Curso de especialização Lato Sensu em Ensino de Histórias e Culturas
Por: Flávia Rebello • 6/5/2020 • Ensaio • 696 Palavras (3 Páginas) • 226 Visualizações
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Curso de especialização Lato Sensu em Ensino de Histórias e Culturas
Africanas e Afro-brasileira
Disciplina: História II
Professora: Janaína Oliveira
Estudante: Flavia Rebello
Filme: The Square – Egito, 2012 – Direção JehaneNoujaim
O filme The Square vem, em forma de documentário, relatar as manifestações que ocorreram no Egito a partir de 2011, quando várias pessoas foram para as ruas e dominaram a praça Tharir com o objetivo de retirar do poder o presidente Mubarak. Essa obra demonstra que o Egito se tornou um palco de profundas mudanças. Logo depois que o Presidente Mubarak deixa o poder, as transformações na sociedade e na política egípcia não cessam, muito pelo contrário. São apresentadas cenas de conflitos (atropelamentos, torturas, violência) entre o exército, que assume o poder, e os manifestantes. Essas cenas (reais), evidenciam o sofrimento sentido pelo povo ao perder seus ente queridos, mesmo que eles sejam reconhecidos como mártires de guerra. Um exemplo desse ponto é quando, no início do filme, o presidente, no seu discurso, chama os jovens como filhos e diz que eles serão os primeiros a sofrer.
A cumplicidade entre os povos de diferentes culturas também é mostrado no filme quando a irmandade mulçumana se iguala aos cristãos na praça. No entanto, esse clima apaziguador não permanece até o final do filme devido a chegada ao poder de Mohamed Murci, eleito pelos mulçumanos e autor de uma constituição que lhe dava direitos maiores que o presidente Mubarak. Essa tensão é evidenciada entre as pessoas que estão presentes na praça e que deixam de se ver como iguais (apenas egípcios lutando pela mesma causa) e colocam como prioridade aspectos religiosos.
Um ponto que merece destaque é o movimento que a praça tem. Ela se modifica. Não no aspecto físico, mas no domínio do poder. A praça, em alguns momentos, se torna a maior arma do governo, que ao dominá-la demonstra nas mãos de quem está todo o domínio.
A condição das redes sociais não pode ser deixada de lado, pois os personagens do filme colocam a necessidade de apresentar para o mundo o que estava acontecendo no Egito, já que essas notícias não estavam sendo divulgadas pelas redes nacionais. A diretora no filme se preocupa em repetir isso inúmeras vezes e evidencia o quanto é essencial que o mundo entenda tais acontecimentos. Em todas as vezes que o exército tem o seu lado mostrado, fica evidente que “eles não estão fazendo nada mais do que a própria obrigação”, mesmo tendo recebido a confiança de grande parte dos manifestantes, é visível que nada mudou.
Para uma leitura rápida, o filme é contado a partir do olhar de três egípcios, sendo dois deles jovens, sem ligação religiosa e um senhor que pertence à irmandade mulçumana, mas não demonstra qualquer relação radical aos acontecimentos, inclusive se declara vítima de todo o processo ditatorial. Esses três personagens enlaçam toda a trama do filme ao demonstrarem as tensões políticas e sociais desse período.
Em certo momento, existe um questionamento sobre o conceito de liberdade ao afirmarem que “os pobres precisam de liberdade, mas os ricos já a tem”. E essas pessoas, que queriam a liberdade daquele regime ditador é que tentam o domínio da praça. Afinal, a morte de várias pessoas não parecia modificar o que estavam acontecendo.
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