Resenha Crítica: Documentário Carne e Osso
Por: Priscila Meirelles • 10/10/2018 • Resenha • 1.033 Palavras (5 Páginas) • 659 Visualizações
ERGONOMIA E SEGURANÇA DO TRABALHO
Resenha crítica: Documentário Carne e Osso
O documentário Carne e Osso nos mostra o dia-a-dia dos trabalhadores nos frigoríficos de manipulação de carnes (aves, bovinos e suínos) do Brasil. Fala das experiências dos trabalhadores, que trabalham sob pressão, vulneráveis, lidando diretamente com risco, com dores, doenças e a falta de consideração de seus empregadores. É visível que a segurança e a saúde dos funcionários não têm importância nenhuma para as organizações, visto que, caso algum funcionário apresente sinais de doenças ou alguma ameaça para a produção, poderá ser mandado embora imediatamente. Nessas empresas o foco é apenas produzir, independente de qualquer coisa. Os funcionários têm restrições, como não poder ir ao banheiro mais de duas vezes ao dia, descansar e até mesmo dialogar entre si.
Os funcionários são obrigados a realizar tarefas repetitivas, como desossar frangos e, tais movimentos são feitos de forma mais rápida possível, sendo guiados pelo ritmo das esteiras - fazendo com que o homem se adapte às máquinas. Essa rotina e os movimentos, com o passar do tempo podem trazer complicações na saúde, gerando graves lesões, tendinite, dores musculares, doenças e problemas psicológicos, como dito em alguns depoimentos (emocionantes) no documentário e isso é prejudicial ao trabalhador, sendo que os médicos das empresas simplesmente fingem que não vêem o problema, são negligentes, chegando ao ponto de ser irreversível. Segundo os funcionários, as organizações apenas demitem a pessoa que aparenta estar doente e contratam outra. Devido à essa atitude, muitos trabalhadores vão ao médico, reclamando de dores e não levam o atestado, trabalhando com dores constantes, por medo de perder seu emprego - que muitas das vezes é seu sustento dentro de casa. E o maior problema é que, apresentando problemas de saúde, outras empresas não querem contratá-los, restando a única opção para essas pessoas, humildes, seja o trabalho informal.
Em 19 de abril de 2013 foi publicada no Diário Oficial da União a Portaria nº555, de 18 de abril de 2013, aprovando a Norma Regulamentadora nº36 - Segurança e Saúde no Trabalho em Empresas de Abate e Processamento de Carnes e Derivados. Tal NR tem como objetivo estabelecer requisitos mínimos para a avaliação, controle e monitoramento dos riscos existentes nas atividades desenvolvidas na indústria de abate e processamento de carnes e derivados destinados ao consumo humano, de forma a garantir permanentemente a segurança, a saúde e a qualidade de vida no trabalho, sem prejuízo da observância do disposto nas demais Normas Regulamentadoras - NR do Ministério do Trabalho e Emprego. A NR-36 foi assinada pelo ministro do Trabalho e Emprego Manoel Dias e tem prazo de até seis meses para que as mudanças entrem em vigor, com exceção de alguns itens que demandam mais tempo, como intervenções estruturais (12 meses) e alterações nas instalações das empresas (24 meses).
Após análise do documentário e leitura da NR-36, foi possível fazer algumas observações quanto às irregularidades das empresas: os funcionários estão sempre na mesma posição, não há alternância do trabalho sentado com o trabalho em pé; aparentemente os mesmos não mantêm uma boa postura frente à esteira; as dimensões dos espaços não são suficientes, como disse no documentário, as empresas não têm estrutura e nem quantidade de funcionários necessários para o tamanho da produção; não há zonas de alcance vertical e horizontal que favoreça o trabalhador (por isso os problemas de saúde), não tem barras de apoio para os pés para alternância e muito menos assentos ou bancos próximo ao local para descanso; em alguns lugares há o risco de escorregar, pois não há o escoamento necessário da água e resíduos, limpeza e higienização constantes; muitas das vezes o funcionário deve utilizar sua força física para
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