O CORPO NA SOCIEDADE: TATUAGEM
Por: Dona Onça • 7/12/2017 • Trabalho acadêmico • 1.649 Palavras (7 Páginas) • 466 Visualizações
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SANTOS
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS
APLICADAS A SAÚDE
CURSO DE PSICOLOGIA
GABRIELA ALVES DE SÁ
LUIZ HENRIQUE A S FERREIRA
YVES M URA
CORPO NA SOCIEDADE: TATUAGEM
SANTOS
2017
GABRIELA ALVES DE SÁ
LUIZ HENRIQUE A S FERREIRA YVES M URA
CORPO NA SOCIEDADE: TATUAGEM
Trabalho apresentado no Fundamento Antropológico para Psicologia II como requisito parcial para aprovação.
SANTOS
2017
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO04
2 ORIGEM DA TATUAGEM05
3 TATUAGEM NA PSICOLOGIA06
4 ASPECTO CULTURA07
5 MÍDIA08
6 CONSEQUÊNCIAS09
7 CONCLUSÃO10
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 11
- INTRODUÇÃO
O presente trabalho aborda práticas de modificação corporal na sociedade, sendo a pele a principal parte do corpo para alcançar a mudança, pode-se identificar que sempre estiveram presentes em diversas culturas, envolvendo crenças, prazer e passagens, ou seja, manipulando o corpo à nossa imagem. Através desse tipo de alteração corporal, é possível determinar o que representamos, quebrando conceitos e nos moldando.
- ORIGEM DA TATUAGEM
“Considerada uma prática milenar, há indícios que a tatuagem é usada para marcar os corpos desde os tempos da pré-história. Para os homens das cavernas, as cicatrizes eram representações de coragem, e marcavam momentos da vida biológica ou social, nascimento, adolescência, rito de tornar-se guerreiro, casamento.” (MELO, 2007,p.9)
Evidências da história e da antropologia revelam que as práticas de modificação corporal não são em sua maioria recentes, estando presentes em diversas culturas e trazem a pele como principal parte do corpo para carregar essas inscrições. Muitos povos utilizavam e ainda utilizam tatuagens para determinar ritos de passagem, status sociais, ornamentos estéticos, religiosos e entre diversas interpretações inerentes a cada cultura.
O registro mais antigo de uma tatuagem foi descoberto no séc. XX, no cadáver de um homem da Idade do Cobre. Os restos mortais do homem, que foi apelidado pelos cientistas de “Otzi”, datam de 3.300 AC. Em seu corpo foram encontradas diversas linhas na região das costas, tornozelos, punhos, joelhos e pés. Técnicas semelhantes de desenhos corporais podem ser observadas em um povo nativo originário da Nova Zelândia (Maoris), que utilizavam a tatuagem como sistema de hierarquia, ou seja, quanto maior o número de pinturas em seu corpo, maior seria sua posição social na tribo.
No Japão, indícios de tatuagem existem desde 5 AC, sendo utilizada para o embelezamento do corpo ou para marcar criminosos, chegando a ser proibida no séc. XIX, fazendo com que os tatuadores passassem a atender ilegalmente, dando origem a desenhos únicos, usando uma técnica rudimentar, chamada “tebori”, que são artes reconhecidas tipicamente japonesas na atualidade. Por outro lado, os romanos utilizavam insígnias de honra tatuadas na pele, sendo reconhecidos como sinônimo de guerreiros vitoriosos, como consequência, o povo admirava a bravura dos guerreiros e em pouco tempo começaram a gravar suas próprias marcas. No entanto, os soldados de Jerusalém utilizavam as técnicas de desenho como método de identificação, ou seja, o soldado que portasse em seu peito uma cruz teria um velório propriamente religioso.
- TATUAGEM NA PSICOLOGIA
“A cultura está constantemente nos tentando com fantasias de singularidade e heroísmo.” Kirby Farrel (2015)
A tatuagem, cujo forma de expressão corporal, possui um poder na psique humana que é inconsciente. De acordo com Kirby Farrell, doutor em psicologia e professor na Universidade de Massachusetts, a tatuagem preenche o “apetite em ser diferente”, seja destacando um determinado valor para si mesmo, ou em busca de pertencer-se a um grupo. Pela função de erotização, a tatuagem dá ao corpo algo inapreensível, conferindo, ao mesmo tempo, erotismo a seu funcionamento corporal, ou seja, tatuar é uma expressão da nossa vaidade, orgulho próprio, uma reafirmação de nossos próprios valores.
Em contrapartida, o psicólogo Viren Swami da Universidade de Westminster, acredita que a tatuagem é algo comum em vários tipos de personalidades, sendo um erro associar determinados traços como rebeldia, narcisismo, etc. Após anos de pesquisa, Swami chegou na própria conclusão que o indivíduo que se tatua está em busca da autenticidade, querendo se tornar único, como o mesmo diz: “Ser igual, mas sendo diferente”.
Referindo-se ao ato pulsional de tatuar, Lacan constrói uma metáfora da pulsão como um escravo mensageiro, do tempo antigo, que leva uma mensagem que lhe foi tatuada no couro cabeludo enquanto ele dormia, sem que soubesse, sendo que ele desconhece o texto, e mesmo que o condena à morte, quando chegar a seu destino. Com essa metáfora, Lacan indica-nos um elo da pulsão com a tatuagem, concluindo que apesar de expressarem materialidade, a tatuagem marca-se a ligação entre olhar e decifrar.
- ASPECTO CULTURAL
“à emergência da sociedade do espetáculo. Preocupado em examinar a sociedade de consumo de massas nos seus aspectos culturais, o autor assinala a existência da separação e afastamento do mundo da vida em imagens, na direção da criação e crescente autonomização do "mundo das imagens", ou, em outros termos, a passagem do controle da imagem pelo homem para o controle da imagem sobre o homem.” Guy Debord (1997)
Entende-se que, a tatuagem ao quebrar os conceitos de marginalização adquiri força e entra no modismo, na moda contemporânea de se “vestir” conforme gostos e estilos. Ou seja, cada vez mais jovens entram em variados grupos de identificação, por estética, prazer ou diferenciação. Somos seres primitivos em busca de destaque num mundo onde tudo se transforma, como consequência, o corpo rege a matéria, se aliando à moda e aos adeptos ao individualismo da imagem e às práticas do prazer, visando a busca da satisfação do desejo.
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