A Reabilitação Neuropsicológica: Desenvolvimento Histórico e Perspectivas Atuais
Por: carol.santanan • 5/4/2018 • Relatório de pesquisa • 2.974 Palavras (12 Páginas) • 390 Visualizações
1.0 Introdução:
O objeto de estudo da Neuropsicologia envolve as relações entre a complexa organização cerebral junto ao comportamento e cognição de um indivíduo. Portanto, o neuropsicólogo trabalha de forma a investigar relações entre as alterações observadas em um comportamento com possíveis áreas cerebrais envolvidas.
Desta forma, se caracteriza como uma atuação de investigação através da realização da avaliação neuropsicológica a qual se propõe a identificar, obter e proporcionar dados sobre os indivíduos com uso de testes e exercícios neuropsicológicos. O diagnóstico resultado da investigação tem por fim dar subsídios para o trabalho de prevenção e reabilitação.
Contudo, o principal objetivo desse trabalho é integrar teoria e prática por meio de pesquisas conceituais da Neuropsicologia e a prática da atuação neuropsicológica, através da descrição de um caso em investigação de um possível déficit de atenção e suas discussões propostas nas supervisões do estágio profissional, porém, ainda em atendimento até o momento da elaboração desse relatório.
3.0 Fundamentação teórica:
A Neuropsicologia é uma prática que une conhecimentos das neurociências e da psicologia para tratar distúrbios de comportamento e cognição decorrentes de alterações no sistema nervoso; atuando na avaliação e na reabilitação (Fuentes, 2008).
3.1 História da Neuropsicologia:
Antes do entendimento sobre as funções do cérebro, muitas hipóteses foram lançadas com o objetivo de descrever e explicar seu funcionamento:
- Hipótese cardíaca
Havia a crença que a existência da mente tinha relação com o coração. Essa hipótese tinha Aristóteles como seguidor.
- Hipótese ventricular
Se trata da crença de que haviam três ventrículos cerebrais nos quais circulavam fluidos ou espíritos que eram responsáveis pela sensação, razão e pensamento e memória. Essa hipótese tinha como seguidores Decartes e Galeno.
- Hipótese cerebral
Os Alcmcons se tratavam de opositores das hipóteses cardíaca e ventricular e começaram a postular o cérebro como a origem de todos os processos mentais; tendo a contribuição fundamental de Hipócrates e Galeno.
- Corrente ventricular x tecidual
Adreas Vesalius acrescentou que o que diferenciava o homem dos demais animais era o volume do tecido cerebral e não o tamanho dos ventrículos (Fuentes, 2008).
Thomas Willis desenvolvendo a ideia sobre a importância do cérebro, afirmou que a origem da formação de conceitos e da capacidade de movimento de um indivíduo estaria no cérebro e que a formação da imaginação se encontrava no corpo caloso. Portanto, a ciência moderna comprovou a veracidade das ideias trazidas pela corrente tecidual e o cérebro foi então considerado o órgão responsável pelos processos mentais o que gerou o debate sobre as funções cerebrais que se dividiam em: Hipótese Holista ou Localizacionista:
- Holista
Corrente que acreditava que o funcionamento do cérebro não possui especificidade regional, e sim, se configura nele como um todo.
- Localizacionista
Corrente que acreditava num funcionamento cerebral de forma fragmentada e cada região seria responsável por uma função mental (Fuentes, 2008).
Franz Joseph Gall (1757 – 1828) era localizacionista e desenvolveu uma teoria denominada organologia e que posteriormente foi chamada de frenologia e difundida por Johann Gaspar Spurzheim (1776 – 1832). Assim, a frenologia considerava que o cérebro tinha “órgãos” e cada um deles era responsável por uma função mental ou comportamento específico. Além disso, segundo a teoria, a superfície craniana é moldada através do desenvolvimento de regiões do cérebro. Portanto, acreditava-se que, ao analisar a superfície de um crânio, seria possível saber se uma função mental é desenvolvida ou não. Contudo, após o estudo de mais de centenas de crânios, atribuíram mais de 35 diferentes “órgãos” ao cérebro. Dentre eles, destacava-se áreas compartilhadas por humanos e os demais animais. Porém, a teoria foi eliminada pela comunidade científica por apresentar falhas em todas as hipóteses (Fuentes, 2008).
O fisiologista Pierre Flourens (1794 – 1867) explicou que a área da lesão não era relevante, e sim, a quantidade de material cerebral lesionado. Segundo ele, qualquer área do cérebro poderia assumir uma função de uma outra área prejudicada (Fuentes, 2008).
O início da Neuropsicologia foi marcado por Broca (1861) com a demonstração da relação de uma lesão particular cerebral e uma alteração de função específica.Paul Broca (1824 – 1880) apresentou à sociedade Parisiense entre os anos 1861 e 1863 pacientes com lesões nos lobos frontais do hemisfério esquerdo, que comprometia a produção da fala e a preservação da linguagem, a essa síndrome, deu o nome de Afasia de Broca; pois a área da lesão foi denominada Área de Broca, conhecida como o centro funcional da linguagem (Fuentes, 2008).
O neurologista Carl Wernicke (1848 – 1904) descreveu casos de pacientes que também apresentavam um comprometimento igual aos da Afasia de Broca, porém, mas as lesões eram diferentes, aparecendo no córtex temporal do hemisfério esquerdo. Assim, houve uma distinção que gerou uma nova síndrome: a Afasia de Wernicke.Além disso, Wernicke postulou a ideia de uma síndrome denominada de afasia de condução, originada por lesões no fascículo arqueado, responsável pelas áreas de Broca e Wernicke; pois observou que havia casos que o comprometimento das funções cerebrais ocorria por lesões em conexões entre regiões cerebrais diferentes (Fuentes, 2008).
Walter Hess (1881 – 1973) propôs a ideia de que diferentes atividades dependem de uma organização cerebral e não há um “centro nervoso”. Assim, uma atividade mais complexa dependeria de um número maior de estruturas para intervir no processo (Fuentes, 2008).
Assim, a partir de estudos de James Papez e Paul Maclean, concluía-se a ideia sobre a existência de um conjunto de estruturas cerebrais interconectadas importantes para o processamento das funções emocionais e a integração com a vida em relação(Fuentes, 2008).
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