A COMPOSIÇÃO E VALOR NUTRICIONAL
Por: Tatiane Gonçalves • 12/5/2020 • Trabalho acadêmico • 4.462 Palavras (18 Páginas) • 247 Visualizações
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1- COMPOSIÇÃO E VALOR NUTRICIONAL
Dentre os diversos frutos nativos do cerrado, destaca-se o pequi (Caryocar brasiliense Camb.), cuja a rede de comercio e bem estabelecida nos estados da região centro-oeste do brasil. O pequi possui uma polpa com sabor peculiar muito apreciada na culinária regional. Além disso, o pequi tem sido alvo de indústrias de cosméticos, pelo seu alto teor de composição em lipídios (PIANOVSKI et al.,2008; RIBEIRO, 2000; SILVA; TASSARA, 2001).
Além do potencial gastronômico e tecnológico, os frutos regionais podem ser fonte de compostos bioativos importantes para a saúde, especialmente aqueles que sequestram os radicais livres e as espécies reativas de oxigênio e consequentemente contribui para a redução do risco de desenvolvimento de doenças e agravos não- transmissíveis. Este efeito protetor se da por causa da presença de compostos antioxidantes, como fenólicos e carotenoides ( LIMA; et al., 2004; PEREIRA; VIDAL; CONSTANT, 2009; RAO, RAO; 2007; TEMPLE, 2000).
A polpa do pequi possui alto valor nutricional, sobretudo pelos teores elevados de lipídios e fibras alimentares, bem como de compostos fenólicos e carotenoides totais, superiores aos constatados em diversas frutas brasileiras (LIMA et al., 2007; ROSSO; MERCADANTE, 2007). Contudo, pesquisas sobre o perfil lipídico e a composição em carotenoides e em óleos essenciais da polpa de pequi são escassas. Além disso, os estudos disponíveis são limitados quanto à amostragem, que se restringe a frutos coletados em uma única área de Cerrado, ou mesmo procedentes de uma única planta (LIMA et al., 2007; MARIANO et al., 2009). A estratificação da amostra de frutos nativos é fundamental para a obtenção de resultados mais representativos, uma vez que estudos com pequi têm mostrado uma grande variabilidade nas características físicas e químicas dos frutos, intra e interpopulações do Cerrado (RAMOS; SOUZA, 2011; VERA et al., 2005; 2007)
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O pequi é rico em nutrientes, apresentando alto valor nutricional. O tornando um ótimo agregante para temperos.
A polpa de pequi apresenta teor elevado de lipídios (33,4 g.100-1), e caratenoides(7,25 mg. 100g-1)(LIMA et al., 2007).O perfil de ácidos graxos da polpa de pequi é composto predominantemente por ácidos graxos insaturados (61%), especialmente o ácido aléico. Destaca-se ainda,que esta porção comestível do pequi possui conteúdo considerável de fibras alimentares __ cerca de 10% (LIMA et al.,2007; OLIVEIRA,et al ., 2010).
A massa do mesocarpo externo (casca) corresponde em média geral (aproximadamente 130 g), quanto ao rendimento, o mesocarpo externo representa cerca de 80% da massa de pequi. As polpas de pequi normalmente apresentam alto teor de umidade (46 a 51 g 100 g-1 de massa fresca), o que, para as agroindústrias, constitui uma informação importante para a conservação de produtos derivados, por serem mais suscetíveis ao desenvolvimento microbiológico.
Em relação ao conteúdo de lipídios, todos os teores médios giram em torno de 33,40 g 100 g- a 20,02 g 100 g-1. Destaca-se, porém, que os altos teores de umidade e lipídios tornam a polpa de pequi bastante propícia às deteriorações microbiológicas e oxidativas, com influência direta nas características químicas e sensoriais dos frutos. Em contrapartida, os altos teores de lipídios da polpa de pequi têm grande importância econômica, tanto para as populações locais, que comercializam o óleo em sua forma in natura ou como substituto da margarina, quanto para as agroindústrias, que utilizam o óleo de pequi na formulação de produtos cosméticos (ARAÚJO, 1995).
O fruto apresenta elevados teores de fibra alimentar total (8 a 15 g 100 g-1), especialmente de fibra insolúvel. Altos teores de fibras nos alimentos são desejáveis devido aos seus efeitos benéficos no organismo, sobretudo reduzindo a absorção de macronutrientes, como o colesterol, pelo aumento da viscosidade do conteúdo luminal e alteração do tempo de trânsito intestinal (KACZMARCZYK et al., 2012)
2.2- COMPOSIÇÃO DO PEQUI
2.2.1. Polpa
Em resumo A polpa do fruto, parte mais importante em termos de utilização, possui teores médios de vitamina C em torno de 72,27 mg/100 g (SANO e ALMEIDA, 1998). Este valor é superior aos encontrados em frutos cítricos como a laranja-da-bahia (47,0 mg), o limão-galego (11,8 mg), a tangerina (46,8 mg) (FRANCO, 1992). Com relação ao teor de óleo, os valores relatados por Marx et al. (1997) para o C. villosum (31,1%) foram superiores aos contidos no abacate (16,0%), babaçu (19,50%) e amendoim cru (48,46%) (FRANCO, 1992). Em relação às proteínas, os teores encontrados por Ferreira et al. (1988) e Oliveira (1988), variam de 6,71% a 13,5% superiores aos encontrados no abacate que é, em média, 1,80% (FRANCO, 1992). A porcentagem de cinzas, determinada por Ferreira et al. (1988) foi de 2%, enquanto na amêndoa 5%, indicando que os minerais se concentram nessa parte do fruto.
Na amêndoa, o teor de proteína varia de 24 % a 54% e no óleo, de 42,2% a 47% (FERREIRA et al., 1988; OLIVEIRA, 1988). Como os minerais são encontrados mais na amêndoa do que na polpa, é importante a atenção em termos de seu aproveitamento na nutrição humana.
Os consumidores têm conhecimento do sabor do pequi na alimentação, mas a sua importância nutricional, ainda, é desconhecida. Na Tabela 4, são apresentados alguns valores para as vitaminas C, B1, B2 e próvitamina A, niacina e caroteno da polpa, segundo diversos autores.
A polpa apresenta elevado valor energético (290 a 330 kcal 100 g-1). Contudo, os valores calóricos das polpas de pequi são superiores aos de diversas frutas nativas do Cerrado brasileiro, como araçá (37,09 kcal 100 g-1), araticum (90,47 kcal 100 g-1), cagaita (20,01 kcal 100 g-1), caju-do-cerrado (38,27 kcal 100 g-1), mangaba (66,21 kcal 100 g-1), murici (46,43 kcal 100 g-1) e pitomba (56,35 kcal 100 g-1) (SILVA et al., 2008). Assim sendo, os frutos de pequi podem contribuir de forma significativa com o aporte calórico das populações que consumirem a polpa de pequi. Nesse sentido, cerca de 60 g de polpa de pequi (correspondente a 7-8 pirênios, conforme dados da Tabela 1) fornecem em torno de 10% das calorias necessárias para um indivíduo adulto, considerando uma dieta com aproximadamente 2.000 kcal/dia.
O fruto não é consumido in natura, sendo o seu consumo direto na culinária, cozido com frango ou com arroz. Especificamente, na Região Sul do Ceará também é cozido com feijão e na forma de farofa. A polpa é utilizada na produção de geléias, doces, ração para porcos e galinhas e obtenção do óleo. Da polpa fermentada é produzido um tipo de licor bastante conhecido e apreciado em algumas regiões do País. Na tentativa de dispor do fruto na entressafra, algumas cooperativas do Norte de Minas, assessoram produtores em processos de produção, beneficiamento e comercialização de diversos produtos, tais como polpa congelada e diversos tipos de pequi em conserva (OURO..., 2006). Com ações dessa natureza consegue-se agregar cerca de 50% do valor em relação ao produto in natura (COOPERATIVA..., 2006).
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