiev (1978), por suas características, esse é um processo de educação, uma vez que apropriar-se de um objeto não significa inventar um uso para ele; apropriar-se de um objeto significa aprender a usá-lo de acordo com a função social para a qual ele foi criado; isso requer a orientação - intencional ou mesmo não intencional, quando apenas testemunhamos o uso de um objeto - de alguém que saiba utilizá-lo. Tendo este cenário ora exposto, na escola, os professores são esse outro que conhece e apresenta o mundo para as crianças, ainda que não exclusivamente, pois entre as próprias crianças vemos se estabelecer essa relação de troca e compartilhamento de conhecimento quando quem sabe ensina quem ainda não sabe. As próprias crianças, à medida que acumulam vivências, vão se tornando cada vez mais capazes de desvendar situações utilizando-se de conhecimentos anteriores. Para tudo isso acontecer na escola da infância, precisamos organizar as condições educativas com essa perspectiva.

Poddiakov (1987), refere-se ao autodesenvolvimento do pensamento aos escolares que se utilizam do que já é conhecido por eles para desvendar situações e objetos desconhecidos, pode ser da mesma forma observado com as crianças menores seja na atividade autônoma com objetos, seja na brincadeira de papéis sociais. Para isso, a criança precisa de tempo e esse tempo é possibilitado às crianças

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