O Pedagogo e as Práticas Inclusivas
Por: Wallacy Wagmacker • 14/11/2016 • Dissertação • 2.513 Palavras (11 Páginas) • 495 Visualizações
UNIVERSIDADE NORTE DO PARANÁ
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O PEDAGOGO E AS PRÁTICAS INCLUSIVAS
CIDADE
2015
INTRODUÇÃO
É fato sabido que as últimas décadas foram uma época de grande evolução na produção do conhecimento. Isso se deve, principalmente, ao desenvolvimento de várias inovações tecnológicas que facilitaram a globalização da informação. Atualmente é possível ter acesso aos acontecimentos de qualquer parte do mundo quase que instantaneamente, e nesse cenário de mudanças rápidas, a cidadania depende cada vez mais de uma educação institucionalizada atualizada e inclusiva. As relações da educação com a tecnolgia e sua influência na vida do homem moderno legam às contribuições, cada vez mais atuais e positivas, da teoria crítica estruturada de maneira competente pela Escola de Frankfurt. Educação e cidadania são conceitos que têm uma vasta tradição histórica e, apesar de eles conservarem alguns elementos fundamentais recorrentes em seus significados, as concepções sobre os mesmos variam de acordo com as características de tempo e lugar.
Assim sendo, uma primeira ideia que se salienta é a de que eles devem ser compreentendidos como processos de conquista, como construções permanentes e não meras noções puras e abstratas. Uma educação de qualidade para todos apresenta, entre outros elementos, a atribuição de novas condutas da escola no que consiste não apenas na aceitação, como também na valorização das diferenças. Sabe-se que se a educação é definida pela realidade em que se encontra, ao mesmo tempo ela colabora para determinar a constituição dessa mesma realidade. Nota-se que o discurso da inclusão dos portadores de necessidades especiais tem recebido cada vez mais espaço os debates midiáticos, no meio familiar, entre educadores, nos espaços sociais de maneira geral. O impulso da discussão que se estabeleceu em torno das PNEs, entretanto, não significa obrigatoriamente que os diversos setores da sociedade agem no sentido de inseri-los a si, todavia, aponta mudanças na maneira de se idealizar e representar a diferença.
O processo de ensino-aprendizagem ocorre em diferentes espaços nos quais a ação do educador é exigida. No entanto, faz-se necessária a presença de um profissional que esteja apto a lidar com a prática pedagógica em qualquer situação, indepentende de ser um ambiente escolar ou não. Por muito tempo, a prática pedagógica ficou restringida ao âmbito escolar, limitando a atuação do pedagogo apenas à docência. Mas conforme a revolução tecnológica alterou a sociedade capitalista e, por conseguinte, a forma de trabalho, surgiu a necessidade da assimilação de conhecimentos teóricos por parte dos trabalhadores, para então haver uma otimização da capacidade de raciocínio dos profissionais, para, futuramente, esse saber ser usado em benefício das empresas.
O presente trabalho é uma pesquisa bibliográfica, a coleta das informações foi realizada através do levantamento e análise de idéias diferentes trazidas por artigos e livros que tratam a temática apresentada. O objetivo é aproundar conhecimentos sobre os desafios contemporâneos vivenciados pelo pedagogo, assim como dar sentido e significado para a interdisciplinaridade dos conteúdos propostos.
O PEDAGOGO E AS PRÁTICAS INCLUSIVAS
Entende-se por inclusão o ato ou efeito de incluir. O conceito de educação inclusiva começou a ganhar uma maior notoriedade em 1994, com a Declaração de Salamanca. Em relação às escolas, a ideia é de que as crianças portadoras de necessidades educativas especiais sejam inseridas em escolas de ensino regular e, para isso, todo o sistema regular de ensino necessita ser revisto, a fim de atender as demandas individuais de todos os estudantes. Essa unificação defende o benefício de haver interação entre crianças, visando um desenvolvimento de ambas as partes, com igualdade de oportunidades para todos e respeito à diversidade humana e cultural.
O processo da inclusão escolar de portadores de necessidades especiais é tão antigo quanto o processo histórico de constituição da própria sociedade. Com o passar do tempo, a sociedade – em sentido geral – e a escola, especificamente, vêm se adaptando para incluir a todos os alunos em seus espaços. Começando na Antiguidade, nota-se que se evidencia a valorização da religiosidade e da mitologia como orientadoras de princípios. Estipulava‐se um ideal físico e mental para os indivíduos e essa definição de perfeição influenciou na maneira de lidar com pessoas deficientes. É o que afirma Pessotti (1984, p. 17):
A rigidez ética carregada da noção de culpa e responsabilidade pessoal conduziu a uma marcada intolerância cuja explicação última reside na visão pessimista do homem, entendido como uma besta demoníaca quando lhe venham a faltar a razão ou a ajuda divina.
Na Idade Média, a educação ainda era uma regalia para poucos. Esse período caracterizou‐se pela forte influência cristã e pelo privilégio dado ao clero e à nobreza. Era uma sociedade com uma concepção baseada no princípio do homem formado à imagem e semelhança de Deus, o que facilitava a exclusão daqueles que não fossem considerados normais ou perfeitos. Apenas na Idade Moderna é que a ideia de igualdade entre os homens foi considerada. Segundo Pessotti (1984) essa mudança ocorre com Revolução Francesa, que com seu ideal de igualdade, liberdade e fraternidade, representou o período denominado pelos historiadores como Iluminismo. Esse período trouxe uma nova concepção de homem e de sociedade, marcado pela racionalidade e a busca pela liberdade individual.
Já no início da década de 1960, houve um avanço no que diz respeito à educação, quando em 1961 a Lei de Diretrizes e Bases n° 4.024 destacou a matrícula de crianças excepcionais – como eram denominadas – no ensino regular, aconselhando as escolas que estivessem aptas, a ampliar o atendimento a essas crianças e, portanto, integrá‐las à sociedade. Além disso, uma experiência anterior também compôs o processo histórico que visava à educação dos alunos com deficiência no ensino regular, conforme é explicitado por Kassar (2005, p. 49):
A partir do inicio da república, a matrícula de crianças consideradas anormais passou a ocorrer de forma pontual em algumas classes especiais vinculadas a escolas públicas de modo que no final dos anos de 1920 existiam cerca de 15 classes especiais funcionando principalmente em escolas estaduais.
Foi a partir da década de 1980 que o debate sobre a educação inclusiva conquistou espaço na sociedade, pois se passou a construir uma nova proposta de inserção social das pessoas com deficiência, amplamente participativa, proposta que se mostra radicalmente diferenciada do processo excludente que vivenciaram durante séculos. A atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9394/96 (BRASIL, 1996), coloca, no artigo 58, que a educação especial é uma modalidade de educação escolar que deve ser oferecida aos educandos com deficiência, transtornos globais de desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação preferencialmente na rede regular de ensino, o que limita a possibilidade de que eles participem exclusivamente da educação especial de forma segregada dos demais alunos do ensino regular, tal como possibilitado no âmbito do paradigma da integração.
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